A Restauração das Tribos de Israel
por Daniel Silveira
Antes de mais nada, quero deixar claro que sim, sabemos e aceitamos que a nação de Israel foi rejeitada por Deus como povo, após matar o Filho de Deus e apedrejar Estêvão no ano 34. A oliveira natural foi cortada (Rm 11) para que os ramos de oliveira brava (gentios) pudessem ser enxertados.
Porém há uma citação surpreendente que indica uma missão especial de israelitas literais:
EGW Às dez tribos, desde muito, rebeldes e impenitentes, não foi dada nenhuma promessa de completa restauração de seu anterior domínio na Palestina. Até o fim do tempo eles deviam ser “errantes entre as nações”. Mas por intermédio de Oséias foi dada uma profecia que punha perante eles o privilégio de ter uma parte na restauração final que deve ser feita para o povo de Deus no fim da história da Terra, quando Cristo aparecerá como Rei dos reis e Senhor dos senhores. “Por muitos dias”, o profeta declarou, as dez tribos deviam ficar “sem rei, e sem príncipe, e sem sacrifício, e sem estátua, e sem éfode ou terafim”. “Depois”, continuou o profeta, “tornarão os filhos de Israel, e buscarão ao Senhor seu Deus, e a Davi, seu rei; e temerão ao Senhor, e a Sua bondade, no fim dos dias”. Oséias 3:4, 5. PR 153.4
Com efeito, os cento e quarenta e quatro mil há doze mil de doze tribos de Jacó (Ap 7:4-8). Poderia ser que as bases desse grupo seleto estariam em israelitas literais, e outros, não-israelitas, vindo a se enquadrar em uma dessas tribos?
EGW Haverá muitos conversos entre os judeus, e esses conversos ajudarão a preparar o caminho do Senhor, e fazer no deserto caminho direto para nosso Deus. Judeus conversos hão de ter parte importante a desempenhar nos grandes preparativos a serem feitos no futuro para receber a Cristo, nosso Príncipe. Nascerá uma nação em um dia [Is 66:8]. Como? Por homens que Deus designou se converterem à verdade. Ver-se-á “primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga”. Cumprir-se-ão as predições da profecia. Ev 579.1
Isaías 66, citado acima, mostra dois ajuntamentos. O segundo é o ajuntamento do alto clamor (v. 19-21). Mas os versos 8-14 mostram a nação que nasce em um só dia, e conforme o texto acima, é composta, pelo menos em parte, de judeus conversos.
Onde seria essa reunião, em que local? Bem, segundo os profetas que viveram antes de Cristo ser morto e da rejeição de Israel como povo escolhido, o local natural é a capital, Jerusalém. Mas agora não pode mais ser esse “plano A”, veja:
EGW A cidade de Jerusalém não é mais um lugar sagrado. A maldição de Deus está sobre ele por causa da rejeição de Cristo, a crucificação do Filho unigênito de Deus. A mais negra mancha de culpa está sobre Jerusalém, e nunca mais será um lugar sagrado até que seja purificada pelo fogo purificador do céu. Quando esta terra amaldiçoada pelo pecado for purificada de toda mancha de pecado, Cristo estará novamente no Monte das Oliveiras; e à medida que Seus pés pousarem sobre ela, ela se dividirá e se tornará uma grande planície, preparada para a cidade de Deus. Lt 100, 1895, par. 2
Com isso em mente, leiamos o capítulo 13 de 2 Esdras. Nele, se descreve a destruição de inimigos de Deus e a reunião das dez tribos de Israel, e sua viagem a um lugar distante para aprenderem a guardar corretamente a lei de Jeová:
Sonho do homem que sai do mar
13.1 E aconteceu que depois de sete dias, tive um sonho de noite:
13.2 E eis que se levantou um vento do mar, que moveu todas as suas ondas.
13.3 E olhei, e eis que aquele homem se fortaleceu com os milhares do céu; e, voltando-se ele para olhar, tremiam todas as coisas que se viam debaixo dele.
13.4 E sempre que a voz saía de sua boca, todos os que ouviam sua voz queimavam, assim como a terra desmorona quando sente o fogo.
13.5 E depois disso eu olhei, e eis que se juntou uma multidão de homens inumeráveis, dos quatro ventos do céu, para subjugar o homem que saíra do mar.
13.6 Mas eu vi, e eis que ele havia escavado uma grande montanha e voou sobre ela.
13.7 Mas eu tentei ver a região ou lugar onde a colina foi esculpida, e não pude.
13.8 E depois disso eu vi, e eis que todos os que estavam reunidos para subjugá-lo estavam com muito medo, e ainda resistiam à luta.
