“Devemos ter a percepção de que, a menos que sejamos ensinados pelo Espírito Santo, não entenderemos corretamente a Bíblia; pois ela é um livro selado até para os eruditos, que são sábios aos seus próprios olhos.” Ellen G. White, E Recebereis Poder – Meditações Matinais de 1999, pág. 101.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, tem-se operado, dentro do Adventismo do Sétimo Dia, uma transformação radical na forma de se entender e praticar importantes conceitos doutrinários. Entre estes, como o próprio título do meu artigo sugere, estão o pecado e a salvação. Ambos têm sofrido, dentro da “nova teologia” (aquilo que George R. Knight chama, em seu livro Pecado E Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, de “nova teologia do sermão do monte”,1)uma nova abordagem, a qual tem, assim como a abordagem de Milian Lauritz Andreasen, nas décadas de 30-40 (e, embora sempre com intensidade decrescente, até anos recentes), influenciado e determinado a crença da Igreja Adventista do Sétimo Dia, nos dias atuais. É importante salientar que esta nova maneira de interpretar os conceitos bíblicos em nada tem alterado a “Verdade Presente”, o conjunto das “28 Crenças Fundamentais” da Igreja Adventista. Estas permanecem sem serem alteradas, visto que Deus zela pela Verdade. O problema está, como tenho dito, no fato de que os conceitos que determinam a correta compreensão daquelas crenças estão sendo considerados de uma forma totalmente nova; atualizada, adaptada para a realidade pós-moderna na qual estamos vivendo. Portanto, a dificuldade não está com a Plataforma da Verdade Presente Adventista (a qual tem sido mantida pela firmeza, de alguns poucos, ao lado da Verdade); mas, isto sim, com as “novas” disposições da teologia adventista atual, a qual está se afastando, cada vez mais, dos pressupostos estabelecidos pelos teólogos contemporâneos de Ellen G. White, como M. L. Andreasen. É interessante notar a maneira como George R. Knight se refere a esse que, segundo ele, era “o mais destacado teólogo do adventismo nas décadas de 1930 e 1940”.2 Diz ele que Andreasen “adotou a mesmíssima posição dos fariseus com respeito ao pecado e a justiça”.3 Sendo assim, por que a Igreja adotou seus conceitos por tantos anos? Por que, até muito recentemente, grande parte dos adventistas do sétimo dia criam de acordo com os ensinos teológicos desse importante teólogo da Igreja? E por que, mesmo agora, ainda há tanta resistência, por parte de um grande número de adventistas, em abandonar a crença “perfeccionista” de Andreasen?
A verdade é que, assim como Milian Lauritz Andreasen era o mais respeitado teólogo do Adventismo, nas décadas de 1930 e 1940, George R. Knight, conforme apresentado pelos editores, na contracapa do seu livro, é “considerado um dos autores adventistas mais produtivos após Ellen G. White”. De fato, muitos escritores, como Frank B. Holbrook (uma olhada em seu livro O Sacerdócio Expiatório de Cristo deixa isso muito claro), têm se baseado nas ideias de Knight, sobre pecado, salvação, justiça, perfeição, enfim, para desenvolverem suas próprias linhas de pensamento em torno desses temas. Também importantes pastores e teólogos brasileiros, como Amin A. Rodor, Ivan Saraiva, Wilson Paroschi, Leandro Quadros e Ranieri Sales (entre outros), estão disseminando os conceitos teológicos de George R. Knight, por meio de seus programas televisivos, de seus livros e de suas pregações, no Brasil. Pode-se dizer, então, que a atual “celeuma teológica” do Adventismo se desenvolve em torno, principalmente, dos “antigos” conceitos defendidos por M. L. Andreasen, e das modernas conceitualizações esposadas por George R. Knight (com pequenas variantes sendo apresentadas por outros teólogos adventistas).
É inegável que tem havido uma mudança no comportamento do povo adventista do sétimo dia. Determinada, em grande parte, pela incursão, nos últimos anos, dessa nova abordagem teológica. As perguntas são: O que essa mudança reflete? Quais os seus frutos? Comprova, ela, a veracidade dos conceitos da “teologia do sermão do monte”? Aliás, eu me refiro, a essa “nova teologia”, como a “teologia do amor sem Amor”! No final, o(a) leitor(a) entenderá por quê. A realidade é muito diferente do que se poderia esperar, caso os novos paradigmas teológicos do Adventismo (abraçados, efusivamente, pela quase totalidade dos adventistas do sétimo dia), viessem acompanhados pela bênção de Deus! E, no se arrogar o principal expositor e defensor dessa teologia, Knight assume uma tremenda responsabilidade pela condição atual da Igreja Adventista do Sétimo Dia!
Nesta resenha, eu me proponho, unicamente confiando na sabedoria de Deus, dada por meio do Espírito Santo, analisar a natureza e as implicações dos ensinos teológicos de George R. Knight, conforme apresentados no livro Pecado E Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus. Faço-o com a consciência de que se trata de uma luta de “Davi contra Golias”; afinal, sequer começo a ter a quantidade de títulos doutorais e livros publicados por aquele respeitável teólogo! Mas, por outro lado, o faço com a certeza de estar me colocando ao lado da Verdade de Deus. Preocupado em tornar conhecida a vontade de Deus para o Seu povo. Creio que se existe outra motivação, superior a essa, é justamente apresentar o correto caminho que deve ser trilhado pelo salvo, a fim de que ele possa alcançar a salvação. Pois, “há caminho que parece direito ao homem, mas afinal são caminhos de morte” (Pv 16:25)! Espero que esta resenha venha, de fato, alicerçar a fé daqueles que já seguem o “Está Escrito” de Deus e auxiliar àqueles que estão perdidos em meio a tantas teorias e ensinos complicados, ajudando-os a colocarem seus pés na Estrada Estreita que conduz, de verdade, para o Céu. Que o Senhor abençoe ricamente a sua leitura!
A “JUSTIÇA” DOS FARISEUS? OU O “AMOR” DOS LIBERAIS?
George R. Knight inicia seu livro com uma dissertação em torno do caráter dos fariseus e da maneira como eles se comportavam em relação à Lei de Deus, ao pecado e à Justiça. E, até ao fim do livro, percebe-se a preocupação do teólogo em que os seus leitores não esqueçam o caráter dos fariseus! Tudo, em seu livro, é analisado em consonância com o caráter e com as atitudes dos fariseus. Assim, ao finalizar a leitura do livro, o(a) leitor(a) tem a impressão de que o importante não é imitar o proceder piedoso de Jesus, mas evitar o procedimento, orgulhoso e desprovido de amor, dos fariseus! E, de fato, ao ver-se a forma como os adventistas do sétimo dia liberais (adeptos dos ensinos de Knight) se referem e reagem àqueles que defendem o Perfeccionismo (e, também, àqueles que, como este humilde estudante da Bíblia, ensinam a doutrina bíblica da Plena Perfeição em Cristo), nota-se que eles aprenderam muito bem a lição! Se os “fariseus modernos”, no dizer de Knight, têm “mirado muito baixo, tão baixo que tem manifestado sistematicamente uma atitude crítica para com aqueles que não conseguem aceitar suas formulações de pecado e perfeição”,4 certamente, a atitude amorável dos defensores da “nova teologia”, a “teologia do amor”, para com os que se opõem a ela, é, para dizer o mínimo, estranha. Atitudes como a de Ezequiel Rosa Gomes Junior, um dos mais acérrimos defensores dessa teologia, que faz uso de um estratagema diabólico, em seu intuito de menosprezar e ridicularizar perfeccionistas (e, também, defensores da doutrina da Plena Perfeição em Cristo, como este escritor)! Atitudes como as do próprio Pastor Knight, que, em todo o seu livro, faz questão de lembrar seus leitores de que estão rodeados de perigosos “fariseus”! Uma atitude de disfarçado cinismo e incontido deboche é ainda mais perceptível em seu artigo Eu Costumava Ser Perfeito: Um Estudo Sobre Pecado E Salvação. Knight não faz nenhum rodeio, ao citar pessoas de seu círculo de amizades, cujas atitudes se equiparavam a dos antigos fariseus!
Portanto, não é de estranhar a maneira pouco amorosa como os proponentes da “nova teologia” adventista (pastores, teólogos, estudantes da Bíblia, enfim) estão tratando os que não se harmonizam com suas teorias. Em sua conduta, refletem tudo aquilo que Knight abomina na conduta dos “bons” fariseus! (Aliás, até o título do primeiro capítulo do livro de Knight soa como um deboche. Ou como um perfeito exemplo de hipocrisia farisaica!) Os defensores da “nova teologia” adventista são orgulhosos de seus títulos, do seu eruditismo. Fazem questão de mostrar seus títulos doutorais. Iniciam suas preleções enfatizando todos os seus méritos acadêmicos. Somente não mencionam o Espírito Santo! Aquele que, de fato, deu-lhes o privilégio (e a responsabilidade) de apresentarem o conhecimento da Palavra de Deus. Toda a sua retórica é feita com base em métodos humanos de interpretação bíblica, em termos linguísticos, e abalizados, acima de tudo, por sua autoridade acadêmica. Como George R. Knight, em seu livro, citam uma profusão de autores eruditos. Mas não fazem nenhuma menção ao Espírito Santo!
Além do mais, são arrogantes, exclusivistas, prepotentes! Onde estão, ninguém mais tem o direito de expor suas ideias, seus conceitos, se os mesmos estiverem em desacordo com os pontos de vista liberalistas! Se seus discordantes persistirem, serão tratados como fariseus, perfeccionistas, dissidentes! Agem, os liberalistas, pior do que os fariseus, os quais jamais expulsaram Jesus das sinagogas (embora desejassem matá-LO), por causa de Seus ensinos! Jesus tinha franco acesso para explicar a Verdade entre o povo. E, até mesmo, entre os fariseus! Mas, ai do perfeccionista (e daquele que defende a Plena Perfeição) que ousa se aproximar dos intelectuais da moderna teologia!
Os fariseus foram, sim, culpados de colocarem a justiça da Lei acima do Amor de Deus. Mas, o que será daqueles que estão jogando por terra a justiça da Lei, em nome do Amor de Deus? Enquanto que suas atitudes (para com a Lei e para com os homens) refletem a falta desse Amor? Eu, sinceramente, preferiria a “justiça” dos fariseus, que manifestava respeito pela Lei de Deus, ao “amor” dos liberalistas; o qual, além de tratar de forma negligente os homens, encobre a justiça da Lei, estimulando os homens ao pecado! Seria bom que o Pastor George R. Knight e seus seguidores considerassem, seriamente, a natureza do seu “amor”. Ele não os torna melhores do que os fariseus! De certa forma, (com todo o amor do meu coração, eu digo tal coisa) os torna piores! Que o Senhor os leve a considerar profundamente suas atitudes para com seus semelhantes! Mesmo para com os que não concordam com seus pontos de vista! Afinal, a única maneira, nessa batalha teológica entre “fariseus” e liberalistas, de juntar a “justiça” e o “amor” da Lei, consiste em que ambos desçam dos seus pedestais de arrogância e exclusivismo e, com toda humildade, no temor do Senhor, confrontem, de forma saudável, seus argumentos. E que seja acatada a Verdade! Ou a Justiça de Deus, por um ato de inexcedível Amor, exterminará, para o seu próprio bem, àqueles que se apegam à “justiça da Lei”, somente! Ou o Amor de Deus, por uma manifestação de Sua terrível Justiça, para o bem do Universo, destruirá àqueles que se apegam ao “amor da Lei”, apenas! Considere, atentamente, leitor(a)!
“PORQUE É REGRA SOBRE REGRA…”
Nos capítulos seguintes (2 e 3), George R. Knight discorre sobre a natureza do pecado e do uso da Lei de Deus. Em relação ao pecado, o teólogo estabelece, que o mesmo é tanto o comportamento pecaminoso, a transgressão da Lei, quanto a predisposição má e natural do coração, a força corruptora presente na natureza humana. Knight também estabelece que o pecado, em seu sentido mais profundo, “é rebelião contra o Deus do Universo”.5 EGW porém diz que a única definição dada as Escrituras é transgressão da lei (FO 50.1) A dificuldade surge quando ele estabelece diferentes gradações de pecado. E quando, finalmente, estabelece que apenas os pecados conscientes, deliberados, se constituem pecado de rebelião contra Deus! Diz ele: “Os que cometem pecados ‘mortais’ vivem em um estado de ‘transgressão’ (1Jo 3:4) e rebelião contra Deus, ao passo que aqueles que estão em harmonia com o Mediador são ‘nascidos de Deus’, ‘nEle’ permanecem e se tornaram participantes da família de Deus por adoção (1Jo 3:9, 6, 1)”.6 Sugere, dessa forma, que os que cometem pecados “não mortais”, “não para a morte” (1Jo 5:16), em suas próprias palavras, “estão em harmonia com o Mediador”. Isso, mesmo quando pecam! Tal raciocínio se torna mais claro, ao Knight afirmar que, após fechar-se a Porta da Graça, apenas os que cometem pecados involuntários, não intencionais, terão um Salvador, durante o “Tempo de Angústia de Jacó”. Ou seja, embora eles não precisem mais de um Mediador, “porque puseram fim ao pecado consciente, voluntário e militante”,7 eles ainda precisam de um Salvador, visto que ainda pecam de forma não intencional e omissa! A esta altura, seria oportuno perguntar se pode haver salvação sem mediação! Sendo assim, Knight comete o equívoco de afirmar, ao mesmo tempo, que o pecado deve ser entendido como algo além dos atos isolados e voluntários que cometemos, minimizando a importância dos mesmos, e que são justamente tais atos que farão a diferença entre a vida e a morte!
No que diz respeito à Lei de Deus, George R. Knight parte de um raciocínio inverso à questão do pecado, para apresentar a mesma ideia relacionada a este. Ou seja, assim como Deus está preocupado com a verdadeira essência do pecado (rebelião contra o Seu governo), Ele também Se preocupa com os princípios mais profundos da Sua Lei (amor e submissão a Ele), sem importar as minudências (a “letra”) da Lei. Onde está a inversão de raciocínio de Knight? Em relação ao pecado, ele discorre do todo para as partes, estabelecendo diferentes gradações de pecado. Com respeito à Lei, ele pondera das partes para o todo, definindo o Amor de Deus como a verdadeira essência da Lei. Dessa forma, para Knight, contrariando os “fariseus modernos”, não é a “justiça da Lei” (contida nos seus dez preceitos) que importa, mas o “amor da Lei”. Assim, os fariseus, no passado, querendo viver segundo a “justiça da Lei”, se esqueceram do “amor da Lei” e, dessa forma, do Amor de Deus. Por outro lado, os liberalistas, ansiando viver o “amor da Lei, estão rejeitando a “justiça da Lei” e, do mesmo jeito, a Justiça de Deus!
O fato é que Knight, como veremos, mais à frente, parte de premissas verdadeiras para formar pressupostos enganosos. Primeiramente, em nenhum lugar, a Palavra de Deus estabelece diferentes gradações de pecado, quanto à sua natureza maligna. Quando a Bíblia e o Espírito de Profecia dizem que Deus considera algum tipo de pecado mais ofensivo que outro (“pecado para a morte” e “pecado não para a morte” – 1Jo 5:16), tal coisa tem a ver com a ATITUDE DO PECADOR, não com a NATUREZA DO PECADO! Embora Deus haja de forma diferente com o pecador, segundo a motivação ou a circunstância da prática de um pecado, com os pecados Deus agiu da mesma forma: entregando Seu Filho para morrer a atroz e humilhante morte de cruz. Isso mostra o quanto o pecado (qualquer que seja ele) Lhe é abominável! Em segundo lugar, não existe tal distinção entre pecados voluntários, conscientes, e pecados inconscientes ou por omissão, no que se refere ao modo como Deus trabalha, para a sua erradicação, tanto do Universo quanto do homem. Embora as ofertas fossem específicas para cada tipo de pecado cometido (mostrando como Deus considerava cada tipo de pecado – se voluntário ou por ignorância), os animais eram imolados, após a confissão do pecador sobre suas cabeças. E, em alguns casos, seu sangue era levado para dentro do santuário e aspergido diante de Deus; em outros, o sacerdote comia a carne e, depois, entrava no Lugar Santo. Portanto, sem confissão, morte e mediação não havia salvação para o pecador, independentemente do grau ofensivo do pecado praticado! Diz Ellen G. White: “Deus não aceitará coisa alguma a não ser pureza e santidade; uma mancha, uma ruga, um defeito de caráter, exclui-los-ão para sempre do Céu, com todas as suas glórias e riquezas”.8 Como podemos pensar que Deus faz distinção entre pecados, se até uma mancha, não purificada pelo sangue de Jesus, pode ocasionar nossa ruína? E, depois que fechar a Porta da Graça, e Cristo deixar o Santuário Celestial, “não haverá sangue expiatório para purificar do pecado”!9 Então, como pode haver salvação, segundo Knight, para os que pecarão, de forma inconsciente até à volta de Jesus? Sendo assim, não há como formular qualquer conceito, a partir da premissa de que há “pecado para a morte” e “pecado não para a morte”, para dizer que os salvos continuarão pecando até à Glorificação. Todo pecado não confessado e abandonado ANTES DA NOSSA MORTE (como Igreja Visível, antes do Selamento do Remanescente Adventista do Sétimo Dia, preparando-o para receber a Chuva Serôdia), ocasionará nossa eterna perdição!
Da mesma forma, o engano de Knight, em relação à Lei de Deus, parte de duas premissas erradas. Primeiro, a noção de que, no “Sermão do Monte”, Jesus tenha espiritualizado a Lei. Isso é teologia barata! A Lei de Deus sempre foi espiritual! Diz Paulo: “Porque bem sabemos que a Lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal [natureza pecaminosa], vendido à escravidão do pecado” (Rm 7:14). É importante salientar que Paulo não está falando de qualquer “lei”, mas da Lei de Deus, consubstanciada nos Dez Mandamentos (a “letra da Lei”, segundo Knight). O apóstolo não está dizendo: “Porque bem sabemos que o amor a Deus e ao próximo é espiritual”, como sugere Knight, em sua “teologia do sermão do monte”, mas que a Lei (não as “leis”) de Deus é espiritual! Então, a Lei de Deus, dada no Sinai, com suas dez “Regras Áureas”, é espiritual. O problema é que os fariseus deixaram de verem-na em seu contexto espiritual! E o que Jesus fez foi desfazer esse equívoco! Aí, vem a segunda questão.
Em sua “espiritualização” da Lei, deixou, Jesus, de considerar as minudências, a “letra da Lei”? Ele apenas enfatizou os grandes princípios do amor e da submissão a Deus, em Mt 5:48? Longe disso! Já no início do “Sermão do Monte”, Ele demonstrou a grande importância das “normas”, das “regras”, ou seja, da “letra da Lei”, ao dizer que “nem um i ou til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra” (Mt 5:18)! E, nos versos seguintes, Ele vai ampliando as exigências de cada um dos preceitos do Decálogo. Quer dizer, em lugar de minimizar a importância dos preceitos da Lei de Deus, como faz Knight, de forma sutil, Jesus ampliou as reivindicações da mesma! E não apenas dos Dez Mandamentos, mas, como sugerem os versos 38 e 43, de Mt 5, mesmo dos demais preceitos entregues a Moisés, como adendos da Lei Moral! Tão importantes eram esses preceitos, em suas exigências e promessas, que Deus ordenou a Israel, através de Moisés: “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. […] Quando teu filho, no futuro, te perguntar, dizendo: Que significam os testemunhos, e estatutos, e juízos que o Senhor, nosso Deus, vos ordenou? Então, dirás a teu filho: Éramos servos de Faraó, no Egito; porém o Senhor de lá nos tirou com poderosa mão. […] O Senhor nos ordenou cumpríssemos todos estes estatutos e temêssemos o Senhor, nosso Deus, para o nosso perpétuo bem, para nos guardar em vida, como tem feito até hoje. Será por nós justiça, quando tivermos cuidado de cumprir todos estes Mandamentos perante o Senhor, nosso Deus, como nos tem ordenado” (Dt 6:6-9, 20-21, 24-25).
“Será por nós justiça”, reconheceram os israelitas. Quer dizer, os fariseus não estavam errados em buscar “a justiça da Lei”. Erravam em fazer da “justiça da Lei um fim em si mesma, como meio de salvação, em lugar de buscar a Justiça de Deus, para a qual a “justiça da Lei” apontava. E, também, em deixar de parte a outra face da Lei, o “amor da Lei”, que apontava, da mesma forma, para o Amor de Deus. Perdeu, a Lei de Deus, a sua importância? Longe disso! Apenas mudaram as “tábuas” em que ela foi escrita, no passado hebreu e em nossos dias. Não mais em “tábuas de pedra”, mas em “tábuas de carne” (o coração do crente) está a Lei de Deus escrita. 2Co 2:3. No entanto, permanece a solene ordenança: Devemos meditar sobre os Dez Mandamentos com a mesma intensidade com a qual os israelitas e, depois, os judeus, os levavam junto a si e os escreviam em suas casas e nos seus filactérios. Não é apenas uma questão de reconhecer o Amor e a misericórdia de Deus, como deduz Knight, mas, também, de reconhecer o que é o pecado e o que significa viver sob sua servidão! Engana-se, quem pensa que a única função da Lei é mostrar Cristo! “Éramos escravos no Egito”, recordavam os pais, constantemente, aos seus filhos. Portanto, a Lei também nos recorda a cruel servidão em que vivíamos, antes de termos sido libertados por Jesus e nos lembra quão terrível e voltar a estar sob a escravidão do pecado!
Mas George R. Knight, ao tratar os Dez Mandamentos como “minudências da verdadeira Lei”, “lista de proibições”, “letra da Lei”, “regras de não faça isto, não faça aquilo”, “explicações adicionais da Lei”, entre outros conceitos depreciativos, resumindo tudo em que os Dez Mandamentos, dados sob um espetáculo aterrador, no Sinai, “não são a ‘verdadeira Lei’”,10 de forma sutil, estimula os pós-modernos adventistas a desprezarem a importância da Lei de Deus. Por isso, não estranhemos a condição atual do “povo de Deus”! A pergunta é: Por que Jesus foi tão meticuloso em esclarecer as exigências da Lei, no “Sermão do Monte”? Esta é a terceira questão.
Apesar de George R. Knight apresentar uma dinâmica de TENTAÇÃO>tentações (para harmonizar com seus conceitos de PECADO>pecados, LEI>leis e JUSTIÇA>justiça), os homens nunca foram experimentados em termos de TENTAÇÃO, mas de tentações. Nem mesmo Jesus foi tentado da forma defendida por Knight! As tentações de Jesus foram específicas, tendo a ver com cada um dos Dez Mandamentos. Satanás não disse para Jesus: “Olha, renega o teu Deus! Me adore!”. Ele disse: “Me adore, e tudo o que é meu, afinal, será teu!”. Ele sabia que Jesus não viera apenas defender a questão de quem deveria ser adorado. Havia algo mais: Jesus desejava obter a Terra, novamente, para Si. Por isso, ele tentou despertar a cobiça em Jesus, a qual fere o décimo preceito da Lei de Deus. Por outro lado, se Jesus houvesse se ajoelhado, diante do diabo, teria quebrado o primeiro preceito dessa Lei. Sim! Existem princípios gerais, por trás da Lei. Mas as tentações são muito específicas! Satanás não se apresenta, aos homens, com a TENTAÇÃO! Ele é muito mais sutil, perspicaz e cruel! No deserto, pelo menos, duas das tentações de Satanás tinham que ver com os preceitos da Lei. Não eram TENTAÇÃO, mas tentações. Eram específicas! E é da mesma maneira que o diabo age, com relação aos homens. Ele se aproxima com tentações específicas, segundo os pontos fracos de cada pessoa.
Agora, como o ser humano conseguiria vencer tentações específicas, se deixasse de considerar as exigências de Deus de forma igualmente específica? Um homem ou mulher que se satisfizessem apenas em considerar o Amor de Deus, sem atentar, contudo, em como esse Amor deve ser estendido ao semelhante, fatalmente acabariam, de alguma forma, quebrando esse princípio universal. E a única maneira de eles entenderem como o Amor deve ser expresso, é atentando para as exigências preceituais da Lei de Deus. Jamais existiram pessoas tão próximas de Deus, tão amantes e tão amadas, quanto Adão e Eva. Se alguém pôde ter sido tão impregnado do princípio maior da Lei de Deus (Amor a Deus e ao semelhante), a ponto de estar a salvo da TENTAÇÃO (desprezar a soberania do Senhor), este foi Eva! Porém, diante dos sofismas de Satanás, ela desobedeceu a um único e simples preceito, dado de forma oral. Teria Eva se preocupado tanto com a questão de não rejeitar a Deus, que se esqueceu de considerar todas as orientações dos anjos, a respeito das sutilezas do diabo? Se esquecendo de considerar, igualmente, a importância de não comer da árvore do conhecimento do Bem e do Mal? Se Eva agiu dessa forma e caiu, como podem miseráveis pecadores se esquivarem de examinar seus corações, dia a dia, à luz dos Dez Mandamentos, a fim de poderem descortinar as verdadeiras intenções do coração? Sendo que a devida apreciação da Lei de Deus, a sua perfeita obediência, é a expressão máxima do Amor a Deus? Pense, sinceramente, leitor(a)!
George R. Knight se atreve a dizer que os Dez Mandamentos não são a verdadeira Lei de Deus, mas apenas “leis”. Alguns podem entender o que ele quer dizer, mas tenho visto pessoas considerando a Lei de Deus no mesmo nível de outras “leis” da Bíblia. E, até mesmo, declarando-a abolida! As pessoas chegam a considerar a Lei de Deus como algo “sem importância”, ou, então, de “relativa importância”! E “relativa importância” é o mesmo que “sem importância”, para Deus! No mundo glorioso, não caído, talvez não exista uma Lei escrita, diante dos anjos e dos homens. Mas é certo que ela está no Santíssimo Lugar, do Santuário Celestial, dentro da Arca da Aliança. Ap 11:19. Ellen G. White teve uma visão desta Lei, e, nela, o mandamento do Sábado estava aureolado por uma luz gloriosa e brilhante.11 Então, como Knight pode dizer que a Lei de Deus, dada no Sinai, não é a verdadeira Lei de Deus? Pode não ter sido escrita com a mesma linguagem da Lei Celeste (foi dada para seres finitos), mas seu enunciado, de fato, reflete o enunciado de seu original. Mas, temerariamente, o Pastor George R. Knight faz parecer, com suas colocações sutis, que a Lei de Deus, com seus dez preceitos refletindo os Dez Mandamentos eternos, fundamento de todo o governo terrestre de Jeová, seja apenas “leis”! Um conjunto de regras, aos quais ninguém deve ser apegar, de fato, sob pena de ser chamado de fariseu! Diz que os Dez Mandamentos, a Lei de Deus, não são a verdadeira Lei! Pode não ser enunciada da mesma forma que foi enunciada aos anjos e homens não caídos (eles têm o original, perfeito, glorioso)! Mas é a verdadeira Lei de Deus! E ai de quem se atrever a pensar e pregar de forma que passe a mínima impressão contrária!
VERDADES MAL DITAS
Nas páginas seguintes, estarei discorrendo sobre algumas colocações de George R. Knight, em seu livro Pecado E Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus. Veremos, primeiramente, aquelas colocações que, embora verdadeiras, são apresentadas de modo a favorecer os conceitos teológicos de Knight. A seguir, iremos ver aquelas que, devidamente analisadas, não passam de enganos, de mentiras ardilmente elaboradas para enganar os desapercebidos. Não tratarei de considerar todos os aspectos contraditórios do livro, mas apenas os principais e necessários para o(a) leitor(a) ter uma correta compreensão da natureza e das implicações dessa nova concepção teológica. A fim de ganhar tempo, fiz algumas transcrições diretas do meu estudo Em Busca Da Excelência De Caráter – Do Perfeccionismo E Do Liberalismo Para A Plena Perfeição Em Cristo, o qual pretendo publicar, em um futuro próximo, se Deus quiser. Meu desejo não é tripudiar sobre a crença de qualquer pessoa, mas apenas manter a Verdade como ela é, em Cristo Jesus. Agradeço a sua consideração e a sua compreensão!
Sobre a problemática oração do fariseu, mencionado por Jesus na Parábola do Fariseu e do Publicano, afirma George R. Knight: “A raiz do problema era que, para o fariseu, pecado e justiça não passavam de uma série de ações, em vez de uma condição da mente e um relacionamento com Deus”.12 Sendo assim, leitor(a), por que uma única ação pecaminosa de Eva teve tanta repercussão? Olhando de forma superficial, essa é uma verdade difícil de ser contestada. Ela é, de certa forma, verdade. Se pensarmos que iremos ganhar o Céu por conta de nossas boas ações, eis, aí, um perigoso equívoco que pode acarretar-nos eterna ruína. O Céu somente será possível pelo que Cristo fez no Calvário e realiza, atualmente, no Santuário Celestial. Também é certo que nossa vitória diária, na luta contra o pecado, parte de uma disposição mental saudável (Fp 4:8) e de uma ligação vital com Jesus. Porém, no modo como a coloca, Knight faz com que essa afirmação se torne potencialmente perigosa para o cristão. O fato é que “pecado e justiça” não são, como diz ele, apenas “uma condição da mente e um relacionamento com Deus”. Já mencionei o caso de Eva. Quem jamais teve uma mente tão poderosa e manteve tal relacionamento com Deus, como a companheira de Adão? Se “pecado e justiça” dissessem respeito apenas à “condição da mente” e ao “relacionamento com Deus”, Eva jamais teria caído! Pelo menos, não teria caído logo na primeira tentação de Satanás! E também, pela própria visão da teologia de Knight, jamais deveria ter sido condenada por Deus!
