Recentemente o Michelson Borges lançou o artigo Quem pode eticamente publicar livros de Ellen White. O artigo contêm um trecho de EGW dizendo “Tenho medo de qualquer plano que tire o trabalho das mãos de nossas editoras, pois isso pode diminuir a confiança de nossos irmãos nessas importantes agências para a disseminação da verdade presente”. Carta 70 de 1907
Traduzimos a carta em sua íntegra para vocês abaixo, para que o contexto fique bem evidente. Nesta altura as editoras denominacionais estavam numa fase boa em sua relação com a mensageira do Senhor, não estavam retendo nenhum livro dela, e quase já não faziam trabalhos comerciais não-adventistas, como foi orientado. É importante frisar isso. Esse é o plano A, que a igreja faça o trabalho sem segurar nada e não seja necessário fazer por fora. Concordamos nesse ponto. Abaixo a carta inteira, a ênfase é nossa.
Carta 70, 1907 Haskell, S. N. Sta. Helena, California 26 de Fevereiro de 1907 Esta carta está publicada na íntegra em Manuscript Releases 168-170. Ao Ancião S. N. Haskell, Rua 25 nº 575, Oakland.
Caro Irmão: O irmão Walter Harper esteve conversando comigo sobre a necessidade de um maior esforço para a venda dos meus livros, e especialmente “A Grande Controvérsia” (O Grande Conflito) e Patriarcas e Profetas. Encorajei-o a fazer tudo o que ele pudesse para impulsionar a venda destes livros, e eu disse a ele que se as casas publicadoras não mantivessem o fornecimento dos meus livros, eu os forneceria. Mas ao considerar o assunto vejo que no presente, quando tanta coisa tem sido dita contra organização, devemos ser cautelosos para não trabalhas para desorganização. Não devemos sair da linha. Temo considerar qualquer plano que tirasse a obra das mãos das nossas casas publicadoras; pois isto poderia diminuir a credibilidade dos nossos irmãos nestas importantes agências para a disseminação da verdade presente. {1MR 168.5} {Carta 70-1907.1}
Creio que ao vender seus livros você quer apenas fazer o que é correto. Creio que o Senhor te guiará com o Seu conselho. Sobre meus livros, sinto que não devo toma-los em minhas próprias mãos, enfraquecendo assim a obra de publicações. Não seria sábio da minha agir de modo a parecer que eu não tivesse convicção em nossas principais casas publicadoras. Devemos fazer todas as coisas de maneira justa. Não devemos debilitar os corações e mãos daqueles de quem esperamos tanto. {1MR 169.1} {Carta 70-1907.2}
Anos atrás, quando estive em Battle Creek, eu estava angustiadíssima de que “A Grande Controvérsia” (O Grande Conflito) ficasse inerte na estante. Por dois anos ele foi retido para que o livro Estudos Bíblicos (Bible Readings for the Home Circle) pudesse ter mais atenção. Nada do que eu disse alterou a linha de ação daqueles que controlavam as ações de campanha de vendas. Trataram-me como se eu fosse criança. Se naquele momento eu tivesse apelado às pessoas, pedindo agentes que trabalhassem meus livros, e prometendo fornecê-los, isto estaria na ordem do Senhor; mas agora as coisas mudaram. Não há uma determinação intencional de reter os livros que são da maior importância. Planejamos lançar muitos livros, e para os pioneiros em nossa obra, não seria sábio tomar qualquer atitude que criasse confusão. Não devemos trazer nenhuma desaprovação sobre as nossas casas publicadoras neste período crítico de suas experiênicas. {1MR 169.2} {Carta 70-1907.3}
Aconselhamos à Pacific Press a desistir do trabalho comercial. Isto foi feito. A Review and Herald também está doando suas principais energias ao nosso próprio trabalho. A editora de Nashville está fazendo menos trabalho externo e está concentrando esforços para assegurar bons agentes e vender nossos livros denominacionais. Tomar meus livros em minhas próprias mãos agora traria grande provação sobre esta obra, e eu não devo fazê-lo. Deixarei o trabalho prosseguir como tem sido. Devemos avançar juntos e não dar passos que tragam confusão à nossa obra de publicações. {1MR 169.3} {Carta 70-1907.4}
Você pode fazer o que achar melhor; mas concluí que os meus livros sejam trabalhados exatamente como foram no passado. Encorajarei nossos irmãos que os espalhem como as folhas de outono, mas deixarei meus livros serem trabalhados pelas casas publicadoras e que se preparem para maiores vendas no futuro. {1MR 170.1} {Carta 70-1907.5}
O pastor Tércio Sarli, que foi alto oficial da União Central Brasileira, publicou um livro de EGW de forma independente, chamado Paulo, Apóstolo da Fé e da Coragem. Nome sugestivo. Teria ele agido de má fé também? TERCIO SARLI EDICOES CERTEZA EDITORIAL CNPJ 06.262.706/0001-08.
Se a igreja no Brasil estivesse fazendo impactos com o Grande Conflito na íntegra, não haveria necessidade de o IAGE fazer o mesmo. Se a igreja no Brasil tivesse publicado a Bíblia White em vez da Bíblia Andrews, também não haveria a situação atual. Tão simples assim. Mas quando a denominação começa a reter, a controlar, a processar quem publica, o desagrado do Senhor certamente repousará sobre ela. É compreensível que um funcionário de editora, como é o caso do Michelson Borges, afirme que é eticamente errado outros também publicarem livros de EGW. Mas se ficarmos policiando nossos irmãos quanto o que é eticamente adequado, o que é politicamente correto, jamais terminaremos a obra.