13.9 E eis que, ao ver a violência da multidão que chegava, ele não levantou a mão, nem empunhou a espada, nem qualquer instrumento de guerra.
13.10 Mas somente eu vi que ele enviou de sua boca como se fosse uma rajada de fogo, e de seus lábios um hálito flamejante, e de sua língua ele lançou faíscas e tempestades.
13.11 E todos se misturaram; a rajada de fogo, o hálito flamejante e a grande tempestade; e caiu com violência sobre a multidão que estava preparada para lutar, e queimou todos eles, de modo que de repente de uma multidão inumerável nada foi percebido, mas apenas poeira e cheiro de fumaça: quando vi isso, fiquei com medo.
13.12 Depois vi o mesmo homem descer da montanha e chamar outra multidão pacífica.
13.13 E muita gente veio ter com ele, pelo que alguns se alegraram, outros se entristeceram, e alguns deles foram amarrados, e outros trouxeram alguns dos que foram oferecidos; então eu estava doente de grande medo, e eu acordei, e disse:
13.14 Mostraste ao teu servo estas maravilhas desde o princípio, e consideraste-me digno de receber a minha oração.
13.15 Mostra-me agora ainda a interpretação deste sonho.
13.25 Este é o significado da visão: Enquanto viste um homem subindo do meio do mar:
13.26 Este é aquele a quem Deus, o Altíssimo, guardou um grande tempo, que por si mesmo livrará sua criatura; e ele deve ordenar aqueles que são deixados para trás.
13.27 E quanto ao que viste que da sua boca saiu um sopro de vento, e fogo, e tempestade;
13.28 E que ele não empunhava espada, nem qualquer instrumento de guerra, mas que a investida dele destruiu toda a multidão que veio para subjugá-lo; esta é a interpretação:
13.29 Eis que vêm os dias em que o Altíssimo começará a livrar os que estão sobre a terra.
13.30 E ele virá para o espanto dos que habitam na terra.
13.31 E um se engajará a lutar contra o outro, uma cidade contra a outra, um lugar contra o outro, um povo contra o outro, e um reino contra o outro.
13.32 E chegará o tempo em que estas coisas acontecerão e os sinais que eu te mostrei antes acontecerão, e então meu Filho será declarado, a quem viste como um homem ascendendo.
13.33 E quando todo o povo ouvir a sua voz, cada homem deverá em sua própria terra deixar a batalha que travam um contra o outro.
13.34 E uma multidão inumerável se reunirá, como tu os viste, desejando vir e vencê-lo pela luta.
13.35 Mas ele estará no topo do monte Sião.
13.36 E Sião virá e será mostrada a todos os homens, sendo preparada e construída, como tu viste a colina esculpida por mãos.
13.37 E este meu filho repreenderá as invenções perversas daquelas nações, que por sua vida perversa caíram na tempestade;
13.38 E porá diante deles seus maus pensamentos e os tormentos com os quais começarão a ser atormentados, que são como uma chama; e ele os destruirá sem trabalho pela lei que é semelhante a mim.
13.39 E quanto ao que viste que ele reuniu outra multidão pacífica para si;
13.40 Essas são as dez tribos, que foram levadas cativas para fora de sua própria terra no tempo do rei Oseias, a quem Salmanasar, rei da Assíria, levou cativo, e ele os carregou sobre as águas, e assim eles entraram em outra terra.
13.41 Mas eles tomaram este conselho entre si, que eles deixariam a multidão dos pagãos, e foram para um país distante, onde a humanidade nunca habitou,
13.42 Para que eles pudessem guardar seus estatutos, que eles nunca guardaram em sua própria terra.
13.43 E eles entraram no Eufrates pelas passagens estreitas do rio.
13.44 Pois o Altíssimo então mostrou sinais para eles, e parou o dilúvio, até que eles tivessem passado.
13.45 Pois por aquele país havia um longo caminho a percorrer, ou seja, de um ano e meio: e a mesma região é chamada Arsarete.
13.46 Então eles habitaram lá até o último tempo; e agora, quando eles começarem a vir,
13.47 O Altíssimo reterá as fontes da corrente novamente, para que possam passar: portanto viste a multidão com paz.
13.48 Mas os que ficaram do teu povo são os que se encontram dentro das minhas fronteiras.
13.49 Agora, quando ele destruir a multidão das nações que estão reunidas, ele defenderá seu povo que resta.
13.50 E então ele lhes mostrará grandes maravilhas.
13.51 Então eu disse, ó Senhor que governas, mostra-me isto: Por que eu vi o homem subindo do meio do mar?
13.52 E disse-me: Assim como tu não podes procurar nem conhecer as coisas que estão no fundo do mar, assim também nenhum homem na terra pode ver meu Filho, ou aqueles que estão com ele, senão durante o dia.