No entanto, quando a mulher deixou de considerar o único preceito que lhe fora confiado verbalmente (certamente, Adão e Eva tinham a Lei de Deus no coração), Eva caiu em transgressão. Perceba, leitor(a): Eva cultivou uma disposição mental perfeita e um relacionamento com Deus por cerca de cem anos! Cem anos sem cometer um único pecado (quando foi a última vez que o[a] leitor[a] pecou?)! Pela ótica da “nova teologia” de Knight, de acordo com a qual Deus não leva em conta uma transgressão ocasional, mas apenas pecados deliberados, intencionais, a transgressão de Eva poderia ter sido penalizada da forma que foi? Sabendo, o Senhor, o que isso significaria para a posteridade de Adão e Eva?
A verdade é que os atos têm, sim, uma profunda implicação em nossa salvação. Ou Deus não diria, em Ap 19:8: “Porque o linho finíssimo SÃO OS ATOS DE JUSTIÇA dos santos”! A diferença está nos tipos de ATOS que são praticados. Se os atos da “justiça da Lei”; se os atos da Justiça de Deus. Enquanto a vitória sobre o pecado somente pode ser obtida por uma disposição mental saudável (Fp 4:8) e por um relacionamento vital com Jesus, a batalha contra o pecado é travada em torno de diligente e constante exame das ações, das atitudes, dos pensamentos, dos hábitos, enfim, à luz dos preceitos da Lei de Deus. O fato é que não são a disposição mental ou relacionamento com Deus, que constituem o “linho finíssimo”; embora eles sejam responsáveis por promover a sua confecção.
À página 24 do seu livro, Knight afirma o seguinte:
Não pode haver nada mais destrutivo do que um espírito crítico. No entanto, ainda que pareça bem estranho, muitos dos chamados cristãos vivem criticando seu pastor, sua igreja e todos aqueles com quem não concordam. Basta apenas parar para escutá-los por um momento. Os fariseus modernos são tão “bons” em criticar quanto seus antigos homólogos. Sempre que uma pessoa está mais disposta a criticar do que a ver os pontos positivos, ela apresenta os sintomas do farisaísmo.
Mostrei, logo no início, a atitude dos simpatizantes de Knight, para com os que discordam das suas ideias. De fato, essa é uma “verdade” cujo enunciado esconde uma sutil intenção de condenar os que se levantam contra os ensinos da “nova teologia”! Em seu raciocínio, ele está dizendo, primeiramente, que é preciso aceitar as mentiras, os enganos e as distorções da Verdade, perpetrados por muitos pastores e teólogos do Adventismo pós-moderno (que não deveria ser pós-moderno). Pastores como Ivan Saraiva, que apresenta o programa “Está Escrito”, na Rede Novo Tempo de Televisão! Em segundo lugar, Knight, sutilmente, sugere (e multidões de adventistas estão aceitando) que, desde que haja alguns “pontos positivos”, em um ensino estranho, ele pode ser aceito. Agir em outra direção, contrariando essas duas premissas, é ser um “crítico”, um “fariseu moderno” e, mesmo, um “dissidente” da Igreja!
Ainda comentando sobre os fariseus (antigos e modernos), diz George R. Knight:
O que eles se esqueceram de notar foi que Cristo guardou a Lei perfeitamente em benefício daqueles que nEle creem. “A justiça de Deus se acha”, portanto, “concretizada em Cristo. Recebemos a justiça recebendo-O”, e não por meio de penosas lutas. Como resultado, somos “justificados [considerados como se fôssemos justos], por Sua Graça [de Deus] como um dom”, que recebemos pela fé (Rm 3:22, 24, 25). Assim, temos a justiça “à parte da Lei” (Rm 3:21, RSV). Cristo é “nossa Justiça” (1Co 1:30, RSV). “A única coisa que realmente se pode dizer que contribui para a nossa justificação”, observa Alister McGrath, “é o pecado que Deus nos perdoa tão graciosamente”.13
Apenas os que conhecem as minudências da doutrina da Justificação Pela Fé podem compreender a sutil armadilha que se esconde por trás dessa verdade mal dita! A Justificação Pela Fé inclui tanto a Justificação quanto a Santificação. Por meio da primeira, Deus nos declara justos, por meio da imputação da Sua Justiça. Através da segunda, Ele nos torna mental, moral e espiritualmente, justos, ao nos converter, nos regenerar (uma transformação completa em nossas faculdades mentais, morais e espirituais) e ao operar a nossa restauração gradual. A Santificação, embora distinta da Justificação, ocorre paralela a ela. Ambas atuam conjuntamente, na obra efetuada por Deus, durante a caminhada cristã. Mas, na Conversão ou Novo Nascimento, a Santificação precede à Justificação! Os passos que precedem à Justificação Forense (o declarar justo) são: 1) Convicção de Pecado, 2) Rendição a Cristo, 3) Confissão, 4) Arrependimento, 5) Perdão e 6) Purificação. Esses seis passos fazem parte da Santificação Inicial ou Novo Nascimento. A Purificação corresponde, primeiramente, a uma limpeza mental, moral e espiritual, e, depois, ao recebimento de uma “disposição santa”14 na mente, a implantação de uma segunda natureza, espiritual, voltada para o Bem. Há uma verdade sublime, aqui. Ellen G. White diz que Deus “não pode e não quer tolerar a presença do pecado em Seu domínio.”15 Portanto, antes que uma “disposição santa” possa ser implantada no pecador arrependido, o pecado precisa ser totalmente expulso de sua natureza humana (embora permaneça em sua natureza pecaminosa, na forma de propensões e paixões malignas). E apesar de a própria natureza física do homem estar em um ESTADO DE SANTIFICAÇÃO, pela implantação de uma segunda natureza em sua mente, é por meio dela que a natureza pecaminosa exerce contínua pressão para que o pecador retorne à vida de transgressão.
Portanto, no que diz respeito à natureza humana (nos aspectos mentais, morais e espirituais), o pecador foi tornado justo, “santo”, capacitado para resistir às incursões do pecado. Entendemos, porém, que ele não é totalmente santo ou justo, pois a natureza pecaminosa permanece, com suas propensões malignas, e o corpo foi colocado apenas em um ESTADO DE SANTIFICAÇÃO, o qual precisa ser continuamente aperfeiçoado, até quando da Glorificação; quando sua condição corruptível (mortal) e a natureza pecaminosa serão eliminadas definitivamente. Assim, entende-se que a Santificação precede à Justificação Forense. Isso é óbvio, pois Deus não pode declarar alguém justo, se ele não tiver, de fato, sido tornado justo! Embora o homem tenha sido tornado justo apenas em seus aspectos mentais, morais e espirituais (pela comunicação da Justiça capacitadora de Deus, na Santificação Inicial), seu corpo foi colocado em um estado de santificação inicial. E apesar da presença da natureza pecaminosa, com suas tendências malignas, pela imputação da Justiça substituinte de Jesus (Justificação Forense), ele pode ser declarado justo. Então, ao contrário do que afirma Knight, no momento da nossa Conversão, Deus não apenas nos considera como se fôssemos justos. Ele nos torna (nos aspectos mentais, morais e espirituais) justos! De outra forma, teríamos que aceitar que o pecado (como essência ou atos pecaminosos) permanece nos domínios de Deus! Sendo assim, a Santificação, no processo de salvação, antecede à Justificação Forense, culminando com o processo da Purificação. Somente após ter sido “adaptado” para corresponder aos ideais de Deus para ele, o pecador pode ser, de fato, declarado justo. A Justificação Forense é o sétimo passo no processo de salvação do ser humano. Vem, então, o oitavo, a Santificação. É bom lembrar que a Santificação que precede à Justificação Forense deve ser entendida como Santificação Inicial, cujo ápice é o processo da Purificação; ou seja, a Purificação seria a conclusão da Santificação Inicial (que, como veremos, não corresponde, em seus aspectos, à Santificação que sucede à Justificação Forense).
Como assim? A Santificação Inicial (ou Novo Nascimento) não é a mesma Santificação que sucede à Justificação Forense? Exatamente! A Santificação, durante o Novo Nascimento, foi para TORNAR o pecador justo. Agora, durante a caminhada cristã, é para MANTER o homem justo! Da mesma forma, a Justificação que ocorre paralelamente à Santificação, na vida posterior do crente convertido, não é a mesma, em seu propósito, que a Justificação Forense, ocorrida por ocasião da sua conversão. A Justificação Forense (Justiça Imputada), na Conversão, foi outorgada a despeito da condição inicial do pecador e da ausência de qualquer esforço da sua parte, na transformação da sua natureza humana, para que ele pudesse ser declarado justo, apesar de sua condição pecaminosa. Todo o processo do Novo Nascimento é iniciativa e realização divinas, somente. Porém, na Santificação, a Justiça é comunicada, juntamente com o aplicar do sangue precioso de Jesus, em adição às “penosas lutas” do crente. Então, à medida que ele exerce, com o Poder de Deus, absoluta vitória contra as tentações do pecado, suas propensões pecaminosas vão sendo eliminadas pelo sangue purificador de Jesus. E , pelo comunicar da Justiça de Cristo diretamente sobre o seu caráter, ele vai alcançando, dia a dia, a “medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:13). Ou seja, vai alcançando a medida da perfeição de caráter de Jesus!
George R. Knight comete um erro terrível, ao dizer que a Justificação contínua do pecador, durante a Santificação, é a Justificação Forense somente. Ou seja, que Deus considera o homem justo, mesmo enquanto ele comete pecados ocasionais, involuntários. Deus nunca considerou ninguém perfeito NO pecado! Ele volta a considerar os homens perfeitos apesar de pecarem. Mas, primeiro, precisam confessar e abandonar o pecado cometido! Um homem pode achar que Deus perdoa o mesmo pecado que comete e confessa inúmeras vezes seguidas! Mas, Ele nunca prometeu tal coisa! Um pecado sempre cometido NUNCA foi perdoado, de fato, por Deus! É sobre o pecado confessado e ABANDONADO (vencido) que Deus coloca o selo do perdão! Quanto aos pecados praticados deliberadamente, constantemente, o que acontece é que a Graça de Deus sustenta o pecador, esperando sua renúncia total ao Mal! Se tal não acontecer, sua parte será com os desgraçados e infelizes! Portanto, a Justiça e o sangue de Jesus, não são comunicados, na Santificação, para acobertar pecados; mas, isto sim, para garantir que, se o crente fizer a sua parte, se esforçando para abandonar velhos hábitos, antigas condescendências, afinal, a própria depravação, a fatal corrupção do pecado, será erradicada, definitivamente, da sua natureza pecaminosa; e o seu caráter alcançará a gloriosa expressão do caráter de Cristo!
Assim, o propósito de Deus, para o crente convertido, é que ele avance firme, destemido, até alcançar a total libertação do pecado, o que pode ocorrer muito cedo, em sua vida cristã. O problema é que grande parte dos cristãos (se não todos), atendendo às inclinações malignas da sua natureza pecaminosa, preferem voltar ao “lamaçal” de onde saíram! Confiam naquilo que os pregadores transformaram em um “cheque em branco” para o pecado – o texto de 1Jo 2:1! Mas o fato de Jesus interceder por nós, em nossa caminhada, garantindo-nos o perdão para pecados casuais da nossa imaturidade, não desculpa-nos os “erros” que continuamos cometendo depois de anos na Igreja de Deus! No entanto, pode acontecer que um cristão temente a Deus, que odeia mortalmente o pecado, venha a cair por fraqueza ou ignorância (nos primeiros passos da sua caminhada). Neste caso, ele precisa passar, novamente, pelo processo de Purificação/Santificação, que antecede à Justificação Forense, para poder, mais uma vez, ser tornado justo. E, mais uma vez, ser declarado justo. O caráter abominável da “nova teologia”, defendida, principalmente, por Knight, é que ela torna esse processo muito simples, uma coisa corriqueira, na vida do pecador! Basta apenas pedir perdão, depois de cada pecado! E a Justiça de Cristo vai estar à disposição do ofensor! Mas, seria assim mesmo? Diz o apóstolo Paulo: “É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o Dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa Palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, DE NOVO, ESTÃO CRUCIFICANDO PARA SI MESMOS O FILHO DE DEUS E EXPONDO-O À IGNOMÍNIA” (Hb 6:4-6).
No antigo cerimonial terrestre, não havia perdão sem que, primeiramente, houvesse a morte e o espargir do sangue dentro do tabernáculo. Da mesma forma, o perdão de Deus é concedido, na verdadeira representação celestial do Plano da Salvação, mediante a morte e o espargir do sangue (intercessão) de Jesus. Na cruz, Jesus entregou Sua vida, “uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de Si mesmo, o pecado” (Hb 9:26). Portanto, para a Justificação inicial, na Conversão, Cristo já entregou Sua vida na cruz, de uma vez por todas, por todos os pecadores que aceitarem Seu sacrifício. Mas, quando uma pessoa peca, após ter vindo para a luz da salvação, de certa forma, é preciso que Jesus “morra” novamente, para que ela possa, mais uma vez, ser aceita no favor de Deus. O que Paulo está dizendo, portanto, é que, no caso daqueles que pecam ocasionalmente (odiando o pecado), no início da sua vida cristã, mesmo com grande esforço, o Senhor perdoa e os coloca, mais uma vez, sob Seu favor. Ellen G. White nos dá uma ideia do que custa, para Deus, readmitir um pecador em Sua santa Presença. (texto) Porém, com relação aos que cometem pecados voluntários, acariciados, eles permanecem sem perdão, até que se voltem para Deus com arrependimento genuíno. Ou, na pior das hipóteses, até que encham a medida da sua transgressão e, como Belsazar, tenham seu destino selado para a eterna perdição. Dn 5. A razão para Deus não perdoar pecados cometidos continuamente é que isso demandaria, nas palavras de Paulo e de Ellen G. White, uma demanda tremenda de Poder e de sofrimento, para o Filho de Deus. Não sofrimento físico, obviamente, mas angústia espiritual! De fato, os sentimentos de Cristo, ao ver um pecador se entregando a Ele e, depois, ao vê-lo voltar continuamente à sua velha condição de escravo do pecado, não podem ser os mesmos! Mas Knight faz parecer que sim! Por outro lado, tais considerações devem nos alertar para o fato de que é imperativo abandonar o pecado!
Portanto, se na Justificação Forense, durante o Novo Nascimento, somos justificados “a parte da [obediência à] Lei”, na Santificação, somente poderemos ser justificados (mantidos justos pela Justiça comunicada) se estivermos obedecendo perfeitamente aos Dez Mandamentos. “Santidade significa perfeita obediência à Lei de Deus.”16 E isto não será possível, se não por meio de “penosas lutas”. “Custar-nos-á esforço conseguir a vida eterna. Será somente por meio de longo e perseverante esforço, severa disciplina e renhido conflito que sairemos vitoriosos. Mas, se nós, paciente e decididamente, no nome do Vitorioso que venceu em nosso benefício no deserto da tentação, vencermos assim como Ele o fez, alcançaremos a recompensa eterna. Nossos esforços, nossa abnegação e perseverança devem ser proporcionais ao infinito valor do objetivo que perseguimos.”17 Apenas os que não dão nenhum valor às sublimes riquezas celestiais, podem cruzar os braços ou fazer o mínimo pela sua salvação! Dessa forma, não podemos dizer, como George R. Knight (citando Alister McGrath), que “a única coisa que realmente se pode dizer que contribua para a nossa justificação” “é o pecado que Deus nos perdoa tão graciosamente”. Isso pode ser verdade quanto à Justificação Forense, na Conversão, mas jamais quanto à Justificação que ocorre diariamente, na vida do crente! Esta última não é dada para acobertar pecados, mas para equiparar, gradativamente, a justiça do homem à Justiça de Deus. O que Deus espera, durante a Santificação, é a completa vitória do crente sobre os pecados (atos e pensamentos pecaminosos), enquanto Ele, por Seu sangue, vai eliminando as propensões pecaminosas. Em seu raciocínio final, Knight faz parecer que nossos pecados cooperem com a nossa Justificação, pelo fato de Deus ter o que nos perdoar! Mas vimos que, sem o definitivo abandono do pecado, jamais haverá perdão!
Eis outra verdade perigosa de George R. Knight:
Se uma pessoa peca, isso não significa que ele ou ela deixa de ser filho ou filha da aliança (1Jo 2:1). Isso só acontece quando as pessoas se recusam se arrepender de sua rebelião. A escolha deliberada por uma atitude de rebelião contínua (relação de pecado) contra Deus irá anular a certeza da aliança. Contudo, não saltamos para dentro e para fora da relação de aliança com base apenas em atos pecaminosos individuais. Enquanto decidimos permanecer “em Cristo”, podemos estar confiantes da consumação de nossa salvação.18
Perceba, leitor(a): Acã cometeu UM roubo; Moisés deixou de glorificar a Deus UMA vez, ao bater bruscamente na rocha; Uzá segurou a Arca UMA vez, involuntariamente; o “profeta velho” desobedeceu a Deus UMA vez. Que critérios Deus têm usado, afinal, em relação aos atos pecaminosos? E como conciliar essa afirmação de Knight com esta, de Ellen G. White: “Até ali [até ao pecado com Bate-Seba] o registro de Davi como governante fora tal como poucos reis já o tiveram. Está escrito a respeito dele que “julgava e fazia justiça a todo o seu povo”. II Sam. 8:15. Sua integridade conquistara a confiança e lealdade da nação. Mas, afastando-se ele de Deus, e entregando-se ao maligno, tornou-se durante aquele tempo agente de Satanás.”19 Reflita, leitor(a): Alguém, pecando, pode se tornar “agente de Satanás” e ser considerado, ainda, filho ou filha de Deus? Ellen G. White foi muito clara, a esse respeito. “Mas a história de Davi não fornece defesa ao pecado. Era quando ele andava no conselho de Deus que era chamado homem segundo o coração de Deus. Pecando, isto cessou de ser verdade com relação a ele, até que pelo arrependimento voltasse ao Senhor.”20 Foi somente depois que se arrependeu do seu pecado, que Davi voltou a ser considerado um homem perfeito!
O que precisamos entender é a diferença entre ESTAR SALVO e ESTAR AMPARADO PELA GRAÇA. Uma pessoa que peca (ocasional ou diariamente) se coloca em uma relação de rebelião contra Deus. Se ela se arrepende imediatamente, volta, imediatamente, a ser considerada uma “filha da aliança”, nas palavras de Knight. Mas, se persiste em seu pecado, torna-se, como Davi, “agente de Satanás” e, dessa forma, perde a sua condição de “salvo em Cristo”. Não importa se o pecador passa um dia ou, mesmo, anos, praticando o pecado acariciado. Nessa condição, ele está fora da relação de aliança com Deus. Não está salvo! Esta condição apenas muda, quando ele se volta, arrependido, para Deus. Enquanto isso não ocorre, a pessoa, embora não esteja salva (pode alguém estar salvo no pecado?), está sendo amparada pela Graça de Deus, que espera pela sua decisão final. Por outro lado, a história de Davi mostra, de fato, que podemos “saltar” “para fora da relação de aliança”, graças a apenas alguns atos de pecados individuais. E a de Uzá, graças a apenas UM ATO INDIVIDUAL! Finalmente, é uma temeridade Knight afirmar que, mesmo pecando, “enquanto decidimos permanecer ‘em Cristo’, podemos estar confiantes da consumação de nossa salvação”! Isso não torna Cristo “Ministro do pecado”? O fato de estarmos “em Cristo” e pecarmos, ao mesmo tempo, não corresponde ao que Ellen G. White chamou de “santificação do pecado”?21 Pode alguém pecar e estar “em Cristo”, ao mesmo tempo? Alguém, tendo um relacionamento vital com Jesus, peca? Segundo a “nova teologia”, sim!
Seguindo no mesmo diapasão, George R. Knight afirma: “Ao mesmo tempo em que as pessoas são justificadas, são também regeneradas (nascem de novo), adotadas na família de Deus, entram em uma relação de Aliança com Ele e obtêm a certeza de sua salvação; contanto que decidam permanecer em um relacionamento de fé. Todas essas bênçãos da Graça, cumpre-nos enfatizar, ocorrem no momento em que se aceita Cristo pela fé”.22 Esta afirmação, a exemplo de outras citadas pelo Pastor Knight, peca por apresentar apenas uma parte da verdade. Da maneira como é colocada, pelo teólogo, sugere que apenas o “relacionamento de fé” é importante, na salvação. No entanto, diz a profetisa do Senhor: “A condição de vida eterna é hoje justamente a mesma que sempre foi – exatamente a mesma que foi no paraíso, antes da queda de nossos primeiros pais – perfeita obediência à Lei de Deus, perfeita Justiça. Se a vida eterna fosse concedida sob qualquer condição inferior a essa, correria perigo a felicidade do Universo todo. Estaria aberto o caminho para que o pecado, com todo o seu cortejo de infortúnios e misérias, se imortalizasse”.23 Não! Se tal “relacionamento de fé” não produzir uma vida de perfeita obediência à Lei de Deus, jamais o cristão poderá ter certeza da sua salvação. Jamais obterá, de fato, a alegria de uma vida que jaz escondida em Deus! Apenas a moderna teologia de “Knight & Cia” poderia pensar que tal coisa seja possível! As confissões denominacionais estão cheias de “bons” cristãos que, enquanto quebram a Lei de Deus, professam estar vivendo um “relacionamento de fé” com Cristo! E, me parece, este está se tornando o mal proeminente entre o povo de Deus!
Ao falar sobre a Santificação, George R. Knight, diz o seguinte: “Por fim, levar uma vida cristã, no que diz respeito ao estilo de vida e ao comportamento, não acrescenta nada à salvação da pessoa. Na melhor das hipóteses, esse tipo de vida não passa de uma consequência do ter sido salvo por Cristo”.24
Colocada dessa forma simplista, a afirmação de Knight leva muitos a pensarem que nada precisam fazer, a fim de ganharem a salvação. É algo da natureza que as pessoas sigam a “lei do menor esforço”, na consecução dos seus objetivos. Assim, as palavras de Knight são um estímulo para os adventistas acomodados! Pode ser que, como diz Knight, acertadamente, o bom comportamento e um estilo de vida cristão nada acrescentem ao que Jesus Cristo fez para nos salvar. A salvação tem apenas um método: o sangue de Jesus, derramado na cruz e aplicado em nosso favor, no Santuário Celestial. Mas, por outro lado, sem um comportamento e um estilo de vida cristão, ninguém será salvo. “Satanás leva muitos a crer que Deus não toma em consideração sua infidelidade nas pequenas coisas da vida; mas o Senhor mostra, em seu trato com Jacó, que de maneira nenhuma sancionará ou tolerará o mal. Todos os que se esforçam por desculpar ou esconder seus pecados, permitindo que permaneçam nos livros do Céu, sem serem confessados e perdoados, serão vencidos por Satanás.”25 “Ninguém pense que tem o direito de cruzar os braços e não fazer nada. Que alguém possa ser salvo estando na indolência e inatividade, é uma completa impossibilidade.”26 Sendo assim, embora nada acrescentem ao MÉTODO DE SALVAÇÃO, comportamento e estilo de vida facilitam ou prejudicam o PROCESSO DE SALVAÇÃO! Por isso, Jesus disse ao jovem rico: “Se queres, porém, entrar na vida eterna, GUARDA OS MANDAMENTOS” (Mt 19:17).
George R. Knight segue em frente, com suas verdades ditas de forma inapropriada. Eis outra colocação: “Cristo obteve na cruz a vitória sobre Satanás e sobre o pecado em benefício de cada pessoa que o aceita pela fé. Ele venceu o diabo por meio de Sua vida, morte e ressurreição. O desafio para o cristão não é obter a vitória que Cristo obteve, mas permanecer unido ao vencedor”.27
É preciso serem muito ligados às coisas espirituais, se os leitores de Knight quiserem entender corretamente as suas colocações. Suas afirmações soam, às vezes, confusas, às vezes, envoltas por uma sutileza premeditada. É certo que Jesus “obteve na cruz a vitória” “em benefício de cada pessoa que o aceite pela fé”. Mas isso tem valor apenas para a Justificação Forense, no Novo Nascimento. No momento da sua conversão, o pecador não pode se apegar a nada, a não ser aos méritos de Cristo. Dessa forma, para efeitos da Justificação Forense, a vitória de Cristo precisa ser creditada ao pecador arrependido. Mas, durante a Santificação, ele necessita conquistar “sua” vitória particular! Ou seja, enquanto que, na Justificação Forense, a vitória de Jesus é colocada automaticamente sobre o salvo, na Santificação, ela é conquistada mediante o esforço pessoal do mesmo. Embora deva ser considerado que esse esforço pessoal vem acompanhado da capacitação da Graça, por meio do Poder do Espírito Santo. Da forma como é expresso por Knight, deixa transparecer que o pecador nada precisa fazer, a fim de vencer. Que ele pode ficar de braços cruzados, apenas aceitando, pela fé, a vitória de Cristo! Mas, na Santificação, o que Cristo nos concede não é o esforço pessoal ou a Sua vitória (de forma instantânea), mas o Poder que nos auxilia em nossa luta pessoal, nos levando a vencer como Cristo venceu, e não porque Ele venceu!
Diante de nós temos o exemplo de Cristo. Ele venceu a Satanás, mostrando-nos como também podemos vencer. Cristo resistiu a Satanás com as Escrituras. Poderia ter recorrido ao Seu próprio poder divino, e usado Suas próprias palavras; mas disse: “Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.” Mat. 4:4. Fossem as Sagradas Escrituras estudadas e seguidas, e o cristão seria fortalecido para enfrentar o astuto inimigo; mas a Palavra de Deus é negligenciada, seguindo-se o desastre e a derrota.28
Estudando a Palavra de Deus, como Jesus estudou; praticando a temperança, como Ele praticou; passando horas em oração, como Ele passou; praticando a beneficência, como Ele assim fez; lutando contra as tentações, como Ele lutou; resistindo unicamente no Poder do Espírito, como Ele resistiu. Dessa forma, seremos vitoriosos contra o Mal. Isso é muito diferente de permanecermos satisfeitos com nossa condição miserável; pensando que, afinal, seremos salvos nos nossos pecados, porque Jesus venceu para nós!
A afirmação de Knight, de que “o desafio para o cristão não é obter a vitória que Cristo já obteve, mas permanecer unido ao vencedor”, soa capciosa, enganosa, apesar de conter aspectos verdadeiros. Em primeiro lugar, diz Ellen G. White: “Custar-nos-á esforço conseguir a vida eterna. Será somente por meio de longo e perseverante esforço, severa disciplina e renhido conflito que sairemos vitoriosos. Mas, se nós, paciente e decididamente, no nome do Vitorioso que venceu em nosso benefício no deserto da tentação, vencermos assim como Ele o fez, alcançaremos a recompensa eterna. Nossos esforços, nossa abnegação e perseverança devem ser proporcionais ao infinito valor do objetivo que perseguimos.”29 Sendo assim, o cristão não precisa se esforçar, para conquistar a “sua” vitória pessoal? Pode cruzar os braços, visto que Jesus já venceu por ele, e esse não é o seu “desafio” principal? Pode não ser o “desafio” principal, mas se trata de um tremendo “desafio”! Seu “desafio” é unicamente permanecer “unido ao vencedor”? Sim. Ele precisa permanecer VITALMENTE ligado a Jesus! Esta é a condição suprema para que o justo vença, no Grande Conflito! Sem essa união vital, ele jamais será um vencedor! Mas, o outro desafio, para o salvo, é permanecer lutando, se esforçando, para renunciar às más paixões e superar os maus hábitos. O que Cristo concede é o Poder, não o esforço! Este, o justo precisa empreender, por sua livre-escolha. Afinal, não adianta Jesus conceder o Poder para o crente vencer, se, diante da tentação, ele escolhe pecar!
O fato é que Knight e seus discípulos, ao contrário dos perfeccionistas (que enfatizam a Santificação, em lugar da Justificação Forense, dão demasiada ênfase à Justificação Forense (o declarar justo/Justiça Imputada), em detrimento da Santificação (o tornar e manter justo, por meio da Justiça comunicada)! Mas Cristo jamais vai declarar alguém justo, se ele não se tornou e não se mantém, de fato, justo! E isso apenas é possível se o crente estiver, continuamente, vencendo como Cristo venceu: se apegando decididamente a Deus e renunciando totalmente ao pecado. Quero relembrar que, quando digo que o pecador foi tornado justo, na Santificação/Purificação, isso se refere apenas aos aspectos mentais, morais e espirituais. Quanto à sua natureza física, carnal, por estar ligada à natureza pecaminosa, não pode ser tornada justa antes da Glorificação, embora seja, naquele momento, colocada em um ESTADO DE SANTIFICAÇÃO. Mas, pela Justiça Imputada de Cristo, ele é declarado totalmente justo (Justificação Forense).
Diz George R. Knight: “Visto continuarem a pecar depois do batismo, os cristãos podem se alegrar de possuir um ‘Advogado junto ao Pai’ para continuar mediando o perdão no Santuário Celestial (1Jo 2:1)”.30
Eis, aí, o “cheque em branco”, sobre o qual já falei. A asseveração de Knight torna o texto de 1Jo 2:1 uma espécie de “cheque em branco” para a prática do pecado! Deus chega para o pecador arrependido, entrega o texto de 1Jo 2:1 e diz: “Está vendo isso, aí? É um ‘cheque em branco’! Você somente o preencherá, quando estiver cansado de brincar com o pecado! Mas, não se preocupe em deixar de pecar logo! O valor do seu crédito é muito alto! Portanto, peque o quanto você quiser! Depois, apenas venha e peça perdão! E volte a pecar! E venha, mais uma vez, pedir perdão! Eu vou estar sempre aqui, para lhe perdoar, se você se arrepender!”. É claro que Deus não vai exigir arrependimento! Arrependimento é justamente deixar de pecar! No entanto, o arrependimento é a base do perdão, que precede a Purificação e a Justificação Forense, no instante em que ocorre o Novo Nascimento (Santificação Inicial). Isso nos leva a crer que, sempre que o justo peca, ele deixa de ser justo. Precisa, então, se arrepender do seu pecado, para poder ser perdoado, purificado (santificado, tornado justo) e, então, ser declarado, mais uma vez, justo. Assim, podemos entender, que ocorre, depois de cada pecado cometido, um Novo Nascimento em “miniatura”. E vimos, nas palavras de Paulo e de Ellen G. White, o que isso representa, para Jesus! Por isso, a profetisa do Senhor é categórica: “Só podem esperar obter perdão os que se volvem da transgressão para a obediência”.31 Isso significa deixar o pecado! Portanto, os que continuam pecando, após o seu batismo, jamais foram perdoados! Sendo assim, também jamais foram justificados! O texto de 1Jo 2:1 é um salvo-conduto para aqueles que, no início da carreira cristã, não intencionalmente, cometem algum pecado. Mas jamais poderá ser considerado uma “carta-de-alforria”, um “cheque em branco”, um “bônus”, para o pecador continuar pecando indefinidamente! Então, embora Knight diga que, mesmo para os que continuam pecando (de forma inconsciente) “a vitória é inquestionável”, podemos ter certeza de que não é bem assim!
Logo a seguir, George R. Knight escreve: “Ellen White reforça o que disseram os escritores da Bíblia, quando afirma que, como cristãos, ‘poderemos cometer erros, mas odiaremos o pecado que causou os sofrimentos do Filho de Deus’. Em outro livro, ela torna a escrever: ‘O cristão sentirá as insinuações do pecado, mas sustentará luta constante contra ele’”.32
Não discordo dessa afirmação de Knight, em torno dos textos dos Testemunhos. Mas é preciso definir em que sentido eles foram escritos por Ellen G. White. Knight coloca essas afirmações da profetisa do Senhor dentro do seu conceito de “pecado não para a morte” e “pecado para morte”. Mas não é isso, evidentemente, que ela está falando! Ou teríamos que suprimir muitos dos seus escritos acerca do assunto do pecado, que nos mostram que pecado é pecado e constitui algo que Deus odeia mortalmente! A verdade é que as duas afirmações da profetisa do Senhor se referem a duas fases distintas, na vida do cristão. Na primeira fase, no início da sua vida cristã, ele está vivendo o que chamo de Perfeição Em Cristo. Nesta etapa, ele comete tropeços ocasionais (“erros”), embora odeie o pecado. Apenas quem não se converteu totalmente, pode seguir amando o pecado, após ter tido um encontro com Jesus. Dessa forma, não se converteu de maneira nenhuma! Mas os que foram convertidos passaram a amar o que odiavam e a odiar o que amavam! Assim, o pecado se lhes tornou aborrecível. Mesmo assim, ainda podem “cometer erros”. Então, lhes pertence a promessa de 1Jo 2:1: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo”.
Na segunda fase, o salvo chegou ao que chamo de Plena Perfeição Em Cristo. Ou seja, alcançou perfeição moral e espiritual (perfeição de caráter). Nessa etapa da vida cristã, ele sustentará renhida luta contra as tentações e, pelo Poder de Deus, não pecará. É interessante que a profetisa do Senhor afirma que o salvo “sustentará luta CONSTANTE” contra o pecado. Perceba, leitor(a): CONSTANTE! Agora, pense: Se um cristão, com a ajuda do Espírito Santo, pode manter luta constante e vitoriosa contra o pecado consciente, voluntário (e só se pode entender que ele deixou de pecar, ou não existe vitória), Deus, que é muito mais poderoso, não seria capaz de mantê-lo a salvo dos pecados inconscientes, involuntários? Se Sua Graça não trabalhar nos aspectos interiores, primeiramente, como o salvo será capaz de vencer, quanto aos exteriores? Destarte, ao alcançar completa vitória contra o pecado exterior, o justo também evidencia a completa mudança interior operada por Deus. Portanto, apesar de cometermos “erros”, no início da nossa vida espiritual, à medida que resistimos às pressões das tentações, as propensões do pecado são enfraquecidas. Finalmente, serão totalmente eliminadas pelo constante aplicar do sangue de Jesus. Teremos alcançado a Plena Perfeição Em Cristo. Então, apesar de ainda podermos pecar, seremos mantidos afastados das práticas pecaminosas. Mas Knight e seus discípulos pretendem que passaremos a vida inteira pecando!
Vamos a outra afirmação de George R. Knight: “Visto que o pecado permanece nos crentes, também permanecem a confissão, a santificação e a justificação”.33 Em primeiro lugar, pergunto: Que “pecado” permanece nos crentes? Knight necessita ser mais específico! Ele está falando do pecado como a depravação natural do coração, a corrupção com suas paixões pecaminosas? Ou do pecado como os atos e pensamentos pecaminosos? Se ele está se referindo ao pecado como a depravação natural, com suas paixões pecaminosas malignas, então, posso concordar. Apesar de ferida, a natureza pecaminosa, com a corrupção inerente do pecado e suas paixões (malignas e normais), é mantida na natureza humana; esta, ou transformada (aspectos mentais, morais e intelectuais), ou posta em um ESTADO DE SANTIFICAÇÃO (aspecto físico), na Conversão. Pouco a pouco, mediante a luta pessoal do crente, para resistir às tentações, bem como pelo comunicar da Justiça de Deus sobre o seu caráter e pelo aplicar do sangue de Jesus sobre sua natureza contaminada, tais propensões malignas vão sendo subjugadas. Por ocasião do fechamento da Porta da Graça (no caso dos adventistas do sétimo dia, antes do Selamento e da Chuva Serôdia), elas terão sido completamente eliminadas pelo sangue de Jesus.
Agora, quanto às práticas pecaminosas, já mostrei, no comentário anterior, a dinâmica referente às mesmas. Embora a Confissão (o salvo sempre se confessará um pecador, mesmo não mais pecando, diante de Deus), a Santificação e a Justificação permaneçam, o caráter das duas últimas, como mostrei, não é o mesmo, durante a caminhada do cristão convertido, que aquele no momento da sua conversão. A Santificação Inicial, que precedeu à Justificação Forense, foi para TORNAR JUSTO, SANTO (por meio do processo de Purificação), o pecador. A Santificação que sucede à Justificação Forense é para MANTÊ-LO JUSTO, SANTO! Por meio da conversão diária, as faculdades mentais, morais e espirituais são mantidas, pelo poder da Graça de Deus, em uma condição santa, impecável. Ellen G. White está certa, quando diz que “não existe tal coisa como seja santificação instantânea”.34 Mesmo o processo de santificação (por meio da Purificação) que ocorre por ocasião do Novo Nascimento não é instantâneo. O processo de santificação não começou com a Purificação, mas anteriormente; quando, pela fé, o pecador passou a sentir necessidade de Deus, a confessar e a se arrepender de seus pecados. A Purificação foi apenas o clímax da obra santificadora inicial; preparando o crente para a Santificação propriamente dita (como oitavo passo da Justificação Pela Fé).
A Justificação Forense, no momento do Novo Nascimento, foi apenas a declaração, por meio da Justiça Imputada de Cristo, da idoneidade do crente (já tornado justo mental, moral e espiritualmente). Mas a Justificação que se processa paralela à Santificação vai além. Não é apenas a declaração de idoneidade do justo. É o comunicar da Justiça de Cristo ao próprio pecador, para que, afinal, ele reflita a perfeita Justiça, o perfeito caráter de Cristo. Quando essa obra terminar, o crente terá alcançado a “medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:13). Agora, como seria possível um justo receber a Justiça de Cristo e pecar, ao mesmo tempo? Alguém, que tenha chegado à mesma condição de perfeição moral e espiritual de Jesus, poderá continuar pecando, ainda que de forma inconsciente? Pecava, Jesus, de forma inconsciente?
Vejamos outra citação “verdadeira” de George R. Knight: “O primeiro equívoco é conceber a santificação como uma lista de permissões e proibições. Para os cristãos que pensam assim, a essência da vida santificada se restringe a não comer entre as refeições ou não usar determinados tipos de roupas. Para essas pessoas, a vida cristã consiste apenas em seguir rigidamente uma lista de regras muito semelhantes às observadas pelos fariseus do passado”.35 O próprio Jesus apresentou as exigências do Evangelho “como uma lista de permissões e proibições”! No “Sermão do Monte”, Ele ampliou as exigências (os “direitos” e “deveres” dos homens) da Lei. Ao jovem rico, quando este perguntou sobre quais mandamentos (ele devia, sim, estar preocupado com as ridículas exigências das leis farisaicas) deveria guardar, Jesus lhe apresentou a “lista de ‘Nãos’” do Decálogo. Mt 19:18. Ao contrário de Knight, Jesus considerava as “leis” muito importantes! Ou será que Ele sabia que, embora existam princípios mais amplos na Lei, aos quais os homens são levados a transgredir, as tentações que implicam nessa transgressão maior, são específicas, segundo as disposições de cada ser humano? Então, se, por um lado, não podemos, como os fariseus, andar continuamente com uma “lista de permissões e proibições” nas mãos, esquecendo do principal (comunhão com Cristo), por outro, jamais devemos deixar de examinar o nosso coração à luz dos santos preceitos do Decálogo! Afinal, se o orgulho farisaico era um pecado terrível, a presunção liberalista também o é! E presunção é o pecado da Igreja, nestes dias! Principalmente, quanto ao vestuário! Estimuladas por pensamentos semelhantes aos de Knight, por exemplo, as mulheres adventistas julgam não ser muito importante o tipo de vestuário que devem usar. Então, não se sentem culpadas por usar a “calça feminina”, por exemplo, que Deus declara ser uma abominação! “Há uma crescente tendência de as mulheres serem em seu vestuário e aparência tão semelhantes ao outro sexo quanto possível e de confeccionarem seu vestuário muito semelhante ao do homem, mas Deus declara que isso é uma abominação.”36 Talvez Knight precise enunciar seus conceitos de forma que não deem margem a interpretações equivocadas! A menos que seja esta, a intenção!
Vejamos, agora, outra colocação de Knight sobre Santificação: “Santificação é nada menos do que o processo pelo qual os cristãos se tornam progressivamente mais amáveis”.37 Se a Santificação corresponde apenas a isso, não estranhemos o grau de “amabilidade” que vemos na Igreja, em nossos dias! Trata-se de uma “amabilidade” impressionante! Em meu estudo (futuro livro) Em Busca Da Excelência De Caráter – Do Perfeccionismo E Do Liberalismo Para A Plena Perfeição Em Cristo, no capítulo “O PERFEITO AMOR QUE OBEDECE”, trato da natureza do Amor divino (escrevo assim, sempre com inicial maiúscula). O “amor” que estamos vendo, entre o professo povo adventista do sétimo dia (fruto das novas incursões teológicas de Knight), é uma imitação grotesca do Amor de Deus! É uma afronta que encobre os piores pecados! Esse “amor” da “nova teologia”, não é o Amor de Deus, da mesma forma que a “justiça” dos fariseus não correspondia à Justiça de Deus! É, isto sim, o “amor da Lei”! E, como a “justiça da Lei”, dos fariseus, é desprovido do verdadeiro fruto da obediência legítima aos Mandamentos: Amor a Deus e aos homens. Os crentes modernos transgridem a Lei tão certamente quanto os fariseus do passado. E o fazem sob a alegação de que o importante é o “amor da Lei” e não a “justiça da Lei”, como alegavam os fariseus! Quebram os Mandamentos da Lei de Deus professando amarem a Deus! Que pecado pode ser maior do que este?
Sim, Pastor George R. Knight! Pela Santificação, os crentes se tornam cada vez mais amáveis. Mas, qual a verdadeira natureza do Amor? “Se Me amais, guardareis os Meus Mandamentos” (Jo 14:15). No entanto, o “amor” da “nova teologia” é um estímulo à desobediência! Que “amor” é este, que quebra os Mandamentos de Deus? Que considera a Lei de Deus como “leis”? Não estranhemos, pois, a condição da Igreja! Não estranhemos a forma como os ritos da Igreja (Santa Ceia e Batismo) são profanados desavergonhadamente! É o “amor” da “nova teologia” em ação!
À página 127, está escrito o seguinte:
A boa nova é que “já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1). “Se Deus é por nós, quem será contra nós? […] É Deus quem os justifica [considera-os justos]. Quem os condenará?” Cristo “está à direita de Deus” para interceder “por nós”. Nada pode separar os que estão “em Cristo” do amor de Deus (v. 31-39; cf. Zc 3:1-5). O cristão, portanto, pode olhar com paz e alegria para os atos finais do juízo.
O que significa estar “em Cristo Jesus”? Significa apenas estar em um “relacionamento de fé” com Ele? Crendo que, independentemente do nosso comportamento, do nosso estilo de vida, Ele, afinal, vai-nos “declarar justos”? Ou significa, conforme a Palavra de Deus, que “aquele que diz que permanece nEle, esse deve também andar assim como Ele andou” (1Jo 2:6)? E como andou Jesus? Ele andava pecando? Ele pecou inconscientemente? Ou Ele era sem pecado? E qual deve ser a condição dos que andam como Jesus andou?
O verdadeiro discípulo de Cristo procurará imitar o Modelo. Seu Amor conduzirá à perfeita obediência. Empenhar-se-á em fazer a vontade de Deus na Terra, assim como ela é efetuada no Céu. Aquele cujo coração ainda está maculado pelo pecado não pode ser zeloso de boas obras; e não tem o cuidado de abster-se do mal, não é vigilante sobre seus próprios motivos e conduta, não é cioso de sua língua desenfreada; não tem o cuidado de negar-se a si mesmo e tomar a cruz de Cristo. Essas pobres pessoas iludidas não observam os primeiros quatro preceitos do Decálogo, que definem o dever do homem para com Deus, e também não observam os últimos seis Mandamentos, que definem o dever do homem para com os seus semelhantes.38
Não! Os cristãos não podem apenas andar em um “relacionamento de fé” com Jesus! Isto é muito perigoso! É preciso estar, também, vivendo em um relacionamento de PERFEITA OBEDIÊNCIA à Lei de Deus, aos Dez Mandamentos! Jesus jamais vai “declarar justo” quem viveu para transgredir os Seus Mandamentos, confiando apenas em uma suposta Justificação Forense! “Santidade significa perfeita obediência à Lei de Deus. Aqueles que não atentam para essa Lei, a não ser para derribá-la por suas ações não santificadas, estão em rebelião contra Deus e não podem ser santos.”39 Um único pecado, não confessado e abandonado, pode determinar a perdição eterna do transgressor! “Brevemente Deus vindicará Sua justiça perante o Universo. Sua Justiça requer que o pecado seja punido; Sua misericórdia consente que o pecado será perdoado mediante arrependimento e confissão. O perdão pode vir somente mediante Seu unigênito Filho; somente Cristo pode expiar o pecado – e tão-somente quando o pecado é objeto de arrependimento e abandonado.”40 Precisamos nos “tornar justos”! E permanecermos justos diante do Senhor! Quem não se arrependeu, verdadeiramente, dos seus pecados (confessando-os e os abandonando), jamais poderá “olhar com paz e alegria para os atos finais do juízo”! “Pelo contrário”, diz Paulo aos hebreus, haverá apenas “certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários” (Hb 10:27)! E para nós, adventistas do sétimo dia, “os atos finais do juízo” estão prestes a ocorrer. Logo, ocorrerá o selamento do “Remanescente Fiel” Adventista do Sétimo Dia (que foi vindicado, primeiramente, no Juízo Investigativo). Então, mais nada poderá ser feito pelos indolentes!
Foi-me mostrado que, se o povo de Deus não fizer esforços, de sua parte, mas esperar apenas que sobre eles venha o refrigério, para deles remover os defeitos e corrigir os erros; se nisso confiarem para serem purificados da imundícia da carne e do espírito, e preparados para tomar parte no alto clamor do terceiro anjo, serão achados em falta. O refrigério ou poder de Deus só atingirá os que se houverem para ele preparado, fazendo o trabalho que Deus ordena, isto é, purificando-se de toda a impureza da carne e do espírito, aperfeiçoando-se em santidade, no temor de Deus.41
Perceba, leitor(a): Devemos (nós, os adventistas do sétimo dia) ser purificados (antes da Chuva Serôdia) “de toda a impureza da carne e do espírito”. Portanto, não se trata de vencer apenas pecados conscientes, voluntários, e inconscientes, involuntários! É a própria corrupção da carne (natureza maligna do pecado) que deve ser eliminada! Você percebe o perigo que estamos correndo?
George R. Knight afirma o seguinte: “Com base no que falam algumas pessoas, seria possível supor que a tentação tem relação com saber se devemos ou não usar um anel de casamento, comer queijo ou roubar um carro. Essas coisas podem ou não ser tentações, mas não são a TENTAÇÃO”.42
Por aí, leitor(a), é compreensível a conduta transgressora do povo que professa guardar os Mandamentos da Lei de Deus! Knight criou uma dinâmica de TENTAÇÃO>tentações para compatibilizar com os conceitos de PECADO>pecados, LEI>leis e JUSTIÇA>justiça. É interessante que ele não tenha formulado o conceito de AMOR>amor. Será que é porque percebeu que, afinal, a sua “nova teologia” gera “amor”, e não AMOR? Bem, ele sugere que é a TENTAÇÃO que importa, e não as tentações. Não devemos nos preocupar em não roubar, em não cobiçar, em não dar falso testemunho, em não adulterar. Isso não é a TENTAÇÃO! Tais coisas são apenas tentações! Mas o que importa é a TENTAÇÃO! Bem, leitor(a), penso que você vai passar o tempo tão preocupado com a TENTAÇÃO, em entender o que é a TENTAÇÃO, que não vai se preparar para vencer as tentações! É por isso que, preocupados com a TENTAÇÃO, os cristãos estão adulterando, tomando café, erva-mate; indo nas baladas, nos cinemas; tomando bebidas alcoólicas e usando roupas indecentes; promovendo eventos repletos de misticismo e mundanismo, nas igrejas! Mas, não ousam deixar Deus de lado, porque essa seria a TENTAÇÃO! Continuam na Igreja, com seus pecados! Alguns, talvez, estejam esperando a TENTAÇÃO chegar! “Quando a TENTAÇÃO chegar, procure vencê-la! Quando você estiver cansado de viver a vida de miséria espiritual, dentro da Igreja, e se sentir inclinado a apostatar, resista a esse sentimento perverso, pois isso seria a TENTAÇÃO!”, grita a “nova teologia”! Para a maioria, porém, a TENTAÇÃO nunca chega! O que chega são as tentações! E os adventistas sequer estão preocupados em vencê-las! Por quê? Porque o importante é a TENTAÇÃO!
Já tenho dito que o próprio Jesus foi tentado com tentações específicas! Ele foi “tentado em todas as coisas”, como nós somos. Hb 4:15. Isso sequer seria possível, se Jesus não houvesse sido tentado de forma específica. Ele não sofreu as mesmas tentações que nós, obviamente (em Sua época, não existiam o cinema, o televisor e o celular)! Mas experimentou tentações que tinham a ver com cada aspecto da natureza humana (emocional, mental, moral e espiritual). Em todas, Ele foi “sem pecado” (Hb 4:15).
Lemos esta outra “verdade” de George R. Knight (citando Marvin Moore): “Perfeição deve ser considerada mais como um estado, um relacionamento com Jesus, uma forma de viver, do que um ponto que se pode medir para saber se foi alcançado”.43
Os pensamentos precisam ser adestrados. Cingi os lombos do entendimento a fim de que ele trabalhe na direção certa e segundo planos bem elaborados; então todo passo é de avanço e nenhum esforço ou tempo é perdido em seguir ideias vagas e planos a esmo. Devemos considerar o alvo e objetivo da vida, e sempre ter em vista propósitos dignos. Cada dia os pensamentos devem ser adestrados e mantidos em direção ao alvo como a bússola para o pólo. Cada um deve ter seus alvos e propósitos, e fazer então com que todo pensamento e ação dessa natureza realize o que ele se propôs. Os pensamentos precisam ser controlados. Deve haver firmeza de propósito para cumprir o que se pretende empreender.44
Seja sincero, leitor(a), ao responder para si próprio(a): Perfeição deve ser considerada como o quê, mesmo?
Será que a profetisa do Senhor não foi informada de que a perfeição não é um ponto de chegada, um alvo estabelecido e que deve ser alcançado? Ou será que a perfeição é uma linha ascendente, com pontos de chegada em seu percurso? Está claro que existem níveis de perfeição que devem ser alcançados, durante nossa caminhada espiritual. Na Terra, somos chamados à Perfeição Em Cristo, primeiramente, por meio da Conversão e do Novo Nascimento. O passo seguinte é a Plena Perfeição Em Cristo, quando o crente atingirá a perfeição moral e espiritual (perfeição de caráter) (em meu estudo Em Busca Da Excelência De Caráter – Do Perfeccionismo E Do Liberalismo Para A Plena Perfeição Em Cristo, explico como isso ocorre, à luz da Palavra de Deus). Paulo se refere a esses dois tipos de perfeição, em Fp 3:12 e 15. No verso 12, ele se refere à Plena Perfeição Em Cristo, que ele buscava obter e que alcançou, segundo 2Tm 4:7-8. No verso 15, ele se refere à Perfeição Em Cristo, que ele já possuía e, por isso, se dizia perfeito. Na Glorificação, atingiremos o terceiro e final estágio na busca da perfeição, a Perfeição Total, com a eliminação da natureza pecaminosa e com a restauração do nosso corpo mortal, corruptível.
Passaremos, então, a sermos totalmente perfeitos, como Deus é perfeito! Não pode haver algo mais perfeito que Deus, obviamente. Mas algo menos perfeito que Deus não subsiste em Sua Presença! É preciso dizer que essa igualdade de perfeição está relacionada ao grau de perfeição, e não ao potencial da perfeição. Para entendermos, imaginemos dois motores hidráulicos recém-comprados e com potências diferentes. Embora ambos possuam a mesma perfeição de fábrica, certamente, um deles terá maior capacidade de realização do que o outro. Deus não faz nada menos perfeito do que Ele próprio! Porém, jamais faria algo mais poderoso do que Ele mesmo! Ele colocou, no homem, o sinete da Sua própria perfeição. Mas limitou-o à condição de ser criado! O pecado obliterou a perfeição divina colocada no homem, e o plano de Deus é que ela seja restaurada, para que aquele possa estar, mais uma vez, apto para habitar nas cortes celestiais, na presença da santidade divina.
No Céu, continuaremos crescendo, de fato. Mas não se trata de um crescimento para nos tornarmos perfeitos! Trata-se de um aprimoramento constante da perfeição JÁ obtida, totalmente, na Glorificação. Aqui, precisamos lembrar que a Glorificação não corresponde apenas à eliminação da natureza pecaminosa e à restauração do nosso corpo mortal, no momento da volta de Jesus. Ela se estende um pouco além, até que todos os salvos tenham chegado à mesma estatura de Adão. Somente, então, poderemos dizer que estamos totalmente perfeitos, no nível de nossa humanidade plena. Sendo assim, precisamos entender que o nosso crescimento, no Céu, não será relacionado ao GRAU de perfeição, que será o mesmo de Deus (algo menos perfeito do que Ele não subsiste em Sua Presença), mas ao POTENCIAL da perfeição, o qual aumentará continuamente. Porém, sem jamais chegar ao potencial da perfeição de Deus, que, além de ser inerente a Ele (a nossa perfeição é derivada dEle), se estende ao Infinito, justamente por ser, Ele, Deus!
Ainda falando sobre o tema da perfeição, diz o Pastor Knight:
Ser perfeito como o Pai é perfeito, de acordo com os versos 43 a 47, significa amar (agapao) não apenas os amigos, mas também os inimigos. “Amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste” (v. 44, 45). A passagem paralela de Lucas reforça essa ideia. “Sede misericordiosos”, ordenou Jesus no contexto de amar os inimigos (Lc 6:27-35), “como também é misericordioso vosso Pai” (v. 36). Portanto, os escritores dos evangelhos equiparam o ser misericordioso com o ser perfeito. Assim como Deus enviou Cristo para morrer por Seus inimigos (Rm 5:6, 8, 10), também devem seus filhos imitar o Seu amoroso coração.45
Os adventistas do sétimo dia precisarão, primeiramente, reaprender a amar os seus próprios irmãos de fé! E, conforme veremos, a “teologia do sermão do monte” está muito longe de realizar essa obra de restauração do amor entre os irmãos adventistas, quanto mais levá-los a amar os seus inimigos! Podem amá-los na teoria, mas na prática, como nos dias dos Juízes, cada um faz o que “acha mais reto” (Jz (17:6)! Cada um faz, na verdade, o que é “do seu jeito”, “do seu interesse”, contrariando o conceito de “amor” da “nova teologia”!
Qual foi a tragédia dos fariseus? Foi que eles, seguindo sua própria “escola de interpretação bíblica”, criaram uma série de interpretações e “leis” complementares à Palavra de Deus. Eles criaram, inclusive, a “Teologia da Justiça da Lei”, pela qual julgaram poder serem salvos! E, assim, se esqueceram do “amor da Lei” e, consequentemente, do Amor de Deus. Qual é a tragédia da moderna teologia adventista, representada por Knight? É que ela não é fruto da salutar interpretação da Bíblia, por meio do Espírito Santo! Ela nasceu do eruditismo pernicioso, condenado por Ellen G. White, o qual se baseia nas normas exegéticas, em regras hermenêuticas e termos aramaicos, hebraicos e gregos. Não é o Espírito Santo que nos mostra o tipo de amor com que devemos amar a Deus e aos semelhantes. São palavras como “agapao”, “teleios”, “telos”! Tais palavras podem nos dar uma pálida ideia do Amor de Deus. Mas não estabelecem seu correto significado (que apenas o Espírito de Deus, por revelação, pode dar). E, tampouco, são capazes de encher o nosso coração de amor!
Ellen G. White foi taxativa, sobre o eruditismo de Knight e de muitos outros teólogos adventistas e não adventistas: “As muitas invenções humanas para explicar a Palavra, fazendo com que os alunos a compreendam através dos argumentos de homens eruditos, constituem um erro. Deus não fez com que a aceitação do Evangelho dependesse de argumentos”.46 Em seu livro, Knight raramente faz menção ao Espírito Santo, como a fonte das suas ideias teológicas. No entanto, quase metade do livro se resume a citações de outros teólogos, filósofos, enfim! São essas “sumidades”, e não o Espírito de Deus, que conferem autoridade aos conceitos de Knight. No entanto, o que diz o Espírito de profecia, sobre isso? “Devemos ter a percepção de que, a menos que sejamos ensinados pelo Espírito Santo, não entenderemos corretamente a Bíblia; pois ela é um livro selado até para os er6tuditos, que são sábios aos seus próprios olhos.”47
Baseado nessas elucubrações humanas, os liberalistas, como os fariseus, criaram a sua “teologia”. A “Teologia do Amor da Lei”. E, assim, se esqueceram da “justiça da Lei” (que se torna evidente pela “letra da Lei”)! E, consequentemente, da Justiça de Deus! Fizeram o oposto dos fariseus! Como estes buscaram salvação pela “justiça da Lei”, os liberalistas estão buscando a salvação por meio do “amor da Lei”! É por isso que toda a sua retórica enganosa se resume em amar, em ser misericordioso! Mas, de que tipo era a “justiça” dos fariseus? E de que tipo é o “amor” dos liberalistas? Do mesmo tipo! Ambos resultam, afinal, na desobediência aos Mandamentos da Lei de Deus! Ambos se esquecem, afinal, da Justiça de Deus! Knight precisa ter em mente que, em Mt 5:48, Jesus estimulou, sim, os homens a que praticassem misericórdia, que amassem, se quisessem ser perfeitos como Deus. Mas Ele também os estava advertindo a que fossem justos! Afinal, um pai, por amor a um filho que está passando fome, pode assaltar a padaria da esquina! O “Sermão do Monte”, ao contrário do que Knight quer nos fazer crer, não respira apenas Amor! Há muitas citações de Jesus transpirando a Sua Justiça! E esta Justiça virá, de forma terrível, sobretudo aos que pisaram a Sua Santa Lei, amparados por uma “teologia” de feitura humana!