13.53 Esta é a interpretação do sonho que viste, e pelo qual apenas tu és aqui iluminado.
13.54 Pois abandonaste o teu próprio caminho, e aplicaste a tua diligência à minha lei, e a buscaste.
13.55 Tua vida ordenaste com sabedoria e chamaste de mãe o entendimento.
13.56 E, portanto, eu te mostrei os tesouros do Altíssimo: depois de outros três dias te falarei de outras coisas e te anunciarei coisas poderosas e maravilhosas.
13.57 Então saí para o campo, louvando e agradecendo muito ao Altíssimo por causa de Suas maravilhas que ele fez no tempo;
13.58 E porque Ele governa o mesmo, e as coisas que caem em suas estações; e ali eu sentei três dias.
Ventos
O homem que sai do mar é erguido depois de que “se levantou um vento do mar, que moveu todas as suas ondas.” v. 1 Ventos representam lutas e guerras. (Jr 49:36-37, Ap7:1)
EGW Os homens não discernem as sentinelas angélicas que retêm os quatro ventos para que não soprem sem que os filhos de Deus estejam selados; mas quando Deus mandar que Seus anjos soltem os ventos, haverá uma cena tal de luta que pena nenhuma pode descrever (TS3 6.4).
Seria essa uma grande guerra mundial que está à nossa frente? Os sinais dos tempos certamente estão indicando tempestade à frente.
O papel das duas tábuas da lei no fim dos tempos
Nesse tempo, uma pessoa é fortalecida pelas visões do céu e nações lutam contra ele. Repare que no v. 38 diz: “e ele os destruirá sem trabalho pela lei que é semelhante a mim.”
EGW A lei de Deus é um reflexo de Seu caráter. — Carta 46, 1900. EDD 89.5
EGW E, tendo acabado de falar com ele no monte Sinai, deu a Moisés as duas tábuas do Testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus” (Êx 31:18). Nada que estava escrito nessas tábuas podia ser apagado. O precioso registro da lei foi colocado na arca da aliança e ainda está lá, seguramente escondido da família humana. Mas, no tempo designado por Deus, Ele apresentará essas tábuas de pedra, para serem um testemunho ao mundo todo contra a desobediência a Seus mandamentos e contra o culto idólatra de um dia de descanso falsificado Ms 122, 1901).
EGW Estas tábuas de pedra serão retiradas de seu esconderijo e nelas serão vistos os dez mandamentos gravados pelo dedo de Deus. Estas tábuas de pedra que agora estão na arca do testamento serão um testemunho convincente da verdade e das reivindicações obrigatórias da lei de Deus.” – Carta 47, 1902
É verdade que na segunda vinda de Cristo, as tábuas de pedra irão aparecer no céu de forma sobrenatural para todos verem, mas a citação indica que a mesmas tábuas de pedra também serão vistas pelo mundo. o texto diz: “estas tábuas de pedra”. E será em testemunho. Isso indica que será num tempo em que ainda há graça.
Da época do cerco de Jerusalém por Nabucodonosor, diz a profetisa:
EGW Entre os justos que ainda restavam em Jerusalém, a quem tinha sido tornado claro o propósito divino, alguns havia que se determinaram colocar além do alcance das mãos cruéis a sagrada arca que continha as tábuas de pedra sobre a qual haviam sido traçados os preceitos do decálogo. Isto eles fizeram. Com lamento e tristeza esconderam a arca numa caverna, onde devia ficar oculta do povo de Israel e de Judá por causa de seus pecados, não mais sendo-lhes restituída. Esta sagrada arca ainda está oculta. Jamais foi perturbada desde que foi escondida. PR 231.4
Várias décadas depois, em 1982, a arca da aliança foi encontrada por Ron Wyatt, adventista dos EUA. Está localizada debaixo do local da crucifixão, no atual local da tumba do jardim ao norte de Jerusalém. Estão sendo vigiadas por quatro anjos, que também apareceram a Ron. Essas tábuas estão aguardando serem um testemunho ao mundo. Mais em https://congressomv.org/calvario/
Distância de um ano e meio. Prata e ouro.
Repare também que no verso 13.45, no texto acima, diz que as dez tribos vão a um local distante, a um ano e meio de caminhada. Isso equivale a milhares de quilômetros. Daria para chegar em outro continente, seja América do Norte, Central ou do Sul, dependendo de quantos km se anda em um dia, o que a Bíblia não define. Mas o texto não diz que de fato vão levar um ano e meio até chegar lá. Após cruzarem o rio Eufrates, seguem caminho, aparentemente irão alçar voo, pois diz:
Is 60:8 Quem são estes que voam como uma nuvem e como pombas para as suas janelas?