Nesta linha de pensamento, acerca da perfeição, diz o Pastor Knight:
A única outra vez em que os evangelhos utilizam a palavra perfeição é na conversa de Cristo com o jovem rico. Você deve se lembrar que, em seu desejo de ganhar a vida eterna, o homem fora a Cristo com uma lista de suas realizações no tocante à observância dos Mandamentos. Mas, por achar que ainda não havia feito o suficiente para ganhar o prêmio, perguntou a Jesus o que ainda precisava fazer. A resposta foi: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-Me” (Mt 19:16-21).48
Antes, porém, no verso 18, Jesus apresenta a “lista de regras”, de “Nãos”, as “minudências” da Lei (ou “leis”, no dizer de Knight)! Ou seja, Jesus não estava apenas apelando ao jovem que fosse amoroso, mas que fosse justo. Há muita gente “amorosa” que, no entanto, não é justa, diante de Deus! A Justiça não é obtida por supostos atos de amor, somente; mas, também, por cumprirmos os preceitos da Lei de Deus. Afinal, existem os que praticam atos de “amor”, quebrando os Mandamentos, como o ladrão que rouba o mercado para matar a fome do filho, ou o homem que assassina a ex-mulher porque não suportaria vê-la com outra pessoa! Ao contrário do que faz o Pastor Knight, Jesus não criticou a “lista de realizações” do jovem rico. De fato, Ele até a aprovou, ao apresentar seu correspondente “negativo”! Aliás, aquele jovem observava estritamente os Mandamentos, o que sugere que ele deveria, sim, auxiliar os menos favorecidos, embora o fizesse com o objetivo de alcançar méritos aos olhos humanos e justificação própria. Era sua afeição espiritual que estava mal direcionada! Ele punha seu amor e sua confiança no dinheiro, e não em Deus! Foi este equívoco que Jesus quis desfazer e, por isso, sugeriu que ele vendesse ou desse tudo o que tinha. Ele escolheu manter sua visão equivocada! Jesus jamais quis mostrar que a prova maior do discipulado seria amar os inimigos ou quem quer que seja, porque Ele também disse: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a Mim não é digno de Mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a Mim não é digno de Mim” (Mt 10:37). E a demonstração clara do nosso Amor a Deus é a obediência aos Seus Mandamentos. Jo 14:15.
Ainda outro pensamento de George R. Knight, acerca da perfeição: “A essa altura, é fundamental perceber que perfeição bíblica é uma qualidade mais positiva do que negativa. A essência da perfeição não é se abster de certas coisas e práticas, mas realizar atos de amor resultantes de uma relação com Cristo. É viver a vida diária demonstrando amor a Deus e ao próximo de forma semelhante à de Cristo”.49
O que o Pastor Knight, de fato, está dizendo, é que você, leitor(a), não precisa ficar relacionando, tudo o que faz, com a Lei de Deus, com sua lista de “não faça isso”, “não faça aquilo”! Isso é uma coisa muito chata! Trata-se de uma perspectiva “negativa” de viver o Cristianismo! Esqueça a Lei de Deus! Pare de ficar pensando que você não deve adulterar! Que você não deve roubar! Viva o lado “positivo” do Cristianismo! Se preocupe apenas em amar! Você não vai ser perfeito por considerar a vida cristã como o cumprimento das exigências de Deus! Faça como Cristo! Apenas demonstre amor em sua vida diária! Não se preocupe se você irá cair na próxima tentação! A propósito, a vida diária de Cristo não envolvia lutar contra as tentações, contra o pecado? Era somente amar os semelhantes? E como ele lutava contra as tentações, sem considerar as exigências da Lei de Deus? Medite, sinceramente, leitor(a)!
Creio que um texto de Ellen G. White nos mostrará a fragilidade dessa verdade. “Não há nenhum ser humano que seja suficientemente sábio para ser nosso critério. Devemos olhar para o homem Cristo Jesus, o qual é completo na perfeição da Justiça e santidade. Ele é o Autor e Consumador de nossa fé. Ele é o Homem exemplar. Sua experiência é a medida da experiência que devemos obter. Seu caráter é nosso modelo.”50 Em primeiro lugar, a profetisa do Senhor sugere que não devemos basear nossa conduta, nossa crença, enfim, nos critérios humanos. Principalmente, quando eles são estabelecidos segundo pressupostos puramente racionais, seguindo a metodologia dos homens, e não as orientações divinas! Não há quase nada de verdadeiramente espiritual, nos ensinos teológicos de Knight! O que existe é mistura da Verdade com o erro, como já temos notado! E há bastante, ainda, para se notar! Em segundo lugar, Jesus deve ser o único Modelo, na busca da perfeição e santidade. Não podemos olhar para homem algum, com a intenção de tê-lo como exemplo do que seja uma vida santa! Como o ideal daquilo que podemos alcançar! Jesus é este Ideal, o qual vai sempre mais para cima e além!
Dentro das palavras de Knight, surgem algumas perguntas: Jesus buscou a perfeição apenas segundo a sua qualidade “positiva”? Ele não considerou a qualidade “negativa” da perfeição? Ele disse: “Tenho guardado os Mandamentos de Meu Pai e no Seu Amor permaneço” (Jo 15:10). Como Jesus guardaria a Lei de Deus, se não atentasse para a “letra da Lei”, cada um dos preceitos da mesma? Jesus Se preocupou apenas em “realizar atos de amor”? E a destruição dos cerca de dois mil porcos dos gerasenos? Lc 5:13. Aos olhos destes, foi um “ato de amor”, da parte de Jesus? Ou foi um ato da Sua Justiça, devido à quebra de um dos preceitos da Sua Lei? Está claro que Jesus considerava a seriedade da Lei de Deus e, por ela, não apenas praticava os mais sublimes “atos de Amor”, como, ainda, Se abstinha de tudo o que não condizia com a Justiça de Deus! Se não fosse importante a abstenção, a renúncia de certas coisas e práticas, na vida cristã, Paulo não teria dito: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas” (1Co 6:12). Alguns usam essas palavras paulinas para justificarem sua conduta desenfreada, libertina, visto que tudo lhes foi permitido por Deus. Mas o que o apóstolo, realmente, está dizendo é que, pelo uso do meu livre-arbítrio, eu tenho o direito de fazer tudo o que me der “na telha”; mas, pela minha entrega pessoal a Cristo, eu tenho o dever de repudiar, de me abster de tudo aquilo que está na contramão de uma vida santificada! Será que é por causa das implicações da “nova teologia” adventista, sutilmente liberal, que o pecado grassa, como uma lepra, dentro da Igreja? As pessoas, finalmente, entenderam que perfeição não é abster-se de “certas coisas e práticas”?
Creio que temos visto o suficiente, em relação às verdades ditas, de forma inadvertida, por George R. Knight. Embora existam elementos que não podem ser contestados, essas afirmações, ou minimizam a importância de importantes conceitos da salvação, ou sugerem, sutilmente, um comportamento totalmente fora do padrão estabelecido por Deus, em Sua Lei. Isso já deve nos levar a pensarmos seriamente nas implicações das mesmas! A partir de agora, me dedicarei a considerar certas afirmações do Pastor Knight que ferem, direta ou indiretamente, a Verdade da Palavra de Deus e dos Testemunhos. Que possamos, da mesma forma, fazermos a devida consideração!
MENTIRAS MALDITAS
São muitas, as afirmações de George R. Knight, que estão na contramão da Verdade bíblica. Elas vão desde a distorção de importantes verdades da Palavra de Deus e dos Testemunhos, até a negação (direta ou indireta) dessas mesmas verdades. Vou apenas me preocupar em considerar as principais. Meu objetivo, leitor(a), é apenas apontar os perigosos equívocos que podemos cometer, por não procurarmos descobrir a Verdade por nós mesmos e nos contentar em apenas seguir as palavras dos “mestres”.
À página 58 do seu livro, George R. Knight afirma: “Em suma, a Lei [no original, lei] revela que temos um problema sério em nossa vida, mas não apresenta soluções. A única coisa que ela faz é deixar uma sentença de morte pendurada sobre a cabeça das pessoas. Foi por isso que Paulo ficou bastante incomodado ao ver que as pessoas tentavam usar a Lei [lei, no livro de Knight] para obter salvação (Gl 3:1-3)”.
À luz dessa descrição da Lei, feita por Knight, não estranhemos as reações das pessoas para com a Lei de Deus! Jesus veio “engrandecer a Lei e fazê-la gloriosa” (Is 42:21), mas o Pastor Knight, com sua “teologia do sermão do monte”, veio para estimular os membros da própria Igreja que se diz “Depositária da Verdade Presente” a pisá-la a pés! Diz Ellen G. White: “‘A Lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados’. Gál. 3:24. Nesta passagem, o Espírito Santo, pelo apóstolo, refere-se especialmente à Lei Moral. A Lei nos revela o pecado, levando-nos a sentir nossa necessidade de Cristo e a fugirmos para Ele em busca de perdão e paz mediante o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo”.51 Responda, leitor(a): A Lei “não apresenta soluções”, de fato? Ela não tem propósito algum, verdadeiramente, a não ser nos deixar assustados, como se estivéssemos com uma espécie de “espada de Dâmocles” sobre nossas cabeças? A Sra. White faz questão de ressaltar que Paulo está se referindo, nesse texto de Gálatas, à Lei Moral. Sim! Porque, de modo geral, essa epístola se refere à “Lei Cerimonial”, a qual, de fato, os judeus procuravam, ainda, cumprir, para serem salvos! Não se trata da Lei Moral, como pretende Knight! Por aí, se percebe de onde vem a “inspiração” para a formulação dos conceitos da “nova teologia”!
Afirma George R. Knight: “A essa altura, é importante destacar o fato de que o juízo não avalia as obras a partir da perspectiva das definições farisaicas de pecado e de justiça ou a partir da concepção legalista do farisaísmo moderno. O pecado e a justiça, conforme observamos anteriormente, são formas de relacionamento com Deus e com os princípios de Sua Lei e Seu caráter”.52
Para enxergarmos a falsidade escondida por trás dessa afirmação, precisamos discernir, também, o que Knight quer dizer por “definições farisaicas de pecado e justiça” e por “concepção legalista do farisaísmo moderno”. Para ele, isso denota tanto as tentativas dos fariseus, do passado, de conquistar a salvação por meio da “letra da Lei” quanto a moderna crença perfeccionista de que é possível viver sem pecar, por meio da estrita observância dos Dez Mandamentos. É claro que isso, à luz do Evangelho, é uma afronta direta ao que Cristo fez e ainda faz, em nosso favor! A salvação apenas é obtida por meio de fé no sacrifício de Jesus e em Seu ministério no Santuário Celestial, onde intercede em nosso favor. Porém, significa isso que o Juízo de Deus não leva em conta a estrita obediência a cada um dos Dez Mandamentos? Serão apenas os dois grandes princípios, apresentados ao “intérprete da Lei”, em Mt 22:37-39, que serão usados como base de julgamento? Nossos atos e nossas obras, afinal, não terão importância nenhuma, quando Jesus unir os povos para “retribuir a cada um segundo as suas obras” (Ap 22:12)? Se Deus haverá de “trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec 12:14), como nossos atos e obras não terão importância no juízo? Diz a profetisa do Senhor: “Os livros de registro no Céu, nos quais estão relatados os nomes e ações dos homens, devem determinar A DECISÃO DO JUÍZO”.53 Como é isso? Nossas ações devem “determinar a DECISÃO DO JUÍZO”? Mas como? Se as tentativas de observância estrita da Lei Deus, em nossos dias, são vistas como “definições farisaicas de pecado e justiça”? Se aqueles (falo dos que, como eu, advogam a Plena Perfeição Em Cristo) que estão preocupados em manter, no alto, a “justiça da Lei”, como reveladora da Justiça de Cristo, são taxados de perigosos “fariseus modernos”? Ou isso é verdade, ou a afirmação de Knight é uma retumbante mentira!
Eis outra colocação de George R. Knight: “O grande erro dos fariseus foi minimizar o pecado de tal forma que o definiam como uma ação ao invés de uma atitude e um relacionamento correto com Deus. Mais uma vez, entendemos que tanto os fariseus quanto seus herdeiros modernos tendem a ver a [L]ei de Deus como um conjunto de proibições negativas distintas, e não um princípio positivo de amor que permeia todos os aspectos do ser e da vida de uma pessoa”.54
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que é Knight quem transforma a Lei de Deus em “um conjunto de proibições negativas distintas”, em seu livro, ao tratar do assunto do uso da Lei de Deus! Ele distingue a “LEI” (os dois grandes princípios da Lei) das “leis” (os Dez Mandamentos). Então, trata da “LEI” como sendo o “aspecto positivo” do cumprimento da Lei de Deus e das “leis” como se fossem o seu lado negativo. Daí, o fato de os Dez Mandamentos serem vistos “como um conjunto de proibições negativas distintas”. Esse conceito, no entanto, na atualidade, existe apenas na mente de Knight e seus seguidores (dentro do Adventismo do Sétimo Dia)! E, de fato, ao considerar a verdadeira Lei de Deus, os Dez Mandamentos, como “lista de regras”, “minudências”, “minúcias”, “letra da Lei”, etc., é Knight quem está estimulando os adventistas a verem a Lei de Deus como “um conjunto de proibições negativas distintas”, o que explica a situação miserável que apenas a Sacudidura, ao lançar multidões, como “folhas secas”,55 para fora da Igreja, resolverá!
Quanto aos “herdeiros modernos” dos fariseus, a afirmação de Knight pode ser verdadeira com relação aos perfeccionistas, mas não com relação aos que defendem a doutrina bíblica da Plena Perfeição Em Cristo. Falo por mim mesmo! Sei muito bem qual a verdadeira relação entre a Lei de Deus e a salvação oferecida por Jesus. Sei que ela não possui elementos salvadores, em si mesma, apenas nos guiando Àquele que salva e mostrando aquilo de que devemos ser salvos. Mas existem outros elementos, relacionados a ela, que a tornam muito mais do que aquilo que o Pastor Knight pretende que a Lei de Deus seja. Acredito, como Tiago, que, longe de ser a “parte negativa” da Lei (as “leis”), uma imposição “chata” de Deus que temos de cumprir, os Dez Mandamentos são a perfeita “Lei da Liberdade” (Tg 2:12). Portanto, existem, como eu, muitos cristãos adventistas que amam a Lei de Deus e a veem pelo seu lado positivo; ou seja, não como um método farisaico de salvação, mas como a expressão de um Amor (não amor) que nos é dado para ser retribuído.
Diz George R. Knight: “Os [D]ez [M]andamentos não são a ‘verdadeira [L]ei’. De fato, no contexto da história do universo através da eternidade, eles são o que se pode chamar de objetivação e normatização da [L]ei”.56
O Pastor Knight pretende que os Dez Mandamentos não existiram sempre! Diz ele que esses preceitos foram dados porque, após a queda, o homem não era capaz de pensar na Lei de Deus em termos de “amor a Deus e amor ao próximo” e, então, “Deus ACHOU MELHOR expor formalmente os dois grandes princípios da [L]ei sob a forma de dez preceitos”.57 Como prova desse absurdo, Knight chega a dizer que o Sábado é apenas um “princípio universal e eterno da Lei Moral”,58 e não aquilo que o conceituado Pastor Alberto Ronald Timm chama de “um santuário no tempo”,59 um espaço temporal delimitado para que o ser humano pudesse nele “entrar” e adorar o Criador. Há mais que princípio, contido na guarda do Sábado! Embora o homem demonstre Amor a Deus, respeitando esse dia, ele também poderia demonstrar amor, escolhendo outro dia qualquer para adorar a Deus. Mas Deus escolheu o Sábado! Portanto, o Sábado é, também, sinal de obediência do homem para com Deus! E, também, “um sinal do poder de Cristo para nos fazer santos”.60
Ainda procurando provar que a verdadeira Lei de Deus são os dois grandes princípios deixados por Jesus (Amor a Deus e Amor ao próximo), Knight usa o seguinte texto de Ellen G. White: “Após o pecado e a queda de Adão, coisa alguma foi tirada da [L]ei de Deus. Os princípios dos Dez Mandamentos existiam antes da queda e eram de caráter apropriado à condição de uma santa ordem de seres. Depois da queda os princípios desses preceitos não foram mudados, mas foram dados preceitos adicionais que viessem ao encontro do homem em seu estado decaído”.61 Assim, Knight faz parecer que, enquanto o homem não transgrediu a Lei de Deus, havia apenas os dois grandes preceitos derivados do “Amor”. Mas com a queda, “foram dados preceitos adicionais” (os Dez Mandamentos e a demais leis da Torah). Dessa forma, os Dez Mandamentos não seriam a “verdadeira Lei de Deus”! Mas todo esse raciocínio cai por terra, ao lermos outro texto dos Testemunhos.
“Até que o céu e a Terra passem”, disse Jesus, “nem um jota ou um til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido.” Mat. 5:18. O Sol que brilha no céu, a sólida Terra sobre que habitamos, são testemunhas de Deus, de que Sua Lei é imutável e eterna. Ainda que passem, perdurarão os divinos preceitos. “É mais fácil passar o Céu e a Terra do que cair um til da Lei.” Luc. 16:17. O sistema de tipos que apontavam para Cristo como o Cordeiro de Deus, devia ser abolido por ocasião de Sua morte; mas os preceitos do Decálogo são tão imutáveis como o trono de Deus.62
Esse texto deixa claro dois equívocos da “nova teologia”. Primeiramente, vemos que os Dez Mandamentos, e não os dois grandes princípios, são a “verdadeira Lei de Deus”! Quando Jesus disse, ao intérprete da Lei (Mt 22:37-39), que no Amor a Deus e ao próximo estava o cumprimento dos Dez Mandamentos, Ele não estava colocando esses dois princípios acima da Lei de Deus! Mas é isso que Knight pretende fazer! Não apenas colocar os Dez Mandamentos na categoria de “leis”, mas na mesma categoria das demais leis do Pentateuco! E, aí, está o segundo equívoco! A profetisa do Senhor é enfática, ao dizer que, enquanto as leis cerimoniais (e outras leis dadas a Israel) eram passageiras (“sombra dos bens vindouros”, no dizer de Paulo aos Hebreus – Hb 10:1), a Lei Moral, com os seus Dez Preceitos, e não os dois princípios (embora eles sejam importantes) permanece para sempre! Isso apenas reforça a ideia do que de fato, seja a verdadeira Lei de Deus! Por isso, é um equívoco (para não dizer coisa pior!), Knight afirmar, como faz à página 65 de “Pecado E Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, que “somente depois da entrada do pecado, a [L]ei precisou ser expressada em termos negativos, visto ser dirigida agora a seres movidos por egoísmo e motivações negativas”. Afinal, os seres não caídos podem não serem “movidos por egoísmo e motivações negativas”; mas a existência do livre-arbítrio lhes confere a possibilidade de agirem, como ocorreu na Terra, da forma mais negativa possível! Pior, ainda, faz Knight, ao colocar a Lei de Deus na mesma categoria das demais leis do Pentateuco (Torah)! O Senhor haverá de cobrar essa irreverência e os seus visíveis resultados, na vida dos membros adventistas do sétimo dia!
Vejamos outra colocação de George R. Knight:
A última parábola (v. 31-46), a da separação das ovelhas e dos cabritos, indica o tipo de obras que Deus vai examinar no juízo final. O pior de tudo, pelo menos para os fariseus e para outros ouvintes com inclinações legalistas e concepções minimizadas do pecado, é que Jesus não exalta a guarda do [S]ábado nem a rigidez alimentar. Ao contrário, o foco do juízo é se as pessoas têm o amor agapê internalizado no coração, se amam ativamente seu semelhante quando eles ficam famintos, doentes ou na prisão. Essa é a essência do juízo.63
Responda, leitor(a): Será que Jesus tinha “concepções minimizadas do pecado”? Pois, Ele, em Seu “Sermão do Monte” (embora Knight, com todo o seu eruditismo, não tenha percebido, ao formular a sua “teoria do sermão do monte”), enfatizou as particularidades, as “minúcias” de cada Mandamento! Chegou a dizer que “nem um i ou til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra” (Mt 5:18)! Fez a mesma coisa, quando interpelado pelo jovem rico! Lc 18:20! Seria, Ele, próprio, um “fariseu” adepto da “letra da Lei”? Knight se esquece, mesmo, das elementares e evidentes verdades da Palavra de Deus, ao procurar defender seus pontos de vista! Jesus estava falando para seus discípulos e, portanto, por que deveria Se preocupar em exaltar o Sábado, visto que eles já O haviam ouvido dizer que “o Filho do Homem é Senhor do Sábado” (Mt 12:8)? E se Jesus, durante o tempo em que esteve com Seus discípulos, tivesse deixado de exaltar a “rigidez alimentar”, ou permitido que eles comessem de tudo, por que Pedro recusaria, pelo menos três vezes, obedecer à ordem, dada diretamente por Deus, de “matar e comer” os animais imundos mostrados a ele? At 10:9-16.
Qual “o tipo de obras” que Deus vai considerar, no Juízo Final? A resposta é: Todas! “Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec 12:14)! Não apenas as “obras de amor e misericórdia”, mas, também (e principalmente), as “obras de desobediência à Lei de Deus”! Tudo será escrutinado segundo a Lei do Senhor, os Dez Mandamentos! O que Jesus quis enfatizar, leitor (a), é que, para efeito de salvação, apenas as obras resultantes do Amor a Deus e aos semelhantes seriam consideradas. Afinal, amar a Deus consiste apenas em ter um “relacionamento de fé” com Ele? Ou também em “NÃO tomar o Seu santo Nome em vão” (Êx 20:7)? Consiste apenas em ser submisso à vontade de Deus? Ou em, também, lembrar “do dia de Sábado, para o santificar” (Êx 20:8)? Afinal, Knight, enquanto fala da importância de ser submisso a Deus, despreza, de modo visível, a guarda do dia que foi separado para tal! E quanto ao amor ao semelhante? Eu posso amá-lo, enquanto roubo-lhe os bens? Enquanto adultero com o seu cônjuge? Enquanto pratico falso testemunho contra ele? Então, como Deus vai deixar de considerar “as concepções minimizadas de pecado”, no Juízo? Não por causa da Sua, mas por causa da nossa incapacidade de entender as coisas da maneira como Deus entende! Deus vê as coisas em seu todo, mas nós mal conseguimos enxergar as partes!
Pela última colocação do Pastor Knight, os primeiros lugares a serem visitados, pelos anjos de Deus, em Sua segunda vinda, serão os centros caritativos católicos! Depois, os centros da LBV (Legião da Boa Vontade)! Então, vêm as instituições espíritas! Essas organizações são campeãs em demonstrar amor ao semelhante! Os adventistas do sétimo dia, pelo “andar da carruagem”, acabarão ficando quase no fim da fila! Será que é porque estão tentando, ainda, entender o que é o amor “agapê”? Ou será que é porque estão precisando receber o verdadeiro Amor de Deus? Que apenas através do Espírito Santo pode ser comunicado? Desculpe, leitor(a)! É impossível não ficar tomado de uma “ira santa”, ao me deparar com essas digressões pitorescas, em torno de um assunto de tal magnitude! Que o Senhor Se apiede de nós, pobres pecadores que ousamos distorcer os Seus ensinos!
Afirma o Pastor George R. Knight: “Também fiquei sem saber como alinhar essas concepções de cristianismo com o apóstolo Paulo, que abertamente declarou: ‘Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14:17)”.64
Com “concepções de cristianismo”, o Pastor Knight se refere, na mesma página do seu livro, ao comportamento daqueles que estão empenhados em seguir a “a superexigente estrada da ‘semelhança com Cristo’”. Ele relata, na página anterior, os casos de “modernos fariseus” e seus esquisitos “métodos de salvação”. Não vou entrar nos méritos dessa questão. Sei que é preciso equilíbrio, no que diz respeito à forma exterior de apresentarmos o Cristianismo. Podemos assustar e afastar as pessoas, com nossas “técnicas para alcançar a perfeição e a impecabilidade”! Mas, se, por um lado, podem existir “esquisitices” e “extrapolações”, no que diz respeito ao modo como praticamos o nosso cristianismo pessoal, por outro, um cristianismo que se contenta em apenas devorar sermões, aos Sábados, nas igrejas, sem operar mudanças no exterior, é algo terrivelmente perigoso! O outro extremo de pensarmos que poderemos ganhar o Céu por cumprirmos uma série de abluções, regras alimentares e requisitos religiosos e sociais, é justamente deixarmos de considerar a importância de nos conduzirmos com modéstia, decência e temperança. Mas parece que, no pensamento de Knight, isso não conta muito! Afinal, “o reino de Deus não é comida nem bebida”! O que me deixa assustado, de fato, é saber com que velocidade, os membros adventistas estão comprando essas ideias pervertidas e perversoras! Recentemente, soube do caso de jovens adventistas, de uma igreja próxima, que comemoraram a “virada”, do ano de 2016 para 2017, tomando cerveja “sem álcool”, no meio do povo incrédulo! Isso representa apenas a “ponta do iceberg” de pecados que caminha contra a “nau” adventista! E a colisão, parece, é iminente!
Diz, ainda, George R. Knight: “Com esse conceito em mente, fica mais fácil perceber por que Ellen White sugeriu que nossa vitória humana sobre o pecado não seria exatamente como a de Cristo”.65
A seguir, o Pastor Knight cita o texto que diz que “jamais poderemos igualar o Modelo”. Iremos analisar esse texto, mais à frente, ao tratarmos do modo como Knight usa os Testemunhos de Ellen G. White. Para começar, esse texto não é dado no contexto de vencer, mas de nos tornar iguais a Cristo ou semelhantes a Ele! Ellen G. White jamais sugeriu, como veremos, que nossa vitória não seria exatamente como a de Cristo. A única coisa que difere a vitória de Cristo da nossa é que, por ser, Cristo, “sem pecado” – Hb 4:15, Sua vitória pode ser creditada a outros, o que acontece em relação à Justificação. Na Justificação, sim, não podemos vencer como Cristo venceu, para receber o favor de Deus. A vitória de Jesus precisa ser creditada a nós, a fim de sermos considerados justos, diante do Senhor! Mas, no que se refere à Santificação, devemos vencer exatamente como Ele venceu! Jesus, como nós, dependeu do Poder do Pai, na luta para vencer Satanás e o pecado. Porém, Ele teve que usar os meios dados por Deus para isso (oração, estudo da Palavra de Deus, temperança, testemunho, enfim), além do Seu esforço pessoal para resistir à tentação. O mesmo se dá, em relação a nós. Além de buscar o Poder de Deus, temos que nos valer daqueles mesmos recursos dos quais Jesus Se valeu, para vencer, e usar o nosso esforço pessoal. Mesmo depois de termos vencido, como Jesus venceu, ainda podemos dizer que a nossa vitória, de fato, é dom de Deus, visto que foi Seu Poder que a conquistou para nós. Sem Deus e Seu Poder, não seríamos capazes sequer de começar a lutar contra o pecado! Mas foi exatamente assim que Jesus Se colocou, Ele também, no campo de batalha! Ele poderia ter vencido por Si mesmo, pelo Poder divino que possuía! Mas escolheu ser o nosso Exemplo, para efeito de Santificação.
Cristo venceu as tentações de Satanás como Homem. Toda pessoa pode vencer como Cristo venceu. Ele humilhou-Se por causa de nós. Foi tentado em todas as coisas à nossa semelhança. Remiu o ignominioso fracasso e queda de Adão, e foi vitorioso, demonstrando assim a todos os mundos não caídos, e à humanidade decaída, que o homem podia guardar os Mandamentos de Deus pelo poder divino que lhe é concedido pelo Céu. Jesus, o Filho de Deus, humilhou-Se por causa de nós, suportou a tentação por nós, venceu em nosso favor para mostrar-nos como podemos ser vitoriosos.66
Sim! Podemos vencer exatamente como Cristo venceu!
Eis outra colocação de George R. Knight: “Muitos cristãos modernos, inclusive grande parte dos adventistas do sétimo dia, continuam sendo influenciados pela versão grega de perfeição ao invés da versão bíblica. Embora critiquem a maioria dos outros cristãos por terem absorvido a contribuição filosófica grega da imortalidade inata da alma, os adventistas têm muitíssimas vezes mantido o erro sobre a definição de perfeição como impecabilidade absoluta”.67
Em primeiro lugar é importante salientar que até mesmo a “versão bíblica” da perfeição pode ser deturpada pela interpretação de homens não santificados pelo Espírito Santo. O interpretar a Palavra de Deus seguindo normas exegéticas, regras hermenêuticas e significados linguísticos, é tão perigoso quanto assumir uma posição puramente filosófica ou científica! Unicamente o Espírito de Deus pode traduzir corretamente o pensamento divino que jaz oculto em uma passagem bíblica! Quanto ao “erro sobre a definição de perfeição como impecabilidade absoluta”, na verdade, não se trata de erro nenhum! Essa impecabilidade será garantida pela erradicação da depravação natural do coração, com suas tendências pecaminosas, e pela permanente atuação do Poder de Deus na vida do justo, já selado para a salvação. Durante a leitura deste estudo, o(a) leitor(a) terá mais informações de como isso acontecerá.
Diz George R. Knight: “Cristo não permitiria que o jovem banalizasse a justiça e a minimizasse a uma lista de itens. Jesus não só restabeleceu a correlação entre ser perfeito e amar o próximo, mas também colocou esse amor no contexto de um relacionamento com Ele capaz de transformar vidas. “O que Cristo exigiu realmente do jovem rico”, escreve Hans LaRondelle, “não foi uma decisão de natureza ética [fazer algo], mas de natureza religiosa [relacionamento] radical: a completa submissão a Deus”.68
Parece-me que Knight tem em mente que todos os adventistas são ignorantes e não façam ideia do que seja contexto bíblico! Pois, em dado momento, ele sugere que o contexto bíblico deve ser levado em conta, na formulação de um conceito teológico. Em outro, ele ignora ou despreza totalmente o contexto bíblico, para passar a ideia que defende! No caso do jovem rico, apenas uns dois ou três versos antes (dependendo o Evangelho que for lido) de Jesus o chamar para um “relacionamento com Ele”, o Salvador lhe passou a “lista de itens” que o jovem deveria guardar! É claro que Jesus não a citou no momento em que falou sobre o que o jovem deveria fazer para ser perfeito! Mas, ser perfeito, certamente, incluía a “lista de itens” (os Dez Mandamentos) que havia sido dada antes! É importante salientar que os Dez Mandamentos, se não foram diretamente citados em conexão com a perfeição, foram citados em referência à pergunta do jovem rico sobre o que fazer para ganhar a vida eterna! Ou será que Knight e seus seguidores pensam que vale à pena ser perfeito sem ganhar a vida eterna? Ao contrário do que LaRondelle diz (citado por Knight) Jesus exigiu, do jovem rico, “uma decisão” tanto “de natureza ética” quanto “de natureza religiosa” (obediência aos Dez Mandamentos e discipulado).
Continua George R. Knight:
É por isso que a Escritura chama Noé, Abraão e Jó de “perfeitos” (Gn 6:9; 17:1; Jó 1:1, 8, KJV), apesar de esses patriarcas terem demonstrado falhas óbvias. O santo perfeito encontrado no Antigo Testamento era a pessoa de “coração perfeito” para com o Senhor, enquanto “andava” em Seu caminho e vontade (1Rs 8:61; Is 38:3; Gn 6:9; 17:1, KJV). A pessoa perfeita, escreve Paul Johannes Du Plessis, é aquela que “se submete inteiramente à vontade de Deus” e em completa “devoção a Seu serviço”; aquela que tem “um relacionamento desimpedido com o Senhor”.69
Esta é a mais perniciosa e temerária crença da “nova teologia”: achar que Deus pode considerar um homem perfeito, enquanto ele está sob a condenação do pecado (seja por estar vivendo em pecado, seja por não ter confessado um pecado praticado anteriormente)! E milhares de adventistas estão vivendo (e praticando o pecado) como se essa fosse a mais importante e sublime verdade dos últimos dias da Igreja! Pensam que Deus vai aceitá-los com suas manchas e práticas de condescendências próprias, quando, segundo a profetisa do Senhor, “o Amor de Deus jamais conduz a diminuir o pecado; nunca encobrirá ou desculpará um erro não confessado”.70 Então, como Deus pode considerar alguém perfeito ENQUANTO VIVE NO PECADO? Enquanto comete mesmo pecados ocasionais? Responda, leitor(a): O pecado de Davi, com Bate-Seba, foi um pecado acariciado? Ou foi um pecado ocasional, que aconteceu por imprudência de Davi? Foi, certamente, um pecado ocasional, que aconteceu porque Davi, em lugar de estar na guerra, com seu exército, estava em casa. Após se levantar, foi ao terraço e viu a mulher se banhando! Com os pensamentos ainda turvados pelo sono, começou a cobiçar Bate-Seba. E deu no que deu! Davi, que, até ali, fora o “homem segundo o coração de Deus”, se tornou um “agente de Satanás”,71 para efetuar a ruína da sua família! E assim foi, até que, pelo arrependimento, se voltasse para Deus!72 Nenhum desses homens, citados por Knight, foram perfeitos em seus pecados ou falhas! Eles foram considerados perfeitos ANTES DE PECAREM (Noé e Davi), DEPOIS QUE SE ARREPENDERAM DO SEU PECADO (Abraão, Noé e Davi) e POR VIVEREM SEM PECAR (Jó)! Mas jamais foram considerados perfeitos NO PECADO! Por que eu sei? “‘Deveis ter amor’, é o clamor que se pode ouvir em toda parte, especialmente daqueles que professam a santificação. Mas o Amor é demasiado puro para cobrir um pecado não confessado”.73 Não é a perfeita descrição da “nova teologia”? Pastores e pregadores adventistas, estimulados por ensinos como os de Knight, não estão usando os púlpitos para dizerem que, apesar das suas “falhas” (diga-se pecados!), são aceitos por Deus? Mas o Amor (não “amor”) de Deus não tolerará sequer o pecado que não foi confessado, quanto mais o que é praticado! Pense nisso, leitor(a)!
Eis outra afirmação de George R. Knight: “Como resultado, se tornam impecáveis no mesmo sentido que João afirmou que os cristãos eram impecáveis. Ou seja, embora tenham pecados dos quais se arrependam, não vivem uma vida em estado de PECADO (rebelião contra Deus e Seus princípios)”.74
Por aí, se entende por que Knight defende tanto a Justificação Forense (o declarar justo). Ou seja, a Justiça de Cristo serve apenas para declarar o pecador justo, apesar de este pecar constantemente! A pessoa peca… e vai a Jesus! Peca… e vai a Jesus! Peca… e vai a Jesus! E Jesus a declara justa, tantas e tantas vezes quantas forem as que a pessoa for a Ele! Desde que esteja arrependida de seu pecado! Mas, arrependimento verdadeiro é, simplesmente, abandono do pecado! O Apóstolo Paulo é enfático: “Mas se, procurando ser justificados em Cristo, formos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo Ministro do pecado? Certo que não!” (Gl 2:17). No entanto, é justamente este, o princípio da teologia adventista moderna! É uma teologia de contínua Justificação Forense! Onde o pecador mantém uma contínua vida de pecado! A Justiça de Cristo e o sangue de Jesus, segundo esta “teologia”, não são aplicados para purificar do pecado e para elevar o salvo à mesma condição da perfeição de Jesus; mas, isto sim, imputados apenas para considerar o pecador justo, embora, aos olhos de Deus, ele não passe de um legítimo “cidadão do inferno”! Isso é o que Ellen G. White chamou de “santificação do pecado”!75 Ou seja, em lugar de o pecador ser santificado, pela expulsão definitiva do pecado (da sua natureza pecaminosa e da sua vida), o pecado seria santificado juntamente com o pecador! Pense, leitor(a), no tamanho do absurdo!
Diz, ainda, George R. Knight: “Quando começamos a refletir sobre a impecabilidade absoluta, percebemos que se trata, sem dúvida, de uma condição de longo alcance”.76
Seria mesmo assim, leitor(a)? Será que devemos olhar para a impecabilidade absoluta como algo que jamais poderemos obter ou que está muito distante de nós? Bom, se olharmos pela perspectiva dos ensinos de Knight, pode ser! Afinal, eles, em lugar de estimular os adventistas a buscarem santidade, os incentivam ao pecado! Também pode ser que ele esteja certo, se olharmos para a impecabilidade absoluta como uma obra a ser operada por nós! Mas ela será realizada por Deus, embora com o esforço humano. E o esforço do homem é apenas permitir que Deus a realize. Algo que a “nova teologia” vem impedindo que aconteça! Deus não depende de muito tempo para tornar um homem absolutamente impecável. A Bíblia diz que, assim que a “brasa viva” “tocou” os “lábios” de Isaías, a sua “iniquidade foi tirada” (Is 6:6-7)! “Iniquidade” tem a ver com a própria raiz do pecado! Também diz a Palavra de Deus que o Espírito Santo veio sobre Saul, e ele foi “mudado em outro homem” (1Sm 10:6, 9). Não posso dizer que esses homens (pelo menos, no caso de Saul) se tornaram impecáveis. Mas o que quero deixar claro, é a rapidez com que Deus pode transformar a natureza humana. Já falei que Deus irá expulsar a corrupção natural (a depravação maligna do pecado, com suas tendências pecaminosas) da natureza humana. Por ocasião do Selamento do “Remanescente Fiel Adventista do Sétimo Dia”, os adventistas terão alcançado a Plena Perfeição Em Cristo (perfeição moral e espiritual/perfeição de caráter). Estando selados para a salvação, eles não mais pecarão. Portanto, não possuindo mais a depravação natural do pecado e não mais pecando, terão alcançado a impecabilidade absoluta. O que temos de entender é que é Deus Quem sustentará esta impecabilidade absoluta, já que os justos ainda poderiam pecar, sob as pressões terríveis do “Tempo de Angústia de Jacó”! Mas, apegando-se a Deus com inabalável fé, não poderão ser levados ao pecado!
Outra declaração equivocada de George R. Knight:
A pretensão de ser totalmente livre de pecado nesta vida se baseia em uma definição equivocada de pecado. Ellen White chama nossa atenção para uma definição mais ampla do que costumamos ouvir quando escreve que “nenhum dos apóstolos e profetas jamais pretendeu estar isento de pecado. Homens que viveram mais achegados a Deus, homens que sacrificariam antes a vida a cometer conscientemente uma ação injusta, homens que Deus honrou com luz e poder divinos, confessaram a pecaminosidade de sua natureza”.77
Perceba, leitor(a)! Esses homens não pretenderam santidade, não porque vivessem em pecado, mas porque se reconheciam pecadores e sabiam que unicamente a Justiça de Cristo possibilitava, a eles, ficar de pé diante de Deus! Aliás, quanto mais perto de Deus, quanto maior o nível de sua santidade, mais pecador e indigno o homem se sentirá! Apenas os que estão vivendo uma espécie de justiça farisaica, podem se declarar santos! Eis como o Espírito de Profecia descreve dois desses homens: “Na vida do discípulo João é exemplificada a verdadeira santificação”.78
Uma transformação de caráter como a que se vê na vida de João é sempre o resultado da comunhão com Cristo. Pode haver marcados defeitos na vida de um indivíduo; contudo, quando ele se torna um verdadeiro discípulo de Cristo, o poder da divina Graça transforma-o e santifica-o. Contemplando como num espelho a glória do Senhor, é transformado de glória em glória, até alcançar a semelhança dAquele a quem adora.79
“Paulo reconheceu que sua suficiência não estava em si próprio, mas na presença do Espírito Santo, cuja benigna influência enchia-lhe o coração trazendo cada pensamento em sujeição a Cristo.”80 “A vida do apóstolo Paulo foi um constante conflito com o próprio eu. Ele disse: “Cada dia morro.” I Cor. 15:31. Sua vontade e seus desejos lutavam cada dia com o dever e a vontade de Deus. Em vez de seguir a inclinação, ele fazia a vontade de Deus, embora crucificando a própria natureza.”81
Seja sincero(a), querido(a) leitor(a): Essas descrições refletem a vida de pessoas que viviam no pecado, que jamais conseguiram alcançar a perfeição de caráter? Ademais, conforme negritei, no texto dos Testemunhos citado por Knight, o que esses homens reconheciam era a sua condição pecaminosa natural, que os tornava pecadores, ainda que não vivessem em pecado (e não poderiam viver, visto serem exemplos e baluartes de uma Igreja que começava)! Na história de Ananias e Safira (Atos 5), vemos a verdadeira consideração que Deus tem para com o pecado!
Outra afirmação de George R. Knight: “Ser ‘perfeito’ para Paulo, em Filipenses, e ser ‘impecável’ para João em sua primeira epístola não significa nem perfeição absoluta nem impecabilidade absoluta. Mas significa estar livre de uma atitude de rebelião contra o Pai celestial e os princípios por Ele estabelecidos na Lei do amor”.82
Mais à frente, nesta resenha, o(a) leitor(a) verá o que, de fato, dizem os textos citados por Knight (Fp 3:12, 15 e 1Jo 5:16), para negar a perfeição e a impecabilidade bíblicas. Quanto à perfeição, concordo que somente a atingiremos, totalmente, por ocasião da Glorificação. Mas, é quanto à impecabilidade? “Todo aquele que pela fé obedece aos Mandamentos de Deus, alcançará a condição de impecabilidade em que viveu Adão antes de sua transgressão”.83 Responda, leitor(a): Qual era “a condição de impecabilidade” de Adão, antes da queda? Certamente, absoluta! Ele não possuía inclinações para o pecado e não condescendia com práticas pecaminosas. Até porque, as últimas seriam consequências das primeiras! Por outro lado, enquanto Adão não se aproximasse da “arvore do conhecimento do Bem e do Mal” – Gn 2:17, não poderia ser tentado. Não havendo tentações, não poderia haver pecado! Então, pelo menos até à queda, a impecabilidade de Adão foi absoluta! A história do pecado, na Terra, vai terminar exatamente como começou. Se começou com impecabilidade absoluta, vai terminar com impecabilidade absoluta. Apenas que a nossa impecabilidade vai ser sustentada por Deus.
Responda, leitor(a): Quando é que estamos tendo “uma atitude de rebelião contra o Pai celestial”? Apenas quando estamos vivendo deliberadamente em pecado? Ou quando também estamos nos negando a buscar o Poder que foi colocado à nossa disposição, para deixarmos de pecar?
George R. Knight continua, dizendo com toda segurança: “Wesley está, portanto, de acordo com os teólogos calvinistas ao considerar a impecabilidade absoluta uma impossibilidade na vida presente, ser perfeito assim, conforme ele próprio ensinou, não significa, por exemplo, que um cristão jamais ‘terá um pensamento ocioso’ nem ‘falará uma palavra ociosa’. ‘Eu mesmo’, escreveu ele, ‘acredito que esse tipo de perfeição é inconciliável com a vida em um corpo corruptível’”.84
Jamais estudei com profundidade os ensinos teológicos de quem quer que seja! Para mim, os maiores teólogos são os profetas e os apóstolos! Seus ensinos, estudados sob a luz do Espírito Santo, podem produzir mais sabedoria e conhecimento do que todos grandes tratados teológicos já escritos! Sobre Wesley, estudei apenas o suficiente para ter alguma noção acerca das suas ideias de perfeição, ao escrever um dos capítulos do meu estudo Em Busca Da Excelência Do Caráter – Do Perfeccionismo E Do Liberalismo Para A Plena Perfeição Em Cristo. Creio que este homem de Deus foi o reformador que chegou mais perto de entender a principal vontade de Deus para o Seu povo, no “Tempo do Fim”, a Plena Perfeição Em Cristo. Wesley mostra, claramente, que o perfeito Amor de Deus poderia “purificar o coração da inveja, malícia, ira e toda má disposição”.85 Isso, certamente, corresponde à Plena Perfeição Em Cristo; pois, somente neste estágio da perfeição cristã, o justo terá suas disposições pecaminosas arrancadas. No entanto, Wesley também dizia que “ninguém está livre de fraquezas […] até que o seu espírito volte de novo para Deus… Neste sentido, não há perfeição absoluta na Terra. Não existe perfeição neste mundo que não admita um crescimento contínuo”.86 Na verdade,
o que Wesley enfatizava era a possibilidade de uma perfeição que renovaria o cristão completamente à imagem de Deus ainda neste mundo e que purificaria as imundícias do seu coração e destruiria a inclinação para o pecado. Logo, a perfeição para Wesley não equivalia a uma condição legal que garantiria a impecabilidade do cristão, mas a uma experiência libertadora na qual ele seria capacitado a resistir aos pecados nesta vida.87
O que se entende, é que John Wesley falava de perfeição em termos de impecaminosidade carnal, a erradicação do pecado da natureza humana. Por outro lado, o grande teólogo e reformador não considerou que a impecabilidade comportamental não é garantida pela perfeição absoluta do crente (que apenas virá por ocasião da Glorificação), mas pelo Poder de Deus, que selou o salvo para a vida eterna. Quanto às suas afirmações em torno da impecabilidade absoluta, apenas devo dizer que elas deviam refletir o pensamento de Wesley acerca da perfeição. Logicamente, se ele não cria em uma perfeição absoluta, também não poderia crer em uma impecabilidade absoluta! Mas, os teólogos adventistas da atualidade, que possuem a luz sobre o Santuário Celestial, devem considerar que a impecabilidade absoluta é a condição necessária para o fim do Juízo Investigativo. Os justos não poderão ter pecado em sua natureza e, também, não poderão continuar pecando. Apenas que, ao contrário do que se pensa, não é a perfeição do crente (que ainda poderia pecar) que garante essa impecabilidade, mas a atuação da Graça de Deus! Finalmente, apesar de John Wesley não chegar a considerar as questões da Plena Perfeição Em Cristo e da Perfeição Total, sua linguagem muito se aproximou desses conceitos.
Diz George R. Knight: “Não é por acidente que os adventistas do sétimo dia sempre acreditaram na importância de algum tipo de perfeição. Até mesmo uma leitura apressada de Apocalipse 14 – o capítulo central em que o [A]dventismo se reconhece – deixa a impressão de que haverá no fim da história terrena um povo perfeito”.88
Esta afirmação de Knight mostra o espírito da “nova teologia”. Ela é uma afronta à Palavra de Deus! Escarnece dos grandes princípios da Verdade! A maneira como se refere a Apocalipse14, como “o capítulo central em que o [A]dventismo se reconhece”, parece querer debochar da importância que deve ser dada as diversas verdades solenes que se extraem, não de “uma leitura apressada”, mas de uma reverente consideração para com esses textos centrais da mais importante Revelação bíblica de Deus! Mas, é claro, Knight não considera Apocalipse 14 sob a ótica do Espírito de Profecia! Ele o vê segundo as lentes foscas dos óculos dos vários eruditos que cita, para provar a sua “teoria do sermão do monte”! É por isso que, em lugar da Verdade cristalina de Deus, podemos esperar um caudal de águas turvas, que não matam a sede da alma, mas mergulham-na nas frias torrentes do ceticismo, da desobediência e, finalmente da apostasia! Ou, então, faz com que milhares de professos crentes, tão indispostos quanto ele, de andar na senda da Verdade, mantenham um comportamento que tripudia sobre o Poder de Deus para salvar! Que o Senhor tenha piedade de nós!
Continua o Pastor Knight: “Parece-me inútil tentar explicar a perfeição ‘sem pecado’ do povo de Deus que vive nos últimos dias”.89
O Pastor Knight deveria ser sincero com os seus leitores! A verdade é que ele não deseja explicar! Ele não quer que o povo de Deus saiba a Verdade! Isso colocaria a Igreja Adventista na contramão do mundo, de verdade! Tornaria os adventistas do sétimo dia “personas non gratas”, em todos os rincões do mundo! Acabaria com o “prestígio” que a Igreja Adventista usufrui, diante das organizações mundiais! Atrairia o ódio das outras religiões, por causa das crenças, nada ortodoxas, do Adventismo! Um povo que procura viver “sem pecado”, dentro de uma sociedade que faz do pecado seu estilo de vida, é uma afronta que a elite (do mundo e da Igreja) não quer correr o risco de enfrentar! É melhor que o povo adote o “estilo de vida” do mundo! Então, para que “tentar explicar a perfeição ‘sem pecado’ do povo de Deus que vive nos últimos dias”? Não, isso não seria “inútil”, para o Pastor Knight! A verdade? É que não é útil!
Eis outra declaração de George R. Knight: “Note primeiramente que ela não disse que as pessoas viveriam sem um [S]alvador durante o tempo de angústia. O que ela sempre escreveu é que viveriam ‘sem um [S]umo [S]acerdote no [S]antuário’, ‘sem um [I]ntercessor’ e ‘sem um [M]ediador’, dando a entender que a intercessão de Cristo terá cessado no [S]antuário [C]elestial”.90
Knight diz, a seguir, na mesma página, “que o que Ellen White diz é que somente uma função de Cristo cessa quando Ele deixa o [S]antuário [C]elestial: Ele não irá mais atuar como ‘[M]ediador’”. Itálico da fonte original. Mais à frente, ele diz, explicitamente:
Ainda que Cristo tenha encerrado [S]eu papel como [M]ediador no [S]antuário [C]elestial, [S]ua obra como [S]alvador ainda afeta a vida dos que serão trasladados em pelo menos dois aspectos cruciais. Em primeiro lugar, tendo em vista que eles ainda permanecem “n[E]Le”, os pecados não intencionais e de omissão ainda são cobertos por [S]ua vida perfeita imputada a cada crente por meio da justificação contínua.
O que mudou é que não precisam de um [M]ediador, porque puseram fim ao pecado consciente, voluntário e militante. Tomaram a decisão de viver permanentemente a vida cristã. Com isso, o Deus que faz tudo para salvar [S]eus filhos selou a decisão deles para a eternidade.91
Seria preciso outro tanto de páginas, para explicar a quantidade de equívocos dessas afirmações! O que me deixa surpreso é a grande quantidade de teólogos, pastores e, mesmo, estudantes leigos esclarecidos, que estão aceitando esses ensinos! Eles ferem justamente a doutrina do Ministério Celestial de Jesus, justamente o que Ellen G. White falou que aconteceria nos últimos dias! Vejamos apenas os mais aberrantes erros dessas colocações de Knight.
1) Depois que o sumo sacerdote deixava o tabernáculo terrestre, no Dia da Expiação, os que não confessavam e abandonavam seus pecados, durante os dez dias de preparação anteriores, eram definitivamente expulsos de entre o povo de Deus. Então, como pretende Knight que haverá “justificação contínua” para os que continuarem pecando de forma não intencional ou por omissão? É importante lembrar que os sacrifícios oferecidos no pátio do santuário terrestre eram para cobrir justamente esses tipos de pecados! Portanto, haverá, de fato, apenas expectativa de juízo e condenação, para os que não deixaram de cometer qualquer tipo de pecado!
2) Quantas “funções” Jesus, de fato, realiza, no Santuário Celestial? Duas! Sumo Sacerdote (Intercessor/Mediador) e Juiz! A Sua função como Salvador, Ele a exerceu na cruz! Portanto, Jesus não exercerá a função de Salvador, depois que acabar o Seu ministério no Santuário Celestial! Ele não virá para salvar, mas apenas para buscar os que foram salvos anteriormente! Ao vir à Terra, segundo Ap 19:19, Jesus virá como “Rei dos reis e Senhor dos senhores”!
3) Não haverá sangue para expiar os pecados que forem cometidos, depois do fechamento da Porta da Graça.
4) Um dos elementos imprescindíveis para a aceitação do pecador, no ritual do santuário terrestre, era a mediação sacerdotal. Sem mediação, não há salvação. Nos méritos de quem, Deus vai aceitar o pecador, depois que Cristo deixar o Santuário Celestial?
5) Ap 22:11 deixa bem claro que, depois que Cristo disser, no Santuário Celestial: “Está feito!”, os que continuarem pecado, o farão para a sua perdição!
6) “Todos os que se esforçam por desculpar ou esconder seus pecados, permitindo que permaneçam nos livros do Céu, sem serem confessados e perdoados, serão vencidos por Satanás.”92 Que pecados eram representados pelas ofertas sacrificais, no santuário terrestre? Os pecados inconscientes, involuntários e por ignorância!
7) “Os que se retardam no preparo para o dia de Deus, não o poderão obter no tempo de angústia, ou em qualquer ocasião subsequente. O caso de todos estes é sem esperanças.”93 Sim! Não haverá Salvador para ninguém, depois do fechamento da Porta da Graça! Haverá muita gente “arrependida”, depois que acabar o tempo de Graça. Por que não haverá um Salvador (a função de um Salvador é salvar) para essas pessoas? Simples: a função de Salvador já foi exercida na cruz! Jesus não irá morrer, novamente, por ninguém! E o tempo de aplicar os Seus méritos salvíficos terá passado!
8) Qual será a base da “Justificação contínua” alardeada por Knight? Se não haverá sangue, nem Justiça, para serem aplicados? Se o Intercessor, pelos méritos de Quem esses elementos são aplicados, já terá saído do Lugar Santíssimo?
Knight afirma que os pecadores que encontram aceitação, após o fim do Juízo, são os que deixaram de cometer o “pecado MILITANTE”. Neste caso, poderíamos chamar o pecado que eles cometem, até à Glorificação, de “pecado TRIUNFANTE”?
Vejamos outra afirmação de George R. Knight: “A raiz do problema em alcançar impecabilidade aqui na Terra, […] é que, mesmo quando a nossa vontade e atitude estão em plena harmonia com Deus, as fraquezas de nosso corpo e mente ainda permitem que cometamos pecados (ou erros) inconscientes ou deixemos de fazer o bem por omissão. Se tivéssemos absoluta impecabilidade e perfeição, estaríamos isentos desses problemas”.94
Como Knight mesmo disse, embora a Palavra de Deus enfatize “tanto a impecabilidade quanto a perfeição”, ela “nunca as equipara”.95 Portanto, mesmo que não tenhamos alcançado perfeição total (absoluta), conseguiremos, com o Poder de Deus, impecabilidade absoluta. Tudo quanto se refere ao pecado carnal e comportamental, terá sido eliminado pelo sangue de Jesus. Em relação à perfeição, com a erradicação de nossa condição maligna natural e com o fim da prática do pecado, teremos alcançado a Plena Perfeição Em Cristo (perfeição moral e espiritual/perfeição de caráter). Mas ainda ficarão as paixões normais (fraquezas, necessidades e sentimentos). Essas paixões, conquanto resultados do pecado, não são pecaminosas (não se constituem pecado – Jesus as possuía). No entanto, podem ser usadas para levar o justo a pecar! Por isso, durante o alto clamor, haverá uma obra de preparo especial, ocasionada pelo derramamento da Chuva Serôdia, que possibilitará aos santos passarem pelo “Tempo de Angústia de Jacó”. “Quando a terceira mensagem se avolumar num alto clamor, e quando grande poder e glória acompanharem a obra final, o fiel povo de Deus participará dessa glória. É a Chuva Serôdia que os reanima e fortalece para passarem pelo tempo de angústia.”96 Assim, em lugar de pecarem de forma inconsciente ou por omissão, por causa dessas fraquezas do corpo e da mente, como diz Knight, os fiéis filhos de Deus não desfalecerão na fé.97
Diz George R. Knight: “Nunca será demais enfatizar que a Sra. White não define essa perfeição de uma forma legalista nem a correlaciona com alimentação, observância do [S]ábado ou qualquer outro comportamento ou série de comportamentos. Ela define explicitamente a perfeição como um espírito de amor altruísta e de trabalho para os outros”.98
Vejamos alguns textos de Ellen G. White:
“É pecado ser intemperante na quantidade de alimento ingerido, mesmo que seja de qualidade inquestionável.”99
“Insisto com todos a quem essas palavras venham a chegar: Pensai em vosso procedimento, ‘e olhai por vós, para que não aconteça que o vosso coração se carregue de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia. Porque virá como um laço sobre todos os que habitam na face de toda a Terra’.”100
“De todas as instituições de nosso mundo, a escola é a mais importante! Nela deve ser estudada a questão da alimentação; não se deve seguir o apetite, os gostos, os caprichos ou as ideias de pessoa alguma; não obstante, é necessária uma grande reforma; pois danos que durem toda a vida serão o seguro resultado da atual maneira de cozinhar.”101
“Muitos, porém, seguem a moda tão de perto, que se tornam escravos dela, e preferem sofrer doença e mesmo a morte, a afastar-se da moda. Colherão aquilo que semeiam. Continuam a viver segundo a moda e sofrer doenças em consequência, medicando-se com tóxicos da moda e morrendo morte segundo a moda.”102
Responda, caro(a) leitor(a): Você seria capaz de pensar em perfeição, enquanto quebra alguns desses preceitos? Ellen G. White nunca relacionou, de fato, salvação com “alimentação”? Ou com “qualquer outro comportamento ou série de comportamentos”? Será que Knight precisa ver os bois atados ao carro, para entender que o carro não se move sem os bois? Interessante que ele junta textos e mais textos, dos Testemunhos, para distorcer a Verdade e enganar, mas não é capaz de fazê-lo (ou não quer fazê-lo) para estabelecer a Verdade! Quanto ao Sábado, basta dizer que o Sábado é “o sinal do poder de Cristo para nos fazer santos”!103 Portanto, aqueles que estão profanando o dia do Senhor podem ter certeza de que são qualquer coisa, menos santos ou perfeitos!
Eis outra afirmação, tendenciosa e sutil, de George R. Knight: “Tanto a ênfase nas minúcias [Dez Mandamentos] quanto a ênfase baseada no princípio áureo [amor a Deus e amor aos semelhantes] levam à mudança de vida; contudo, com uma diferença: a primeira gera o tipo de atitude que encontramos nos fariseus, enquanto a segunda produz uma vida coerente com a de Cristo”.104
Aqui, eu me pergunto: Qual foi, afinal, a “vida coerente” de Cristo? Pois Ele enfatizava e seguia, estritamente, as “minúcias”! “Tenho guardado os Mandamentos de Meu Pai”, disse Jesus, “e no Seu Amor permaneço” (Jo 15:10)! Note, leitor(a): Jesus apenas permanecia no “Amor do Pai” (não no “amor” da “nova teologia”) porque guardava os Seus Mandamentos! Porém, Knight diz que a ênfase nos Dez Mandamentos produz uma vida semelhante à dos fariseus! Que vida, afinal, teve Jesus? Não estranhemos, leitor(a), a atitude dos adventistas para com a Lei de Deus!