Is 60:9 para trazer teus filhos de longe, e sua prata e o seu ouro com eles
O ouro já sabemos o que significa:
EGW O ouro mencionado por Cristo, a Testemunha Fiel e Verdadeira, o qual todos devem possuir, foi-me mostrado ser a fé e o amor combinados; e o amor têm precedência sobre a fé. T2 36.2
Mas e a prata?
Sl 12:6 As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada numa fornalha de barro, purificada sete vezes.
Sl 12:7 Tu as guardarás, ó Senhor, tu as preservarás desta geração para sempre.
As palavras de Deus são comparadas à prata, e ao redor, barro. Os pergaminhos antigos eram guardados em vasos de barro, para os preservar.
Seria a prata que os filhos da dispersão vão trazer os escritos inspirados mas ocultos de que fala o texto abaixo?
2 Esdras 14.44 Em quarenta dias escreveram duzentos e quatro livros.
Afinal, esses escritos foram preparados em resposta ao pedido de Esdras pelos que “nascerão depois” e “os que viverão nos últimos dias” 2 Ed 14:20 e 22.
Por que a prata é mencionada primeiro em Isaías? Seria porque isso é o mais visível, a primeira coisa que se vê, eles carregando esses vasos de barro com pergaminhos? O seu caráter e fé se verá com o convívio, posteriormente.
Davi
EGW Mas por intermédio de Oséias foi dada uma profecia que punha perante eles [as dez tribos] o privilégio de ter uma parte na restauração final que deve ser feita para o povo de Deus no fim da história da Terra, quando Cristo aparecerá como Rei dos reis e Senhor dos senhores. “Por muitos dias”, o profeta declarou, as dez tribos deviam ficar “sem rei, e sem príncipe, e sem sacrifício, e sem estátua, e sem éfode ou terafim”. “Depois”, continuou o profeta, “tornarão os filhos de Israel, e buscarão ao Senhor seu Deus, e a Davi, seu rei; e temerão ao Senhor, e a Sua bondade, no fim dos dias”. Oséias 3:4, 5. PR 153.4
Davi aparece como figura líder desse grupo. A mensagem da igreja a Filadélfia é dada por aquele que tem “a chave de Davi” (Ap 3:7), ou seja, “a chave da casa de Davi” (Is 22:22). Sobre seus ombros, indica responsabilidade, o governo está sobre seus ombros (Is 9:6). A chave que abre a casa de Davi, para que se possa entrar e governar. E depois sair dela, pois 2 Esdras 13.46-47 diz que uma parte das dez tribos vai voltar à sua terra, talvez para anunciar o Alto Clamor aos seus compatriotas.
Quem seria esse Davi? Seria o Davi histórico, que ressuscitaria?
Pode ser, pois ele não ressuscitou junto com Cristo. Pedro diz que ele ainda estava enterrado com eles por ocasião do Pentecoste (At 2:29). De fato, Ellen White diz que o profeta Daniel vai ressuscitar antes da ressureição especial, e antes do alto clamor:
EGW Um grande trabalho será feito em pouco tempo. Em breve será dada uma mensagem designada por Deus que se transformará em um alto clamor. Então Daniel se colocará em seu lugar para dar seu testemunho. Lt 54, 1906, par. 8
Portanto pode muito bem ser que Davi ressuscite para liderar essa obra. 2 Esdras 2.23 diz que se Esdras for fiel, “eu te darei o primeiro lugar na minha ressurreição.”
Ou também pode ser que Davi represente outra pessoa, assim como quando diz que João Batista é Elias (Mt 11:14). Ele veio “no espírito e poder” de Elias (Lc 11:17).
Davi foi quem esperou pacientemente para Deus o exaltar (paciência dos santos) e foi o homem segundo o coração de Deus (2Sm 13:14). Certamente há muitos outros paralelos que poderíamos traçar com o(s) seleto(s) de Deus no fim.
Leia mais sobre os filhos que virão de longe, e Davi, em Ez 34:24-25, 37:24-28, Is 27:12-13.Is 55:3-4, Is 49:17-23, 54:1-3, Jr 30:9
EGW O tempo do exílio está quase encerrado. Aproxima-se o tempo em que todos os que dormem na sepultura ouvirão a Sua voz e sairão, alguns para a vida eterna e alguns para a destruição final. CT 140.1