Mais uma afirmação do Pastor Knight:
Fechamos o círculo de nosso debate sobre os fariseus no capítulo 1. Descobrimos ali que alguns fariseus alimentavam a ilusão de obter a perfeição fragmentando o PECADO em “pedaços” menores, conquistando um “pedaço” de pecado de cada vez. Foi assim que chegaram a considerar tanto o pecado quanto a justiça, na prática e talvez na teoria, como uma série de ações – não como uma condição do coração e da mente. Vimos também no capítulo 3 que até mesmo a LEI de Deus fora fragmentada na vida diária em um conjunto de leis para facilitar a obtenção da justiça farisaica.105
1) Sim, leitor(a)! Não podemos esquecer o propósito do livro de Knight! O livro não foi escrito para exaltar Cristo, mas para crucificar os fariseus (antigos e modernos)! Morte a todos os “fariseus” que estão entre o povo de Deus dos últimos dias!
2) Perceba! João diz que “o pecado é a transgressão da Lei” (1Jo 3:4). Ellen G. White também diz que “a única definição de pecado na Palavra de Deus nos é dada em I João 3:4: ‘Pecado é o quebrantamento da Lei’”.106 Sendo que pecado é transgressão da Lei de Deus, como o homem transgride a Lei de Deus? Quebrando cada um dos seus Dez Mandamentos! Portanto, a própria Bíblia “fragmenta” “o PECADO em ‘pedaços’ menores”! Afinal, os Dez Mandamentos foram dados justamente para que a Lei de Deus se ajustasse à condição da humanidade em seu estado decaído. Veja, leitor(a): O próprio Deus, segundo Knight, achou melhor entregar a Lei de forma seccionada (seccionando, assim, o pecado)! O homem não tem a capacidade mental de raciocinar sobre a Lei de Deus (e também sobre o pecado) em termos dos seus amplos aspectos. O próprio Paulo disse: “Não teria eu conhecido a cobiça, se a Lei não dissera: Não cobiçarás” (Rm 7:7)! A mente raciocina, considera, a partir das coisas simples para as mais complexas. Mas, agora, a teologia moderna que inverter as ordens das coisas, ponderando que o pecado deve ser considerado a partir do seu conceito único e mais amplo!
3) Responda, leitor(a): Os homens são tentados em consonância com o PECADO? Ou com os pecados? Sobre as tentações de Jesus, fala Ellen G. White: “No deserto da tentação, Cristo defrontou as grandes tentações principais que assaltariam os homens. Ali enfrentou, sozinho, o inimigo astuto e sutil, vencendo-o. A primeira grande tentação teve que ver com o apetite; a segunda, com a presunção; a terceira, com o amor do mundo”.107 Ela diz, ainda: “Virão tentações, mas não levarão a melhor”.108 Ela não disse: “Virá a TENTAÇÃO!”, mas “Virão tentações”! Em relação ao “bolo do pecado”, não somos tentados a comê-lo de uma vez só, mas a começar pelo “glacê”! E, então, à medida que gostamos do primeiro bocado, vamos sendo tentados a comermos o segundo! Portanto, devemos, sim, ir rejeitando (nas palavras de Knight, “conquistando”) “um ‘pedaço’ de pecado de cada vez”!
4) Toda a retórica erudita de Knight, em seu livro Pecado E Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, é feita para levar seus leitores a se esquecerem de que a batalha contra o pecado e para ganhar a salvação é travada no âmbito das coisas que nos parecem insignificantes, das ações do cotidiano, das escolhas diárias, das decisões pequenas. Escreveu Ellen G. White:
São as pequeninas coisas da vida que desenvolvem o espírito e determinam o caráter. Os que negligenciam as coisas pequeninas não estarão preparados para suportar as provas severas, quando lhes sobrevierem. Lembrai-vos de que a formação do caráter não se conclui antes que termine a vida. Cada dia é colocado na estrutura um tijolo, bom ou mau. Vós estais construindo, ou fora do prumo ou com a exatidão e correção que hão de formar um lindo templo para Deus. Portanto, ao cogitar em fazer grandes coisas, não negligencieis as pequeninas oportunidades que vos vêm dia a dia. Quem negligencia as coisas pequenas, e, no entanto, se lisonjeia de estar pronto para realizar coisas maravilhosas pelo Mestre, esse está em perigo de fracassar totalmente. A vida se compõe, não de grandes sacrifícios e realizações maravilhosas, mas de coisinhas.109
Oxalá todos compreendessem que sem Cristo nada podem fazer! Quem com Ele não ajunta, espalha. Seus pensamentos e ações não possuirão o devido caráter, e sua influência será destruidora do bem. Nossas ações exercem uma dupla influência, pois afetam os outros bem como a nós mesmos. Esta influência será uma bênção ou uma maldição para aqueles com quem nos relacionamos. Quão pouco apreciamos este fato! As ações formam os hábitos, e os hábitos formam o caráter; portanto, se não cuidarmos de nossos hábitos, não estaremos habilitados para unir-nos com os agentes celestiais na obra de salvação, nem preparados para entrar nas mansões celestes que Jesus foi preparar […].110
Será, leitor(a), que não devemos considerar o “pecado” e a “justiça” como decorrentes do curso de nossas ações? Devemos confiar apenas em nossa mente? Aliás, esse apego de Knight à mente, como determinadora da nossa condição espiritual, me leva a pensar que a “nova teologia” está mais para os pressupostos da religiosidade emergente pós-moderna, do que para os santos e exclusivos conceitos de salvação entregues à Igreja Adventista do Sétimo Dia!
5) Note, leitor(a): Com “LEI”, segundo sua exposição no capítulo 3 do seu livro, o Pastor Knight se refere aos dois grandes princípios dados por Jesus (que Ele não colocou acima dos Dez Mandamentos, mas apenas sumarizou-os!), o amor a Deus e o amor aos semelhantes. E, com “leis”, ele está se reportando aos Dez Mandamentos e todas as demais as leis do Pentateuco! Assim, percebe-se, de fato, que a tentativa do Pastor Knight é menosprezar, diminuir o valor da Lei de Deus! E, ao ver-se como os adventistas estão se relacionando com a Lei de Deus, no mundo inteiro, depreende-se que ele está tendo notável êxito, com sua “teologia”!
Eis outra afirmação de George R. Knight: “Vimos ainda no capítulo 1 que a concepção farisaica de justiça teve grande número de seguidores no adventismo do sétimo dia. Isso ocorreu não apenas na crença da justiça orientada para as obras do adventismo pré-1888, mas também no século 20 por meio dos escritos de Milian L. Andreasen e outros”.111
Se depender dos modernos teólogos da Igreja, Milian L. Andreasen estará condenado às chamas do inferno! Mas, se este estava errado, em suas conclusões, aqueles (representados por Knight) deveriam estar certos! No entanto, já temos visto o suficiente para perceber que o mínimo que pode acontecer, a menos que eles se arrependam, é queimarem junto com o falecido teólogo! A verdade é que, considerando os frutos de seus escritos, eu prefiro fazer o papel de “advogado do diabo”! A Igreja Adventista do Sétimo Dia era uma, quando considerava corretos os conceitos de Andreasen sobre pecado e salvação. Mas é totalmente outra, sob os “auspícios” da “nova teologia”, que tem em Knight seu principal representante! Trata-se de algo abominável a Deus, a conduta dos membros adventistas do sétimo dia, na era pós-moderna. Transgressões quanto ao vestuário, à alimentação, ao comportamento! Nossas instituições (a começar pela Casa Publicadora, que publica livros como este de Knight e de outros escritores, inclusive defensores da doutrina emergente) estão envolvidas com crenças estranhas! A TV Novo Tempo, certamente, está, diante de Deus, na mesma condição do Sanatório de Battle Creek! Que pastores e demais apresentadores dos seus programas considerem o que estão fazendo! Nossas escolas e universidades estão eivadas de ensinos evolucionistas e práticas de entretenimentos mundanos! Nossos hospitais e clínicas se afastam, cada vez mais, dos princípios e leis de saúde deixados por Deus!
Por que, afinal, Knight e muitos outros teólogos, da Igreja Adventista do Sétimo Dia, estão tão indispostos contra os ensinos de Andreasen? Devo reconhecer, sim, que este teólogo tinha uma concepção equivocada acerca da natureza humana de Jesus. Ele considerava que Jesus possuísse tendências para pecar. Sabemos que isso não é verdade! Mas, por outro lado, o livro O Ritual Do Santuário, que está no “Índex Das Obras Excomungadas Pelo Adventismo”, pode ser considerado uma obra-prima da teologia! Isso explica por que a Igreja o considerou por tantos anos! E porque, mesmo hoje, muitos (como eu) se recusam a deixar de crer nos seus conceitos! A verdade é que Andreasen fala claramente contra o Catolicismo Romano e expõe os erros daquela religião! E, também, apresenta a verdade sobre o ministério de Jesus de forma precisa, o que deixa Satanás tremendamente irritado! Entre as principais crenças alteradas pelo Adventismo Evangélico (Liberal) está a verdade sobre o Santuário Celestial. Todo o maravilhoso sistema elaborado por Deus, para apresentar o Plano de Salvação a Israel, primeiramente, e, depois, à Sua Igreja, foi pisado a pés pela “nova teologia” adventista! É claro que isso não é feito de forma aberta, explícita! Mas os que aceitam as novas disposições da “teologia moderna” estão, também, se dispondo contra a doutrina do ministério sacerdotal de Jesus, da forma como ele é defendido pela Palavra de Deus e pelos Testemunhos! E o livro de Andreasen desmascara essa situação abominável! Eis porque, afinal, todos os “canhões” da “artilharia teológica” do adventismo liberal estão voltados contra Andreasen e outros teólogos que defendiam a impecabilidade absoluta e a perfeição!
Mais uma afirmação de George R. Knight:
Não resta dúvida de que Andreasen entendia o pecado como uma série de ações distintas. Ele chegou a escrever que uma pessoa que conseguira vencer o hábito de fumar havia alcançado uma vitória para a justiça. Nesse ponto [no fumo], escreveu Andreasen, ele está santificado. Assim como se tornou vitorioso sobre uma tentação, pode chegar a sê-lo sobre todo pecado. Terminada a obra e alcançado o triunfo sobre seus pecados pontuais, estará pronto para a trasladação. Terá sido provado em todos os pontos. Sendo assim, estará irrepreensível perante o trono de Deus. Cristo porá sobre ele [S]eu [S]elo. Estará salvo e são. Deus terá terminado nele [S]ua obra. Estará completa a demonstração do que Ele pode fazer com a humanidade.112
1) Não apenas Andreasen, mas, como vimos, Ellen G. White e a própria Palavra de Deus viam o pecado como “uma série de ações distintas”! Ninguém peca “por atacado”!
2) Andreasen jamais escreveu que uma pessoa, ao vencer um hábito (fumar, por exemplo), “havia alcançado uma vitória para a justiça”. É Knight quem coloca dessa forma! Mas, de certa forma, é isso mesmo que acontece! Não existe Santificação, se não houver, igualmente, abandono das práticas pecaminosas (esse é o esforço do cristão). E não pode existir Justificação (comunicação da Justiça de Cristo), se não houver a santificação do pecador arrependido! Portanto, para haver Justificação, precisa haver a vitória do pecador sobre o pecado! Ou Deus teria que justificar o pecado juntamente com o pecador! Portanto, toda vitória sobre o pecado é uma “vitória para a Justiça” (e não “justiça)! Sendo assim, como bem coloca Andreasen, o pecador foi, também, “santificado” quanto àquele hábito em particular (foi “vacinado” contra ele)!
3) Ellen G. White, como vimos anteriormente, descreveu a vitória de Jesus sobre o pecado da mesma forma como Andreasen. Ela diz que a vitória de Jesus não teve a ver com a TENTAÇÃO, mas com a “primeira tentação”, com a “segunda” tentação e com a “terceira” tentação. Ou seja, Jesus venceu tentações específicas e com princípios isolados de pecado (“apetite”, “presunção” e “amor do mundo”)!113 Foi uma vitória ponto a ponto!
4) “Deus muitas vezes leva as pessoas a uma crise para mostrar-lhes suas próprias fraquezas e apontar-lhes a Fonte do poder. Se orarem e vigiarem em oração, lutando bravamente, seus pontos fracos se tornarão seus pontos fortes. A experiência de Jacó contém muitas lições valiosas para nós. Deus ensinou a Jacó que em sua própria força não poderia nunca obter a vitória, que precisava lutar com Deus por forças do alto.”114
“Cristo foi ao deserto da tentação para suportar as mais severas tentações; foi tentado em todos os pontos assim como Adão, e passou pelo terreno onde Adão tropeçou e caiu.”115
Seja sincero(a), leitor(a): Qual teologia está mais “afinada” com a Bíblia e com os Testemunhos? A de George R. Knight? Ou a de Milian Lauritz Andreasen?
5) Andreasen faz suas colocações em consonância com os eventos finais da Terra. Portanto, ele está descrevendo o padrão de perfeição e impecabilidade que o salvo alcançará (o adventista, antes do selamento e do recebimento da Chuva Serôdia; o da última hora, antes do fechamento da Porta da Graça) e que o preparará para a trasladação. E isso, temos visto e ainda vamos ver, está de acordo com a Palavra de Deus e dos Testemunhos!
Diz George R. Knight: “A linha de raciocínio seguida por Andreasen proporcionou uma escola de teologia adventista contemporânea que subestima o poder do pecado e superestima a capacidade humana de vencê-lo. O resultado tem sido muitas vezes a obsessão em buscar a perfeita impecabilidade para que Cristo possa voltar”.116
Sou um dos muitos que seguem “a linha de raciocínio seguida por Andreasen”. No entanto, jamais subestimei “o poder do pecado” ou pensei que fosse capaz de vencê-lo por mim mesmo! Pelo contrário! Nunca senti tanta necessidade do meu Salvador, como agora, quando o Senhor me tem revelado coisas maravilhosas acerca da Verdade! E sei que todos os que creem, como eu, na Plena Perfeição Em Cristo, também pensam do mesmo jeito! Sentem que há um nível de impecabilidade que necessita ser alcançado, não porque queiram ser salvos pela sua própria justiça, mas porque o ministério de Cristo, no Céu, assim o exige! Jesus não depende de que o homem alcance impecabilidade para que Ele possa voltar. Isso é uma falácia da parte de Knight! Jesus espera que o homem alcance impecabilidade, porque essa é única maneira pela qual ele pode ser salvo! E, de acordo com Pedro, é por este motivo que o próprio Jesus tem adiado a Sua volta! 2Pe 3:9. Portanto, existem, sim, os que estão se esforçando (seguindo a ordem de Jesus) para atingirem o padrão divino e, então, verem o Seu Senhor regressando nas nuvens do Céu. Mas não o fazem como uma “obsessão” e, sim, com alegria e esperança no coração!
A verdade é que, para fazer valer sua nova “escola de teologia adventista”, Knight e seus seguidores estão dispostos a massacrar todo e qualquer opositor da mesma! Nisso, lhes falta o “amor” que tanto querem impor aos membros da Igreja Adventista! Por isso, atiram às cegas, acertando tanto os que, de fato, estão envergonhando a Causa do Senhor, com seus pressupostos perfeccionistas heréticos, quanto os que estão procurando cumprir os requisitos bíblicos da perfeição de caráter e da impecabilidade! Deus saberá distinguir os que são seus! E, certamente, não são nem os que seguem as heresias perfeccionistas e nem (muito menos) os que estão pisando a Verdade a pés, com os novos conceitos da teologia liberal progressista!
Eis outra afirmação de George R. Knight: “Um dos objetivos principais de Jesus em [S]eu grande sermão era solapar a definição de pecado especificada por itens e dirigir a atenção de [Seus] ouvintes para os aspectos internos do pecado (cf. Mt 5-7; 15:1-20)”.117
Caro(a) leitor(a)! Leia, por favor, os capítulos do “Sermão do Monte”! Note quantas citações (diretas e indiretas) Jesus faz aos preceitos da Lei de Deus (e de outras normas da “Lei de Moisés”)! Perceba quantas vezes Ele aumentou as exigências de alguns desses “itens”! Se Ele pretendia “solapar a definição de pecado especificada por itens”, creio que (com reverência, o afirmo) Ele não foi feliz em Sua explanação! Leia, também, Mt 15:20! Perceba que o raciocínio é o inverso do que Knight quer fazer parecer! Ao contrário do que a “teologia do sermão do monte” afirma, Jesus não estava apresentando os “aspectos internos do pecado”! Ele estava apenas mostrando de onde procedem os pecados específicos que as pessoas cometem! Adultérios, furtos, blasfêmias, enfim, podem começar no interior do homem, mas acabam saindo “da boca”; ou seja, se traduzindo em atos e atitudes. E eles apenas podem ser definidos em termos específicos, por meio da Lei de Deus. Em lugar de menosprezar a “lista de itens” (os Dez Mandamentos), Cristo a exaltou, ao demonstrar que o homem não comete o PECADO, mas pecados, que somente podem ser denunciados, como tais, pela Lei de Deus. Rm 7:7.
Continua o Pastor Knight: “Quando as pessoas, por Cristo e pelo poder do Espírito Santo, vencerem a TENTAÇÃO, elas não terão mais problemas com as tentações. Eu só desejaria a mulher do meu próximo se cair na tentação de colocar o meu eu (e não o amor a Deus e ao meu próximo, assim como pela esposa dele), no centro da minha vida. Dessa forma, eu quebro a LEI e cometo PECADO. Isso traz como resultado tentações, pecado e a transgressão de leis”.118
O raciocínio do Pastor Knight seria perfeito, não fosse por detalhe muito importante: a mente humana não raciocina em termos de TENTAÇÃO, LEI e PECADO. Ela, após o pecado, pensa em termos de tentações, Dez Mandamentos e pecados! Ela parte do mais simples para o mais complexo! A capacidade mental do ser humano se tornou incapaz de entender completamente os mistérios de Deus, na mesma profundidade em que o Criador os compreende. Por isso, foi necessário que a própria Lei de Deus fosse dada ao homem na forma de Dez Preceitos. Diz Ellen G. White: “Os filhos de Deus não serão semelhantes às pessoas mundanas; pois a Verdade recebida no coração será o meio de purificar a alma e de transformar o caráter, tornando seu recebedor da mesma mentalidade que Deus. A menos que alguém se torne da mesma mentalidade que Deus, ainda se encontra em sua depravação natural”.119 Ellen G. White diz que a pessoa, após a Conversão passa por um processo que a leva a ter a mesma mentalidade de Deus. Isso, claro, se refere à Plena Perfeição Em Cristo; pois, se ela não se torna “da mesma mentalidade que Deus, ainda se encontra em sua depravação natural”! Portanto, ao contrário do que afirma Knight, a perfeição não consiste apenas “em estabelecer um relacionamento de fé com Deus”120 ou, então, em “uma condição da mente e um relacionamento com Deus”.121 Pois, é fácil perceber, pelas palavras de Ellen G. White, que a mente, perfeitamente em harmonia com Deus, produz, também, a total vitória sobre o pecado carnal e, consequentemente, sobre os atos, pensamentos e demais hábitos pecaminosos!
Knight não se preocupa, de maneira alguma, com a consideração que deve ser dada à Lei de Deus! Para ele, pecados são apenas “transgressões de leis”! Ou seja, Os Dez Mandamentos são colocados no mesmo nível das demais leis que foram dadas a Israel. E, sendo que ele relaciona os Dez Mandamentos, principalmente, com a Lei Cerimonial, pelo fato de ambos terem sido promulgados por causa do pecado, não é de mais supor que, logo, os seguidores desta “nova teologia” passem a acreditar que, assim como aqueles velhos e caducos preceitos ritualísticos, a Santa Lei de Deus não tem mais valor para o homem!
Vejamos outra afirmação de Knight: “Alguns adventistas de hoje, seguindo a tradição de Milian L. Andreasen e sua versão de pecado e santificação simplificada a uma lista de itens, adotam aparentemente a mesma concepção dos fariseus. Tem-se a impressão, dada por alguns defensores da perfeição, que a última demonstração se centralizará naqueles que têm uma alimentação e um estilo de vida perfeitos”.122
A Igreja Adventista do Sétimo Dia, em seu conjunto, seguiu a “tradição de Milian Lauritz Andreasen até por volta do fim da década de 1980, alguns anos após a Casa Publicadora Brasileira publicar, pela última vez, o livro desse grande teólogo adventista (O Ritual Do Santuário), em 1983. Desde então, começou o abandono da “tradição”, e os membros da Igreja (graças a Deus, não todos) começaram a seguir as inclinações do seu coração vil! Ou, então, as novas linhas de pensamento de homens não santificados pela Verdade; mais preocupados em se harmonizarem com os mutáveis e relativos conceitos do “evangelicalismo humanista”, do que com os absolutos valores do Evangelho de Jesus (que, agora, passaram a ser vistos como “tradição”)! Por outro lado, temos visto que os principais defensores da doutrina da Santificação (a Bíblia e os Testemunhos) também veem a esta como uma “lista de itens”, de pontos a serem superados (tanto em relação ao pecado quanto à perfeição)!
Nenhum verdadeiro crente na Plena Perfeição Em Cristo (perfeição de caráter) acredita que “a última demonstração” de Deus se dará em torno de alimentação ou estilo de vida! Embora, como sabemos, Ellen G. White diga que não haverá comedores de carne entre o povo de Deus, após o Selamento!123 O fato é que acredito, sim, que Deus demonstrará o Seu perfeito Amor ao mundo, por meio de um grupo de pessoas especiais que terão aprendido, como ninguém, o que significa amar a Deus e aos seus semelhantes. Mas eles serão escolhidos entre aqueles que entenderam que o principal fruto do Amor divino é temer a Deus e guardar os Seus Mandamentos! Ec 12:13. E não pisá-los a pés, como Knight vem estimulando os homens a fazerem, por meio da sua dissimulada depreciação da Lei de Deus!
Diz George R. Knight:
Felizmente, Andreasen anula seu próprio argumento. No mesmo capítulo, ele escreve que, para refutar a acusação de Satanás de que a [L]ei de Deus não poderia ser guardada, “necessário é que Deus apresente um homem que tenha guardado a [L]ei, e [S]ua [C]ausa está ganha. Na ausência de tal caso, Deus perde e Satanás ganha”.
Eu diria que esse homem é Cristo. A vitória foi conquistada quando, depois de viver uma vida humana absolutamente perfeita e ter ido para a cruz levando o pecado de toda a humanidade, Jesus clamou: “Está consumado” (Jo 19:30). “A morte de Cristo”, escreveu Ellen White, “provou que a administração e o governo de Deus são impecáveis.” Diferente do que ensina O Ritual do Santuário, de Andreasen, foi por meio de Cristo que Deus derrotou Satanás.124
Esta afirmação de Knight é feita no contexto de que Andreasen afirmou, no livro O Ritual Do Santuário, (1) que “a purificação do Santuário Celestial depende da do povo de Deus na Terra”,125 e (2) que, como menciona Knight, Deus precisaria apenas apresentar um homem que tivesse guardado a Lei perfeitamente, e Satanás estaria derrotado. Em relação com a sua primeira afirmação, não creio que era tal coisa que Andreasen tinha em mente (que o Juízo Pré-Advento ou Investigativo sofreria algum atraso por causa da purificação do povo de Deus), quando disse que “a purificação do Santuário no Céu depende da purificação do povo de Deus na Terra”. Seria muita ingenuidade da parte de alguém, tão versado na Palavra de Deus, quanto Andreasen, supor que Deus ficasse de “mãos atadas” por causa da demora do Seu povo em corresponder ao Seu apelo por santificação! E não acredito, igualmente, que Knight considere, sinceramente, que era isso que o grande teólogo pensava! Deus irá terminar, sim, a Sua obra de juízo justamente no momento que determinou para tal! Ainda que, para isso, tenha que sacudir quase todo o professo povo adventista para fora da Sua Igreja! Não obstante, a purificação do Santuário Celestial “depende”, de fato, da purificação do povo de Deus, na Terra. Se o povo de Deus continuar pecando sempre, como pregam os liberalistas, o Santuário terá que continuar sendo purificado sempre!
Porém, chegará um momento em que o Santuário Celestial estará totalmente purificado, limpo, isento de pecado. A própria tipologia do santuário terrestre exige que assim seja. Ellen G. White menciona que, quando Cristo deixar o Santíssimo Lugar, começará o “tempo de angústia”, “e não haverá mais sangue expiatório para purificar do pecado e corrupção”.126 Tudo o que tem a ver com a erradicação do pecado (em sua essência iníqua, maligna), está relacionado, igualmente, com o sangue expiatório de Jesus. Portanto, no que diz respeito à purificação do Santuário Celestial e do povo de Deus, tudo deve ser levado a término ANTES DO FECHAMENTO DA PORTA DA GRAÇA! É neste sentido que a purificação do Santuário “depende” da purificação do povo de Deus. Não se trata de Deus estar sujeito à humanidade; esperando que ela, em algum momento, cansada de brincar com o pecado, decida se santificar, se purificar! Trata-se, isto sim, de o cristão se sujeitar a Deus e levar a efeito, pelo Poder do Espírito Santo, a obra que Deus espera dele. Para que, então, essa obra chegue ao seu final no momento determinado por Deus. Ou, de outra forma, Deus tomará medidas extremas para finalizar a purificação do Santuário Celestial em Seu momento exato! Isso pode significar a expulsão de “multidões, como folhas secas”,127 para fora da Sua Igreja! A maioria, enganada pelos ensinos estranhos da “nova teologia”!
Com relação à segunda afirmação de Andreasen, Knight usa de extrema deslealdade para com a verdadeira pretensão daquele iminente teólogo! O próprio Andreasen, no parágrafo seguinte, exalta a Jesus, como tendo provado falsas as afirmações de Satanás, quanto a ser possível guardar perfeitamente a Lei de Deus! No entanto, as acusações de Satanás, com respeito aos homens, não foram contestadas definitivamente! Não se trata, segundo Andreasen, de apenas guardar perfeitamente a Lei de Deus, mas das motivações pelas quais os homens o fazem. Muitos homens, no passado, também foram capazes de observar a Lei de Deus de forma perfeita. Ou não teriam sido salvos! A morte de Jesus não foi apenas para provar que Satanás estava errado, quanto à possibilidade de se guardar a Lei de Deus de forma perfeita. Isso, outros fizeram, antes dEle! Sua morte foi, também, substituinte! Ele morreu porque, embora outros tivessem guardado a Lei perfeitamente, sua condição pecaminosa não lhes permitia atingir a Justiça suficiente para se salvarem e salvarem outros. Apenas Jesus poderia fazê-lo! No entanto, Satanás contestou a motivação por que esses homens (como Jó) guardavam os Dez Mandamentos. Diz M. L. Andreasen:
Satanás asseverou que os que, no passado, serviram a Deus, o fizeram por motivos mercenários, que Deus os protegeu e que ele, Satanás, não teve livre acesso a eles. Se lhe tivesse concedido plena permissão para apresentar sua causa, eles também teriam sido ganhos para ela. Mas Deus teve medo de permitir-lhe que o fizesse, alega Satanás. Deem-me oportunidade justa, diz ele, e eu vencerei.
E, assim, para fazer silenciar para sempre as acusações de Satanás; para tornar claro que Seu povo o serve por motivos de lealdade e equidade sem considerar recompensa; para defender Seu próprio nome e caráter das acusações de injustiça e arbitrariedade; para demonstrar aos anjos e aos homens que Sua Lei pode ser observada pelos homens mais débeis, nas circunstâncias mais desalentadoras e difíceis – Deus permite a Satanás que prove Seu povo até ao máximo. Serão ameaçados, torturados, perseguidos. Estarão face a face com a morte, quando for promulgado o decreto de adorar a besta e a sua imagem. (Apoc. 13:15) Mas não cederão. Estarão dispostos a morrer de preferência a pecar.128
Portanto, ainda que Cristo tenha derrotado a Satanás, ao guardar perfeitamente a Lei de Deus, por motivos santos e puros, os quais jamais poderão ser contestados pelo diabo, resta, ainda, os justos “derrotarem” ao grande inimigo; provando, diante do Universo e do mundo, que poderão ser fiéis a Lei Deus unicamente pelo Amor que devotam ao seu Criador e Salvador, sem qualquer outra motivação, além de eterna gratidão e adoração! Knight precisa rever seus conceitos metodológicos de explanação teológica e, ao mesmo tempo, ser honesto e imparcial!
Outra afirmação tremendamente equivocada de George R. Knight: “Afinal de contas, Deus é Deus! Não nos cabe dizer o que Ele pode ou não pode fazer, mas aceitar a obra consumada de Cristo e permitir que o Senhor transforme totalmente nosso coração e nossa vida, a fim de estarmos prontos quando Ele voltar”.129
Esta afirmação ainda está sendo feita no contexto de que Andreasen teria dito que a purificação do Santuário Celestial depende do preparo do povo de Deus, na Terra. O que não é verdade! Onde está o tremendo equívoco de Knight? Ele diz que precisamos “aceitar a obra consumada de Cristo”! É nisso que os membros adventistas do sétimo dia estão se apegando, para continuarem em seus pecados! Não é necessária a Santificação real, a mudança de vida, o abandono do pecado, a erradicação da depravação do pecado! Alguns pastores chegam a dizer que a Santificação é desnecessária! O que é preciso fazer é aceitar a “obra consumada de Cristo”! Consumada quando? Jesus já deixou o Santuário Celestial? A transformação total da nossa vida depende de quê? Apenas do perdão de Deus, a Justificação Forense? Ou depende da mediação e da aplicação do sangue de Jesus sobre nossa natureza depravada, na Santificação? Nesse caso, a obra de Jesus somente vai se consumar, de fato, quando os que fazem parte do Seu povo deixarem a resistência maligna do seu coração e se entregarem, sem reservas, ao processo de eliminação do pecado. Ou então, como bem diz Knight (afinal, ele não fala apenas mentiras), o Deus Soberano é “capaz de interromper [S]ua obra de [J]ustiça por meio deles”.130 E também neles!
O último capítulo do livro de George R. Knight, “CRESCENDO NA PERFEIÇÃO PELA ETERNIDADE”, é repleto de afirmações confusas e distorcidas. À página 221, está escrito o seguinte: “É verdade que os traços de caráter que nutrirmos ‘na vida não se mudarão pela morte ou pela ressurreição’. Mas também é verdade, adverte Ellen G. White, que se o caráter celestial não for adquirido na Terra, ‘jamais se poderá obter’”.131 Por esse texto dos Testemunhos, Knight sugere que os santos ressuscitados ainda terão que alcançar a erradicação definitiva de seus pecados inconscientes ou involuntários; quando a profetisa do Senhor está dizendo, claramente, que essa obra terá que ser finalizada antes da morte! Creio que durante a leitura desta resenha, o(a) leitor(a) irá perceber o que, de fato, Deus irá fazer para levar Seu povo à perfeição é à impecabilidade. Porém, uma coisa é certa: A Glorificação tem a ver apenas com a erradicação da natureza pecaminosa, anulada pelo Poder de Deus, com a transformação do corpo (o terreno, mortal, dará lugar ao espiritual e imortal) e com o nosso crescimento até atingir a estatura de Adão. Em relação à perfeição, teremos, sim, alcançado a perfeição absoluta, na Glorificação! Nada menos perfeito do que Deus pode subsistir em Sua Presença! No entanto, isso, como já tenho dito (ou direi), corresponde ao GRAU de perfeição, e não ao POTENCIAL da perfeição! A nossa perfeição, embora seja a mesma de Deus, é limitada pela nossa condição de seres criados. A de Deus, graças aos Seus atributos divinos, se estende sempre para o Infinito e além! Por isso, cresceremos NA perfeição, que sempre se dirigirá, eternamente, para a perfeição de Deus, e não EM BUSCA de perfeição!
Tenho considerado as afirmações de George R. Knight que estão em oposição à verdade tanto da Palavra de Deus quanto do Espírito de Profecia. Voltar-me-ei, agora, para a consideração de Knight para com o Espírito de Profecia, no que se refere aos assuntos doutrinários. É claro que, para o(a) leitor(a), o teólogo tem profundo respeito para com os Testemunhos, visto que ele os cita de forma profusa, em seu livro. Mas, até aonde vai esse “respeito”?
Logo de início, sob o título “LUZ ‘MAIOR’ E LUZ ‘MENOR’”, Knight sai com esta pérola:
Eu gostaria de afirmar que não é possível demonstrar o perfeccionismo e a impecabilidade com base nos escritos de Ellen White. Em primeiro lugar, ela afirmou claramente que seus “testemunhos não estão destinados a comunicar nova luz; e sim a imprimir fortemente na mente as verdades da inspiração que já foram reveladas” na Bíblia. Deus não deu “nenhuma luz adicional”.
O interessante disso é que Ellen White não apresenta nenhuma nova luz sobre o tema da perfeição cristã. Na mesma página da citação acima, lemos: “Se tivessem feito da Bíblia o objeto de seus estudos, com o propósito de atingir o padrão bíblico e a perfeição cristã, não necessitariam dos Testemunhos”.
O propósito dos Testemunhos não é fornecer nova luz sobre a perfeição nem sobre outros temas, mas simplificar “as grandes verdades já comunicadas”. Segundo ela, Deus deu à Igreja Adventista “uma luz menor [os escritos dela] para guiar homens e mulheres à luz maior [a Bíblia]”. Um dos mais graves problemas do adventismo é usar excessivas vezes a luz menor para afastar as pessoas para longe da Bíblia ao invés de aproximá-las dela.132
Tenho a leve impressão de que, na última frase dessa citação, Knight está sugerindo, sutilmente, que os adventistas do sétimo dia parem de mencionar os Testemunhos, em suas reuniões, para não afugentar os não adventistas, incrédulos. Isso seria ofender o Espírito de Deus! Sim, porque os adventistas sinceros, que leem o Espírito de Profecia com a determinação de seguir suas orientações, são, ainda com mais profundidade, encaminhados para a Palavra de Deus!
Analisarei as palavras de Knight detalhadamente.
1) Em primeiro lugar, creio que alguns textos dos Testemunhos nos ajudarão a perceber se, de fato, é impossível “demonstrar o perfeccionismo e a impecabilidade com base nos escritos de Ellen White”. Quero lembrar o(a) leitor(a) que não sou perfeccionista, mas crente na doutrina bíblica da Plena Perfeição Em Cristo. Portanto, é esse tipo de “perfeccionismo”, juntamente com a impecabilidade, que procurarei provar, pelos escritos da profetisa do Senhor. Vejamos, primeiramente, os textos sobre o “perfeccionismo”/Plena Perfeição Em Cristo.
“O Salvador mostrou, por meio de Sua humanidade consumada por uma vida de constante resistência ao mal, que, com a cooperação da Divindade, podem os seres humanos alcançar nesta vida a perfeição de caráter. Esta é a certeza que Deus nos dá de que também nós podemos alcançar a vitória completa.”133
“Temos a obrigação de usar corretamente nossas faculdades, a fim de que sejamos habilitados para a vida eterna no Reino de Deus. Deus requer perfeição de todo ser humano. Devemos ser perfeitos nesta vida da humanidade assim como Deus é perfeito em Seu caráter divino.”134
“Aquele que entra nesta senda de conhecimento, porém, e persevera em buscar a oculta sabedoria, a esse ensinam os agentes celestes as grandes lições que, mediante a fé em Cristo, o habilitam a ser vitorioso. Por meio desse conhecimento se alcança a perfeição espiritual; a vida se torna santa e semelhante à de Cristo.”135
“Nossa obra é esforçar-nos para atingir, em nossa esfera, a perfeição que Cristo atingiu em todos os aspectos do caráter. Ele é nosso Exemplo.”136
Esses textos são contundentes. A perfeição que temos que alcançar é a mesma que Cristo alcançou. E não havia pecado de qualquer natureza nessa perfeição! Se o caráter que temos que ter, NESTA VIDA, é o perfeito caráter de Jesus, como pode haver pecados ou defeitos de caráter, nos crentes que alcançarão a perfeição de Jesus? A profetisa deixa bem claro sobre quando essa perfeição deve ser alcançada. “É o caráter espiritual e moral que é de valor à vista do Céu, e que sobreviverá à sepultura e possuirá a glória da imortalidade, através dos séculos intérminos da eternidade. […] Unicamente os que apreciaram a Graça de Cristo, que os tornou herdeiros de Deus e co-herdeiros de Jesus, ressurgirão da sepultura trazendo a imagem de seu Redentor.”137 É muito claro: Devemos alcançar a perfeição moral e espiritual (perfeição de caráter) ANTES DA NOSSA MORTE! Nos casos dos santos que não passarão pela morte, essa perfeição terá que ser alcançada antes do Selamento do “Remanescente Fiel Adventista do Sétimo Dia” e do derramamento da Chuva Serôdia (adventistas do sétimo Dia) e do fechamento da Porta da Graça (demais salvos). Vejamos, agora, os textos sobre o dever de alcançarmos impecabilidade.
“O Salvador tomou sobre Si as enfermidades humanas, e viveu uma vida sem pecado, a fim de os homens não terem nenhum temor de que, devido à fraqueza da natureza humana, eles não pudessem vencer. Cristo veio para nos tornar ‘participantes da natureza divina’ (II Ped. 1:4), e Sua vida declara que a humanidade, unida à divindade, não comete pecado.”138
“Deus quer que cada um de nós seja perfeito nEle, a fim de representarmos perante o mundo a perfeição de Seu caráter. Quer que estejamos isentos de pecado, para não desapontarmos o Céu, nem entristecermos o divino Redentor. Não quer Ele que professemos o cristianismo sem prevalecer-nos da Graça que nos pode tornar perfeitos, e nada nos falte.”139
“Não vos assenteis na poltrona de Satanás, dizendo que não adianta, que não podeis deixar de pecar, que não há em vós poder para vencer. Não há poder em vós, separados de Cristo, mas tendes o privilégio de ter Cristo permanentemente em vosso coração pela fé, e Ele pode vencer o pecado em vós, quando com Ele cooperardes.”140
“No dia do Juízo, não será defendido o procedimento do homem que reteve a fraqueza e imperfeição da humanidade. Para ele não haverá lugar no Céu. Ele não pode desfrutar a perfeição dos santos na luz. Quem não tem suficiente fé em Cristo para crer que Ele pode livrá-lo de pecar, não tem a fé que lhe dará entrada no Reino de Deus.”141
Seja sincero(a), leitor(a)! O que estes textos estão afirmando? Que precisamos alcançar impecabilidade (pelo menos, nos níveis de nossos comportamento e pensamentos)! Mas deixemos que Ellen G. White estabeleça, de fato, qual deve ser o grau de nossa impecabilidade.
“Foi-me mostrado que, se o povo de Deus não fizer esforços, de sua parte, mas esperar apenas que sobre eles venha o refrigério, para deles remover os defeitos e corrigir os erros; se nisso confiarem para serem purificados da imundícia da carne e do espírito, e preparados para tomar parte no alto clamor do terceiro anjo, serão achados em falta.”142
“Quando Cristo Se levantar e deixar o Lugar Santíssimo, começará o tempo de angústia [de Jacó], estará decidido o caso de cada pessoa, e não haverá sangue expiatório para purificar do pecado e corrupção.”143
“Naquela ocasião [após o fechamento da Porta da Graça], o Refinador não Se ocupará com o processo de purificação, para remover-lhes os pecados e a corrupção. Tudo isso deve ser realizado durante o tempo da Graça. É agora que essa obra deve ocorrer em nós.”144
Perceba, querido(a)! “Imundícia da carne e do espírito”! “Pecado e corrupção”! “Os pecados e a corrupção”! Portanto, não se trata apenas de deixar de pecar, ante do fim da Graça (os adventistas devem alcançar esta condição antes da Chuva Serôdia), mas de ter a própria pecaminosidade maligna extirpada! Então, como poderiam, os salvos, seguir pecando, mesmo inconscientemente? Caso pecassem, não haveria mais “sangue expiatório” para purificá-los e estariam terrivelmente perdidos! É claro que os salvos ainda poderão pecar, depois que tiverem a essência maligna do pecado eliminada; assim como Cristo, sem pecado, poderia ter cometido atos pecaminosos. Mas, guardados pelo Poder de Deus, não mais pecarão. Reflita, leitor(a): É possível, ou não, demonstrarmos a perfeição e a impecabilidade, por meio dos Testemunhos? Mas é claro que, pelas afirmações de Knight, sobre ser impossível deixar de pecar ou ser perfeito, nesta vida, ele deve ter alguma maneira de desmentir a profetisa do Senhor! Vamos esperar para ver!
2) Se o(a) leitor(a) desejar, poderá voltar a ler a citação de Knight, a fim de lembrar do que estamos tratando. A colocação de Knight, sobre não haver “nenhuma luz adicional” acerca das “verdades da inspiração já reveladas” deve ser, sinceramente, questionada e analisada. Primeiramente, vamos ver como Ellen G. White se refere à Luz reveladora dos mistérios divinos.
“Tem-me sido feita a pergunta: ‘Pensa que o Senhor tem qualquer nova luz para nós como um povo?’ Respondo que Ele tem luz que para nós é nova, e todavia é preciosa luz antiga que há de brilhar da Palavra da Verdade.”145
“Nossa responsabilidade é maior do que foi a de nossos antepassados. Somos responsáveis pela luz que receberam, e que nos foi entregue como herança; somos também responsáveis pela luz adicional que hoje, da Palavra de Deus, está a brilhar sobre nós.”146
“Cumpre não pensar: ‘Bem, temos toda a Verdade, compreendemos as principais colunas da nossa fé, e podemos descansar neste conhecimento’. A Verdade é progressiva, e precisamos andar em luz crescente.”147
“Precisamos manter-nos sempre em uma posição na qual possamos receber crescente luz, ter novas e mais vívidas ideias e obter mais clara visão da íntima relação que deve existir entre Deus e Seu povo.”148
Podemos entender, claramente, que Ellen G. White fala da Luz reveladora de Deus de três maneiras distintas:
1a) “Nova Luz” – Refere-se a alguma nova revelação vinda diretamente de Deus. Neste caso, em termos de doutrinas, a Bíblia contém toda a Luz e, por isso, não podemos esperar nenhuma “nova luz”.
2a) “Luz Adicional” – Diz respeito às revelações que surgem, periodicamente, como resultado do estudo dos temas já apresentados na Palavra de Deus.
3a) “Luz Crescente” ou “Crescente Luz” – Tem praticamente o mesmo sentido de “luz adicional”, embora dando a ideia de continuidade.
Assim, com relação a Sua Palavra, o Senhor tem trabalhado de duas maneiras distintas, após tê-la entregue aos homens. Ele tem, de tempos em tempos, descortinado alguma “nova” Verdade da mesma, como a Justificação Pela Fé, nos dias de Martinho Lutero, e do Santuário Celestial, nos dias de Guilherme Miller e dos primeiros adventistas. Mas, também, tem continuamente operado na mente de homens humildes, a fim de esclarecer algum pequeno detalhe dos temas bíblicos. Por isso, Ellen G. White adverte que jamais podemos pensar não haver qualquer nova descoberta a ser feita, em torno das verdades bíblicas! Ela nos exorta, ainda, a estarmos preparados para receber essas “novas” revelações! Sendo assim, como pode George. R. Knight dizer que Deus não tem “nenhuma luz adicional”, com relação aos aspectos da perfeição e da impecabilidade? É fácil entendermos a questão, se lermos o texto completo de Ellen G. White. “O Senhor deseja que estudeis a Bíblia. Ele não deu alguma luz adicional para tomar o lugar de Sua Palavra.”149 Knight omitiu a última parte da frase da profetisa do Senhor! Deus jamais tem deixado de prover “luz adicional” ou “crescente luz”, acerca dos assuntos bíblicos. O que Ele não deseja é que essa “luz menor” se torne uma “nova luz” e ocupe o lugar da “luz maior”, a Sua Palavra! A Bíblia precisa continuar sendo “a única regra de fé e prática”, quando o assunto é doutrina! Portanto, se nada pode ser acrescentado, quanto ao que está escrito na Palavra de Deus, por possuir ela toda a luz que Deus desejava outorgar aos homens, nada impede que essa luz se torne uma “crescente luz”, à medida que, por Seu Espírito, Deus traga novas e maravilhosas revelações em torno do que está escrito! Por aí, já podemos começar a enxergar a verdadeira apreciação que Knight tem para com os Testemunhos!
3) No parágrafo seguinte, Knight se refere ao fato de que, caso tivessem estudado a Palavra de Deus, os homens não precisariam dos Testemunhos, para atingir a perfeição cristã. Não podemos entender isso como se referindo apenas aos adventistas do sétimo dia, senão a todos os homens. Era plano de Deus que, com a Reforma Protestante, os homens chegassem à plenitude da revelação divina, por meio da Sua Palavra, atingindo, como resultado, o ápice do crescimento cristão. Hoje, cabe ao Adventismo do Sétimo Dia a tarefa de conduzir os homens a essa sublime experiência; o que, me parece, ficasse por conta dos seus representantes, levaria outros seis mil anos para acontecer! Com John Wesley, porém, o Senhor apenas tocou a superfície do mais sublime de todos os temas bíblicos, a Perfeição Cristã. Nada mais pôde revelar, pois os homens se puseram a digladiar em torno do que seja perfeição! E, assim, não puderam compreender o que Deus pretende com a perfeição! Foi necessário, então, dada a urgência do tempo, que o Espírito de Profecia, por meio de Ellen G. White, viesse trazer, não uma “nova luz”, mas “luz adicional” sobre o assunto; a fim de que, por meio do seu estudo, aliado à Revelação maior, houvesse “crescente luz” sobre os homens (principalmente, sobre os adventistas do sétimo dia). Ela veio “trocar em miúdos” o tema bíblico da perfeição cristã e, assim, da sua consequente impecabilidade. Portanto, ao contrário do que Knight tenta transparecer, são necessários, sim, os Testemunhos, na compreensão desses aspectos doutrinários! “Vocês precisam dos Testemunhos!”, disse Ellen G. White, “Para entenderem o assunto e chegarem à perfeição!”.
4) No último parágrafo do texto citado, George R. Knight, mesmo, confirma a minha consideração anterior! Ele diz que os Testemunhos foram dados para simplificar “as grandes verdades já comunicadas”. De fato! Elas foram dadas como “luz adicional”, embora não devam tomar o lugar da “luz maior” – a Bíblia. Não podemos esperar que Deus nos fale do Céu, dizendo em que consiste a perfeição de caráter! Ele nos deu toda a luz, em sua Palavra; e luz adicional, por meio dos Testemunhos. E ambas as luzes, a “maior” e a “menor”, unidas, nos trarão crescente luz acerca do crescimento cristão rumo à perfeição!
5) Neste mesmo parágrafo, o Pastor Knight dispensa, aos Testemunhos, a mesma consideração que a maioria (quase todos!) dos adventistas do sétimo dia! Ou seja, nenhuma! Pois, se, aos olhos de Deus, eu não dispensar a mesma consideração que Ele dispensa, aos Seus profetas, eu não dispenso consideração nenhuma! Ao tratarem os escritos de Ellen G. White como a “luz menor”, Knight e a maioria dos adventistas sugerem, para si mesmos, que aqueles não têm o mesmo valor, a mesma autoridade, da Palavra de Deus! Mas isso não passa de um engano que tem custado (e, ainda custará) a vida eterna de milhares! Se o(a) leitor(a) entendeu os conceitos de “NOVA LUZ”, “LUZ ADICIONAL” e “CRESCENTE LUZ”, também entenderá os conceitos de “LUZ MAIOR” e “LUZ MENOR”.
A Palavra de Deus foi, depois do pecado, a GRANDE LUZ concedida aos homens, por meio da qual eles receberam toda a luz necessária para conhecerem e andarem segundo o Plano da Salvação. Por meio dos rituais exercidos no santuário terrestre, Israel pôde entender, mais claramente, esse Plano. Porém, com a morte de Cristo, cessaram aqueles serviços, e os homens passaram a depender unicamente da Bíblia, para entender os mistérios do Céu. Durante a Idade Média, as verdades da Bíblia permaneceram enterradas entre suas páginas, exceto por alguns grupos isolados de fiéis filhos de Deus, os quais a seguiam segundo a melhor luz que possuíam. Então, Deus suscitou a Reforma Protestante, por meio da qual pretendia que os homens descobrissem todas as sublimes verdades do Santo Livro e, assim, chegassem, também, ao ápice do crescimento cristão. Esse ideal, como vimos, não foi atingido, e Deus suscitou um profeta, não com uma “nova luz”, para substituir a primeira, mas com uma “luz adicional”, capaz de tornar a compreensão dos Seus Santos Ensinos mais fácil de ser obtida. Portanto, a Grande Luz, a “Luz Maior” continua a brilhar, como a principal fonte de revelação aos homens. Mas, ao seu lado, há uma “Luz Menor”; que, em lugar de ofuscar-lhe o brilho, coopera com ela para que os homens possam desvendar os preciosos clarões da Verdade de Deus!
Aqueles que estão usando esses conceitos de Ellen G. White, para minimizarem a autoridade dos seus escritos e, dessa forma, deixarem de obedecer-lhes os ensinos, farão bem em considerar suas palavras, abaixo.
“Nos tempos antigos, Deus falou aos homens pela boca de Seus profetas e apóstolos. Nestes dias Ele lhes fala por meio dos Testemunhos do Seu Espírito. Não houve ainda um tempo em que mais seriamente falasse ao Seu povo a respeito de Sua vontade e da conduta que este deve ter.”150
“O Espírito Santo é o Autor das Escrituras e do Espírito de Profecia.”151
“Os Testemunhos do Espírito de Deus são dados para dirigir os homens a Sua Palavra, que tem sido negligenciada. Ora, se suas mensagens não são ouvidas, o Espírito Santo é excluído da alma. Que outro meio tem Deus em reserva para atingir os errantes, e mostrar-lhes sua verdadeira condição?”152
Os ensinos do Pai, em Sua Dispensação, foram colocados no Antigo Testamento; os do Filho, no Novo Testamento. Onde foram colocados os ensinos do Espírito Santo? “Nestes dias Ele [Deus] lhes fala por meio dos Testemunhos do Seu Espírito”, diz Ellen G. White. Perceba, leitor(a): Não são os Testemunhos de Ellen G. White! São os Testemunhos do Espírito Santo! E sendo que o Espírito Santo é o Autor tanto das Escrituras quanto do Espírito de Profecia, qual deles tem maior autoridade? Qual deles deve ser mais prontamente estudado e obedecido? E o que acontece, se os Testemunhos não forem atendidos pelos que ouvem suas mensagens? O Espírito Santo é rejeitado e, finalmente, excluído da alma! Pense, seriamente!
Ainda sobre a questão da “luz maior” e da “luz menor”, resta um último comentário. Essa distinção tem mais a ver com os aspectos doutrinários da Palavra de Deus. Nestes aspectos, a Bíblia é a “única regra de fé e prática”. Não podemos usar os Testemunhos para formular ou defender doutrinas! Porém, em que diz respeito a outros importantes temas, como o vestuário, a alimentação, o comportamento, a educação, entre outros aspectos da vida cristã, os escritos de Ellen G. White possuem a mesma autoridade da Bíblia. Nestes assuntos, Deus cobrará, com a mesma rigidez com que retribuirá aos que transgridem os princípios bíblicos, daqueles que rejeitam e desobedecem aos Testemunhos! Alguns podem achar que estou exagerando. Mas pergunto: Onde lemos, na Palavra de Deus, que tomar café é pecado? Em lugar nenhum? Agora, leia esta citação de Ellen G. White: “Tomar chá e café é pecado, condescendência prejudicial, que, como outros males, causa dano à alma.”153 Se eu considerar os Testemunhos como uma “luz menor”, na questão da autoridade, que importância darei a essa advertência? Agora, se eu vê-los como a inspirada Palavra de Deus, cujo Autor é o Espírito Santo, como a considerarei? No entanto, graças a consideração que os adventistas estão dando aos “livros mais importantes já apresentados à Igreja e ao mundo”,154 temos bebedores de café, de chá-mate, de coca-cola, frequentadores de baladas, de cinemas, entre outras coisas, grassando, como lepra, entre as fileiras adventistas!
6) Finalmente, Knight diz que “um dos mais graves problemas do adventismo é usar excessivas vezes a luz menor para afastar as pessoas para longe da Bíblia ao invés de aproximá-las dela”. É justamente o que Knight faz! E o faz de duas maneiras! Primeiramente, estimulando as pessoas com a ideia de que os Testemunhos não têm a mesma autoridade da Bíblia. Assim, as pessoas deixam de apreciar a leitura dos Testemunhos. E os escritos de Ellen G. White, devidamente compreendidos e aceitos, encaminham às pessoas para a Bíblia, e não o contrário! Em segundo lugar, como veremos, usando os textos inspirados de forma enganosa, tendenciosa, para validar seus pontos de vista teológicos, os quais levam as pessoas a desobedecerem à única parte da Bíblia que foi escrita diretamente por Deus – os Dez Mandamentos.
Depois desse arrazoado falacioso, George R. Knight segue, dizendo: “Meu primeiro comentário, portanto, tem que ver com a metodologia teológica. Os adventistas devem recorrer à Bíblia primeiramente, e não a Ellen White, em busca de compreensão básica para a perfeição cristã”.155
Logo de cara, já se percebe a raiz de toda a problemática dos ensinos de Knight e, assim, também da “nova teologia”. Quer dizer, a “metodologia teológica”! Se algum dia, a “metodologia teológica” já foi confiável, não o está sendo, hoje; impregnada, que é, de toda sorte de métodos mundanos e conhecimentos relativos e místicos! Sobre essa teologia, Ellen G. White foi contundente:
Em alto grau, a teologia, segundo é estudada e ensinada, não passa de um registro de especulações humanas, servindo apenas para escurecer “o conselho com palavras sem conhecimento”. Jó 38:2. Com demasiada frequência o motivo de acumular esses muitos livros não é tanto o desejo de obter alimento para a mente e a alma, como a ambição de se relacionar com os filósofos e teólogos, o desejo de apresentar ao povo o cristianismo em termos e frases eruditos.156
É muito mais seguro confiar na metodologia divina! Esta metodologia diz que, na falta de um estudo mais acurado da Bíblia, ou quando não conseguem entender algum aspecto bíblico, os homens devem ir aos Testemunhos! E, então, unir os conhecimentos oriundos das duas fontes! Mas sempre com a Palavra de Deus tendo a primazia! Afinal, para nós, adventistas, os Testemunhos são a mesma “regra de fé e prática” que a Bíblia, exceto na formulação de doutrinas. Mas, aqui, não estamos falando de formular ou defender e, sim, de compreender as doutrinas. A frase seguinte é um trágico (se não fosse, seria ridículo) equívoco de George R. Knight! Por que trágico? Por que, seguindo os conselhos de homens como Knight, os adventistas, de modo geral, vão, primeiramente, à Bíblia. Então, se deparam com alguns conceitos que eles, em sua imaturidade espiritual, são tardios para compreender. E fica nisso! Como, geralmente, se trata de um assunto com o qual não desejam se envolver mais profundamente (notadamente, no caso da perfeição), se recusam a pesquisar os livros de Ellen G. White, cuja leitura lhes abriria a mente para entenderem o que Deus, deles, requer! Agora, perceba o equívoco (ou seria um raciocínio embusteiro?) de Knight:
- a) Os Testemunhos foram dados para que os adventistas tivessem uma compreensão básica, elementar, dos assuntos pertinentes à Palavra de Deus, aos quais não compreendem. Portanto, para terem uma compreensão básica, os Testemunhos devem ser consultados primeiramente e, depois, a Palavra de Deus.
- b) No entanto, os adventistas, de acordo com Knight, devem ir, primeiramente, à Bíblia, para ter uma compreensão básica da perfeição. Mas, eles já não foram? E não estão retornando ao Espírito de Profecia justamente porque não conseguiram ter essa compreensão básica?
A dinâmica BÍBLIA=TESTEMUNHOS pode ser descrita assim: Os adventistas devem ir primeiramente à Bíblia, pois é ela que traz a revelação direta de Deus. Deve ser lida com reverência e espírito de oração, para ser entendida. Porém, quando se lhes depara algum assunto difícil de ser entendido, devem consultar primeiramente os Testemunhos, antes de formularem uma conclusão pessoal, em torno do assunto. Então, ao compreenderem corretamente o assunto, pela simplificação oferecida pelos escritos inspirados, devem voltar a considerá-lo do ponto de vista de que a Bíblia é a “Luz Maior”, em termos doutrinários.
Continua George R. Knight: “Meu segundo comentário é que, como a Sra. White se baseia na Bíblia, devemos interpretar seus escritos sobre a perfeição dentro do referencial bíblico do tema. Esse procedimento nos levará a perceber que, na verdade, Ellen White não contradiz o ensino bíblico sobre a perfeição como amor e maturidade na vida cotidiana dentro de um relacionamento de fé com Deus, por meio de Jesus”.157
Este comentário do Pastor Knight é tendencioso e enganoso. Ele apresenta apenas uma face da verdade! É correto afirmar que Ellen G. White não contraria o ensino de que a perfeição tem a ver com maturidade e amor cristãos. Mas também é verdade que ela relaciona perfeição com obediência à Lei de Deus, com o deixar de pecar! Ardilosamente ou não, Knight vem ocultando, em seu livro, essa importante verdade. Diz Ellen G. White: “Deus quer que cada um de nós seja perfeito nEle, a fim de representarmos perante o mundo a perfeição de Seu caráter. Quer que estejamos isentos de pecado, para não desapontarmos o Céu, nem entristecermos o divino Redentor. Não quer Ele que professemos o cristianismo sem prevalecer-nos da Graça que nos pode tornar perfeitos, e nada nos falte.”158 Aliás, como uma pessoa pode mostrar amor a Deus e ao pecado, ao mesmo tempo? E como alguém pode ser maduro espiritualmente, enquanto vive no pecado? Pense, sinceramente, leitor(a)!
Ele segue afirmando, em seu livro: “Sempre haverá, obviamente, a possibilidade de pinçar citações dela e as arrancar violentamente do contexto de sua mensagem com o objetivo de provar extremos que ela nunca ensinou. Pessoas utilizaram essa mesma estratégia com os escritores da Bíblia”.159
Perceberemos que, nos capítulos finais do seu livro, o Pastor Knight utiliza “essa mesma estratégia”, tanto para com os Testemunhos quanto para com a Bíblia! Parágrafos abaixo, ele diz: “Não devemos apenas selecionar as declarações mais radicais e apresentá-las como se fosse a posição equilibrada sobre o tema. Precisamos ter cuidado ao interpretar seus escritos sobre o tema, procurando interpretá-los dentro do conjunto total de sua mensagem”.160 Já temos visto que o Pastor Knight fez isso, com relação à “luz maior” e à “luz menor”, bem como com a impossibilidade de se provar a perfeição e a impecabilidade com base nos Testemunhos!
Até aqui, temos visto como George R. Knight considera e usa os Testemunhos. Colocando de forma resumida, ele:
1) Nega a autoridade dos Testemunhos, colocando-os abaixo da Palavra de Deus.
2) Afasta as pessoas dos Testemunhos, ao induzi-los a irem, primeiramente, à Bíblia (quanto aos assuntos de difícil compreensão) e, depois, ao minimizar a importância dos escritos de Ellen G. White.
3) Falta para com a Verdade completa dos Testemunhos, ao dizer que Ellen G. White não se posicionou com relação ao assunto da perfeição e da impecabilidade. Todo o livro de George R. Knight é uma prova desta minha afirmação, visto que ele não cita nenhum, das dezenas de textos do Espírito de Profecia que desmentiriam suas conclusões errôneas!
4) Usa os textos de Ellen G. White fora do contexto (restrito ou geral), como vimos no caso da “luz maior” e da “luz menor”.
Se isso não servir para nos pôr em alerta, quanto a essa teologia moderna, que impregnou o Adventismo, não sei o que fará!
À página 176 do seu livro, George R. Knight faz a seguinte observação: “Um dos fatos mais óbvios no adventismo, tanto no presente como no passado, é que os defensores da impecabilidade e da perfeição absoluta recorrem bastante aos escritos de Ellen White, mas encontram pouca base nas afirmações bíblicas sobre o tema. A razão por que apelam assim para Ellen White é por não conseguirem provar pela Bíblia o perfeccionismo e a impecabilidade”.
De fato! Não existe, na Palavra de Deus, base nenhuma para a crença no Perfeccionismo herético! Começando pelo fato de ele acreditar que Jesus possuía tendências para pecar. Porém, a Bíblia apresenta inúmeras evidências da Plena Perfeição Em Cristo, a perfeição de caráter (perfeição moral e espiritual). Vejamos alguns destes textos. Apenas a título de informação, as explicações de cada texto são extraídas de meu estudo Em Busca Da Excelência De Caráter – Do Perfeccionismo E Do Liberalismo Para A Plena Perfeição Em Cristo.
Mt 5:48 – “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste”.
A controvérsia, em torno desse texto, está no grau de perfeição que Deus espera do ser humano. Os perfeccionistas dizem que isso significa total perfeição, um estado de total santidade, onde o crente já desfruta de todos os privilégios da salvação. Os liberalistas, por outro lado, afirmam que essa perfeição é apenas relativa, que é impossível ao homem alcançar a mesma perfeição de Deus. No entanto, a ênfase do texto deve ser posta no como. Como Deus é perfeito, o homem deve ser perfeito! Isso expressa mais do que semelhança! Isso afirma igualdade de perfeição! Bem, certamente, o homem jamais terá, enquanto na Terra, a mesma perfeição de Deus. Então, como entender isso? Usarei um texto do Espírito de Profecia para esclarecer.
O ideal de Deus para com Seus filhos é mais alto do que pode alcançar o mais elevado pensamento humano. O Deus vivo deu em Sua santa Lei um transcrito de Seu caráter. O maior Mestre que o mundo já conheceu é Jesus Cristo; e qual foi a norma dada por Ele a todos quantos nEle creem? ‘Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos Céus.’ Mat. 5:48. Como Deus é perfeito em Sua elevada esfera de ação, assim o homem pode ser perfeito em sua esfera humana.161
Alguns tomam o sentido das palavras finais desse texto de Ellen G. White como afirmando a relatividade entre a perfeição divina e a perfeição humana. Ou seja, como Deus é perfeito em Sua condição (“esfera”) divina, deve o homem ser perfeito em sua condição (“esfera”) humana. Assim, a perfeição humana é considerada não como um valor absoluto, como um todo a ser alcançado, mas varia segundo a interpretação de cada linha de pensamento humano! Mas o que a profetisa do Senhor está dizendo é que “como Deus é perfeito em Sua elevada esfera de ação, assim o homem pode ser perfeito em sua esfera humana” de ação! A palavra “esfera”, aqui, não tem a ver com condição, estado, de perfeição; mas, isto sim, com círculo, âmbito, de ação! Quer dizer, como Deus age de forma perfeita, em Seu elevado círculo de ação (as regiões celestiais), deve o homem agir com a mesma perfeição, em seu círculo de ação humano (a Terra corrompida pelo pecado)! “Ação” têm a ver com pensamentos, atitudes, hábitos; comportamento, enfim. Então, a igualdade de perfeição (ser perfeitos como Deus é perfeito) não significa que o homem tenha que manifestar todos os atributos ou, mesmo, participar, em seu estado decaído, da mesma condição santa (total santidade) de Deus. Isso seria impossível! Os homens jamais possuirão todos os atributos divinos, e tanto sua natureza pecaminosa quanto seu corpo degenerado estarão presentes até por ocasião da Glorificação! Ela diz respeito, acima de tudo, aos pensamentos e atos dos homens, os quais devem representar perfeitamente os pensamentos e atos de Deus. Ou seja, como Deus manifesta pensamentos e atos perfeitos “em Sua elevada esfera de ação”, também devem os homens manifestar pensamentos e atos perfeitos “em sua esfera humana” de ação. Somos, dessa forma, levados a crer que o Senhor deseja que todos os nossos pensamentos, escolhas, decisões, atitudes, hábitos e ações, sejam completamente transformados pela Sua Graça, a ponto de representarem, diante dos homens, a mesma perfeição que o Criador exprime diante do Universo.
Essa igualdade de perfeição diz respeito, ainda, à total ausência de pecado na natureza pecaminosa do homem. A mancha e a corrupção do pecado terão sido completamente eliminadas pela aplicação constante do sangue de Jesus, e as propensões pecaminosas serão totalmente sublimadas pelo “fruto do Espírito” (Gl 5:22-23). Os salvos terão a mesma natureza pecaminosa de Jesus, a qual apresentava apenas as paixões normais da humanidade (fraquezas, necessidades e sentimentos), que não são, em si mesmas, pecaminosas. Durante o “tempo de angústia de Jacó”, essas paixões serão “aperfeiçoadas pelo sofrimento”, da mesma forma como Jesus “foi aperfeiçoado” “pelas coisas que sofreu” (Hb 5:8-9). E, finalmente, após a libertação dos salvos e na Glorificação, algumas deixarão de existir (fome, medo, etc…) e outras voltarão a refletir a perfeição original (Amor, felicidade, etc…).
Ef 4:13 – “Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo”.
O ideal do cristão é o caráter santo e justo de Jesus. A “plenitude de Cristo” não admitia pecado de qualquer natureza! De acordo com a Palavra de Deus, é pela aspersão do sangue de Jesus, que somos purificados, dia a dia, da nossa condição iníqua (Hb 9:14). Também sabemos que, quando Cristo deixar o Santuário Celestial, não haverá mais como mudar o caráter do pecador! Ap 22:11. Portanto, devemos alcançar essa “plenitude” ainda antes do fechamento da Porta da Graça! Mas, para o homem, individualmente, a oportunidade de mudança acaba na morte!
Fp 2:14-15 – “Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo”.
Por que Paulo aconselha a nos tornarmos irrepreensíveis, inculpáveis? Isso deve ser entendido à luz do que acontecerá no Santuário Celestial. Quando Cristo Se levantar, estará encerrado o Juízo Investigativo, e o Santuário estará purificado. E jamais voltará a ser contaminado! Portanto, os que continuarem pecando não poderão ter seus pecados expiados! Por outro lado, como a morte põe um fim à obra de transformação do caráter, precisamos buscar hoje, agora, a vitória total sobre o pecado. O fato de permanecermos “inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta” deixa claro que alcançamos perfeição de caráter e impecabilidade agora, na Terra, e não depois da Glorificação, no Céu. Ali, alcançaremos a Perfeição Total, com a eliminação dos RESULTADOS DO PECADO, e não da MALIGNIDADE DO PECADO, que terá sido erradicada antes do fechamento da Porta da Graça.
2Pe 3:14 – “Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por Ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis”.
A exortação de Pedro traz, em si, as mesmas implicações da de Paulo aos Filipenses. Mas deve-se notar que o apóstolo diz que devemos ser “achados por Ele” “sem mácula e irrepreensíveis”. Portanto, quando Jesus irromper nas nuvens dos céus, Seu povo já deverá estar totalmente livre de qualquer coisa referente ao pecado! Ou seja, terão alcançado perfeição moral e espiritual.
Existiriam, ainda, outros textos, os quais, embora não façam referência direta à perfeição, deixam subentendida a sua necessidade. Mas creio que os que citei já são suficientes para estabelecer que a Palavra de Deus exige a perfeição moral e espiritual (Plena Perfeição Em Cristo). Passemos aos textos bíblicos que provam a necessidade de impecabilidade.
Gn 4:7 – “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo”.
O Senhor foi categórico com Caim. Ele deveria lutar contra o desejo de pecar. E o mesmo, Ele exige de nós.
Rm 6:1-2 – “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a Graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?”.
É evidente que Paulo está falando do pecado de modo geral, e não apenas do comportamento pecaminoso! Vimos o que acontece no momento da Conversão. A natureza humana sofre uma completa transformação. As faculdades mentais são revestidas de uma “disposição santa” (recebemos, nas palavras de Ezequiel – Ez 36:26, “coração [mente] novo”), purificadas as faculdades morais e espirituais, e o corpo é posto em um ESTADO DE SANTIFICAÇÃO, que deveria ser constantemente aperfeiçoado. Portanto, o pecado ficou restrito à natureza pecaminosa! Ele luta, por meio do corpo, para se manifestar, e o negar-se a atender a essas pressões das paixões pecaminosas constitui o “morrer diário” para o pecado. Essa negação ao pecado deve ser a atitude de todos os que estão sendo santificados pela Graça! Viver pecando é estar desprovido da Graça transformadora de Deus!
Gl 2:17 – “Mas se, procurando ser justificados em Cristo, formos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo Ministro do pecado? Certo que não!”.
De que Justificação Paulo está falando? Da Justificação Forense, que ocorre quando da Conversão? Claro que não! Ele está se dirigindo a pessoas já convertidas! Ele está falando da Justificação que ocorre paralela à Santificação, que nada mais é que a comunicação da Justiça de Cristo ao homem. Dessa forma, ele vai se aproximando, cada dia, da perfeita Justiça de Cristo, até alcançar a Sua plenitude e perfeição de caráter. Agora, como pode um homem estar se assemelhando a Cristo e pecando, ao mesmo tempo? Que Justiça é essa que tolera o pecado? Paulo pergunta: “Cristo pode ser ‘Ministro do pecado’?”. E ele mesmo responde: “Claro que não!”. No entanto, muitos, hoje, pretendem que, mesmo pecando, ainda estão sendo mantidos em um estado de santidade! Inconcebível!
1Jo 3:8-9 – “Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus”.
Alguns têm usado esse texto para defender que apenas o pecado deliberado, acariciado, é considerado pecado por Deus! Fazem alguns malabarismos exegéticos e gramaticais, a fim de provar que jamais deixaremos de pecar, até à Glorificação. A prática do pecado é algo horrível para Deus, não importa se ela ocorre diariamente, semanalmente, mensalmente ou anualmente! Se a quantidade de pecados que uma pessoa comete fosse importante, a Bíblia não nos apresentaria casos de homens que passaram anos cometendo os piores pecados (Manassés) e, mesmo assim, foram perdoados, e casos de homens que, por um único pecado, cometido depois de anos de fidelidade (Moisés), ou na melhor das intenções (Uzá), foram severamente punidos! Alguns podem pensar que, no caso de Moisés, ele entrou na Canaã Celestial. Sim, mas ele apenas soube que iria para lá, por ocasião da sua morte!
O que João está dizendo é que, ou temos a “divina semente” (em nossa mente), que frutifica para o Bem, ou temos a “semente maligna” (na natureza pecaminosa), que produz para o Mal. Mas nunca as duas coisas juntas! Por outro lado, ninguém pode prever as consequências do seu pecado! Pode ser que um único pecado, cometido após um longo período de vitória espiritual, traga a morte como resultado. Então, terminou, para sempre, a oportunidade de salvação para o ofensor! Certamente, o melhor é não pecar!
Ap 22: 11 – “Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se”.
Este texto do Apocalipse é incisivo. Ele nos mostra que, pelo menos, no momento do fechamento da Porta da Graça, os salvos terão alcançado impecabilidade. O que distingue o “injusto” do “justo” é a prática do pecado! O que distingue o “imundo” do “santo” é a presença da natureza maligna do pecado. Essas palavras são pronunciadas no contexto da finalização do Juízo Investigativo e da purificação do Santuário Celestial. Portanto, os salvos não apenas terão deixado de pecar, mas estarão sem a condição maligna do pecado.
Jo 8:11 – “Vai e não peques mais”.
A única saída, para os adeptos da “nova teologia”, é dizer que Jesus estava se referindo aos pecados conscientes, deliberados. Mas a ordem de Jesus é muito direta e abrangente! Ele poderia ter dito: “Vai e não adulteres mais!”, se quisesse especificar o tipo de pecado que não gostaria que a mulher cometesse. No entanto, ele disse: “Vai e não peques mais”. Isso é um claro indício de que devemos, sim, buscar a impecabilidade!
Dessa forma, podemos provar, pela Palavra de Deus, que a impecabilidade, assim como a perfeição de caráter, é uma injunção dada aos crentes. Se pensarmos que a morte põe um fim a oportunidade de salvação e que um único pecado, não confessado, uma única mancha, no caráter do homem, significa sua eterna ruína, já podemos pensar na necessidade que ele tem de parar de pecar; pois pode ser que seu próximo pecado seja o que vai decretar, também, o fim da sua existência.
Sendo que é possível provar, pela Palavra de Deus, a Plena Perfeição Em Cristo e a impecabilidade, por que, em seu livro, o Pastor Knight parece demonstrar, cabalmente, o contrário? Somente existe uma resposta: O uso falso, distorcido, dos textos da Palavra de Deus e do Espírito de Profecia! Tenho já mostrado a relação de Knight para com os Testemunhos e provado que é possível determinar a perfeição de caráter pela Palavra de Deus. Quero, a partir daqui, considerar alguns textos da Bíblia e do Espírito de Profecia, usados de forma indigna por George R. Knight. Vejamos, em primeira mão, os textos da Palavra de Deus.
Rm 3:20 – “Visto que ninguém será justificado diante dEle por obras da Lei, em razão de que pela Lei vem o pleno conhecimento do pecado”.
O Pastor Knight usa este texto bíblico para defender os pecados inconscientes, não intencionais ou por ignorância.162 Ou seja, este texto diz respeito apenas àqueles que têm conhecimento das exigências da Lei de Deus! Um índio, por exemplo, não poderia ser culpado de adorar outros deuses, visto que ele não conhece o Primeiro Mandamento da Lei de Deus! Porém, este argumento cai por terra, diante de outros textos bíblicos. Lemos, por exemplo, em Rm 2:12, 14-15: “Assim, pois, todos os que pecaram sem Lei também sem Lei perecerão; e todos os que com Lei pecaram mediante Lei serão julgados. […] Quando, pois, os gentios, que não têm Lei, procedem, por natureza, de conformidade com a Lei, não tendo Lei, servem eles de Lei para si mesmos. Estes mostram a norma da Lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se”. Portanto, não existe, na Terra inteira, ser humano que não tenha conhecimento das reivindicações de Deus, embora dependendo do grau de conhecimento religioso do mesmo. E, ainda que houvesse, usá-lo para defender que cristãos experientes possam pecar ignorantemente, tendo a Lei de Deus e outras fontes de conhecimento, é o cúmulo da ousadia!
1Tm 1:13 – “A mim que, noutro tempo, era blasfemo e perseguidor, e insolente, Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade”.
Perceba, leitor(a)! Quando Paulo obteve a misericórdia de Deus, por causa da sua ignorância? Antes ou depois da sua conversão? O contexto deixa claro que foi antes da sua conversão. No verso 16, Paulo afirma que foi chamado para ser “modelo” dos futuros cristãos. Agora, pense: Que modelo seria Paulo, caso vivesse pecando? Leia o que diz Ellen G. White. “A santificação de Paulo era resultado de um constante conflito com o próprio eu. Disse ele: ‘Cada dia morro.’ I Cor. 15:31. Sua vontade e seus desejos combatiam diariamente contra o dever e a vontade de Deus. Em vez de seguir a inclinação, ele cumpria a vontade de Deus, por mais que isso representasse a crucifixão de sua própria natureza.”163 No entanto, por meio desse texto bíblico, Knight sugere que é possível uma pessoa pecar por ignorância, depois de estar convertida.164 Pode pecar por decidir permanecer na ignorância, mas nunca por ignorância!
Sl 19:12-13 – “Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas. Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão”.
De forma indigna, inconcebível, o Pastor Knight usa este texto para confirmar uma falsa distinção entre pecados inconscientes, involuntários (os quais jamais deixaremos de cometer, até à Glorificação), e pecados conscientes, deliberados, que devem ser abandonados.165 Mas o texto é um “tiro no pé” das pretensões de George Knight! Devidamente compreendido, ele revela exatamente o contrário das suposições do teólogo! Segundo o texto, podemos, sim, cometer pecados inconscientes, involuntários. Mas, somente enquanto não estamos totalmente santificados pela Graça de Deus! É justamente isso que Davi pede, em sua oração! Vejamos os passos da oração de Davi. Eles esclarecem os passos da Santificação, quanto à Perfeição Cristã.
1) Davi ora, confessando e pedindo perdão pelos seus pecados, inclusive aqueles dos quais não se lembra ou cometeu involuntariamente. Isso é Perfeição Em Cristo. Nesta fase, o crente ainda pode pecar por ignorância (se recusar-se a buscar o conhecimento e o crescimento espiritual) ou involuntariamente.
2) Em seguida, ele pede que Deus o guarde da soberba, que ela não o domine. Soberba não é ato ou pensamento pecaminoso, mas paixão, tendência pecaminosa. Portanto, Davi está suplicando que Deus trabalhe na própria raiz do pecado, as tendências malignas da natureza pecaminosa. Quer dizer, ele está pedindo para que Deus o leve à Plena Perfeição Em Cristo. Nesta fase, pela completa eliminação das tendências pecaminosas, o homem terá alcançado perfeição de caráter (perfeição moral e espiritual). Nas palavras de Davi, terá se tornado “irrepreensível”. Esta será a condição dos adventistas do sétimo dia, antes do recebimento da Chuva Serôdia e dos cento e quarenta e quatro mil, após o fechamento da Porta da Graça.
3) Davi reconhece que, salvo, pelo Poder de Deus, de pecar inconscientemente, devido às inclinações do coração estarem sendo santificadas (eliminadas, de fato) pelo Senhor, ele, por seu esforço pessoal, amparado na Graça, evitará as grandes transgressões, os pecados abertos, acariciados! Dessa forma, ele não pecará de maneira nenhuma! Da mesma forma, o crente que busca, todos os dias, estar sob a Graça santificadora e transformadora de Deus, será guardado de todo o pecado. É essa realidade que os crentes adventistas devem buscar urgentemente! Mas, pela ótica de Knight, isso somente irá acontecer depois de os “cristãos” estarem queimando no fogo eterno, visto que jamais serão levados para o Céu, com seus pecados!
Quando o Senhor vier, os que são santos serão santos ainda. Os que houverem conservado o corpo e o espírito em santidade, em santificação e honra, receberão então o toque final da imortalidade. Mas os que são injustos, não santificados e sujos, assim permanecerão para sempre. Nenhuma obra se fará então por eles para lhes tirar os defeitos, e dar-lhes um caráter santo. Então o Refinador não Se assentará para prosseguir em Seu processo de purificação, e para remover-lhes os pecados e a corrupção. Tudo isto deve ser feito nestas horas da Graça. É agora que esta obra deve ser feita por nós.166
Mt 5:48 – “Portanto, sede vós perfeitos como Perfeito é o vosso Pai celeste”.
O uso indigno, tendencioso, desse texto bíblico, por parte do Pastor Knight e seus seguidores, está no fato de ele dizer que a perfeição, aqui mencionada, consiste em exprimir o mesmo amor e misericórdia de Deus.167 Mas isso não passa de pura interpretação em termos de palavras hebraicas, aramaicas e gregas! Ou seja, é uma interpretação baseada unicamente nos métodos eruditos de estudo da Bíblia, e não na revelação do Espírito Santo! Deus é tão perfeito em Seu Amor quanto em Sua Justiça! E Ele, certamente, exige perfeição do homem tanto no que se refere ao Seu Amor, quanto no que diz respeito à Sua Justiça! “Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5:20), disse ele. E Justiça requer perfeita obediência aos Mandamentos de Deus, o que se traduz em atos e atitudes. E onde há Justiça, não há pecado! Quando o homem refletir, perfeitamente, a Justiça de Deus (Plena Perfeição Em Cristo), também estará totalmente isento de pecado (seja como a condição maligna do coração, seja como prática pecaminosa)!
1Jo 1:8, 10 – “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a Verdade não está em nós. […] Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-LO mentiroso, e a Sua Palavra não está em nós”.
O objetivo do Pastor Knight (e dos demais pastores e teólogos da “nova teologia” que usam esse texto) é provar, finalmente, que “existe pecado ‘que não leva à morte’ e pecado ‘que leva à morte’”.168 E, continuando seu raciocínio, na mesma página, ele afirma: “O quadro descrito em 1 João é o contraste entre dois tipos de atitudes: (1) os que têm uma atitude de rebelião contra Deus e vivem na prática constante do pecado como um modo de vida, e (2) os que cometem pecados dos quais se arrependem, voltando para o mediador em busca de perdão e purificação. O primeiro grupo aponta para os que cometem pecado ‘que leva à morte’, enquanto o pecado do segundo grupo ‘não leva à morte’”. E, então, à página 215, ele diz, com toda a segurança, que, embora Deus “não vai poluir o Céu com pecadores” “em rebelião contra Ele”, Ele “pode, sim, levar para o Céu, sem qualquer risco, os que ainda cometem erros e pecados de ignorância e de omissão”! Porém, vejamos o que diz a profetisa do Senhor: “Deus não aceitará uma obediência voluntariosa e imperfeita”.169 As colocações do Pastor Knight são uma abominável deturpação da Verdade! E estão sendo espalhadas dentro da Igreja, no mundo inteiro! Vejamos algumas coisas importantes, leitor(a):
1) Em primeiro lugar, Jesus não veio morrer por pecados, mas por causa do pecado! Dizer que alguns pecados “são para a morte” e outros “não são para a morte”, equivale a dizer que alguns pecados foram colocados sobre Jesus, na cruz, e outros não foram! Por que Jesus sofreria por pecados que, de fato, não são pecados, mas apenas “erros de percurso”? Se os salvos não precisam sofrer condenação por esses pecados, por que Jesus teria que sofrer? No entanto, João foi claro, quando apresentou Jesus como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Jesus não veio tirar “alguns pecados do mundo”, mas “o pecado do mundo” (não do mundo, obviamente, mas das pessoas que estão no mundo)! Não apenas eliminar pensamentos e atos pecaminosos, mas a própria depravação pecaminosa!
2) As ofertas pelo pecado, no santuário terrestre, constituíam-se em animais que eram oferecidos segundo a categoria do pecado cometido (involuntário, por ignorância, acidental, enfim). Mas esses animais eram imolados, e o seu sangue, levado para dentro do primeiro compartimento, onde era aspergido diante do segundo véu. Lv 4:5-6, 16-17. No caso em que um príncipe ou uma pessoa pecava por ignorância, o sangue não era levado para dentro do tabernáculo, mas a carne da oferta era comida pelo sacerdote, que, após, entrava na tenda da congregação, levando a iniquidade do ofensor sobre si. Lv 6:25-26; 10:17-18. De qualquer forma, em todos os casos, era necessária a mediação do sacerdote, dentro do Lugar Santo, diante do Senhor. Portanto, a mesma coisa deve ocorrer, em relação ao antítipo, o ministério de Jesus no Santuário Celestial. Qualquer pecado cometido deve ser mediado por Jesus, a fim de encontrar perdão, da parte de Deus. Sendo assim, ao sair Jesus, do Santuário Celestial, não haverá mais mediação para qualquer tipo de pecado, deliberado ou inconsciente! No entanto, Knight resolve isso, dizendo, à página 206 do seu livro, que, embora não haverá um Mediador, haverá, ainda, um Salvador para os filhos pecadores de Deus. Mas, é claro que, sem mediação, não pode haver salvação!
3) Vimos, na oração de Davi, como Deus lida com o problema do pecado. Apenas no começo da sua vida cristã, o pecador pode cometer atos involuntários ou por ignorância (inconscientes), seja por não estar totalmente a par das reivindicações de Deus, seja por não estar totalmente santificado pela Graça de Deus. Mas ele não pode passar a vida toda nessa condição! Pelo contrário! Ele, como Davi, deve suplicar e permitir que Deus o leve à Plena Perfeição Em Cristo. Neste estado, enquanto Deus, pela atuação conjunta da Sua Justiça, do Seu Poder e do Seu sangue purificador, vai eliminando as propensões para pecar e qualquer possibilidade de pecado involuntário, o pecador, por seu esforço pessoal (amparado no Poder de Deus), vai evitando o pecado deliberado e/ou aberto. Persistindo em sua luta, alcançará, afinal, impecabilidade (não no sentido de não poder pecar, mas de não cometer mais pecado). Aqueles que se recusam a alcançar este padrão de santidade são tão culpados de rebelião, quanto os que vivem em aberta desobediência à Lei de Deus!
Essas considerações nos mostram que não existe, na forma como Deus os considera e trata com eles, diferentes tipos de pecados! Deus pode considerar de forma distinta as motivações e atitudes do pecador, mas nunca a natureza do pecado! E ele é ainda mais ofensivo quando resulta da obstinada resistência do pecador para com a Sua Graça! Aqueles que, como Knight, se apegam a textos bíblicos para defenderem e se manterem em tal condição, estão sob o perigo de tremenda retribuição! O que João quis dizer, realmente?
A maneira como João se refere ao pecado, em 1Jo 1:8 (“TEMOS pecado”) e 10 (“temos COMETIDO pecado”), mostram que ele entendia os dois conceitos de pecado. No primeiro caso, ele diz que POSSUÍMOS pecado, independente de pecarmos ou não. Ele está considerando a nossa condição natural, inerentemente degenerada, depravada. No segundo caso, ele afirma que, em consequência de termos natureza depravada, acabamos PRATICANDO o pecado. O que João está dizendo é que jamais poderemos dizer: “Estou sem pecado”! Primeiro, porque temos a natureza pecaminosa para provar o contrário. E, depois, a presença dessa mesma condição decaída e do corpo mortal faz com que o homem se sinta culpado diante de Deus, ainda que ele esteja vivendo sem pecar. E a possibilidade de pecar acompanhará o homem até à sua glorificação, ainda que, pela atuação da Graça e do Poder de Deus, seja mantido livre de qualquer comportamento pecaminoso. Em meu estudo Em Busca Da Excelência De Caráter – Do Perfeccionismo E Do Liberalismo Para A Plena Perfeição Em Cristo, traço outras considerações acerca desse texto e de outros, da Palavra de Deus, os quais são usados de forma enganosa pela “nova teologia”. Aqui, quero apenas considerar mais alguns textos bíblicos, de forma breve, para passar, então, aos textos dos Testemunhos.
1Jo 5:16-17 – “Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue. Toda injustiça é pecado, e há pecado não para morte”.
Creio que já temos visto a impossibilidade de o Pastor Knight defender diferentes tipos de pecados, usando este texto.170 Em primeiro lugar, Jesus não morreu por pecados, mas pelo problema do pecado. Assim, todo pecado traz, em si mesmo, uma sentença de morte. A oferta sacrifical, no santuário terrestre, sempre era imolada. Ou Jesus, ou o pecador, impenitente, precisa sofrer a condenação do pecado. Assim, TODO PECADO É COMETIDO PARA A MORTE de alguém! Portanto, é necessário entender o que João está querendo dizer. Na verdade, esse texto é difícil de ser entendido corretamente, e eu faço minha consideração com a convicção de que ela pode ser, ou não, aceita pelo(a) leitor(a)! Mas, qualquer que seja outra interpretação dada, ela jamais pode ser no sentido de que João está categorizando pecados quanto à sua natureza! É mais coerente pensar que o apóstolo está tratando de pecados cometidos devido a certas circunstâncias da vida do pecador, como, por exemplo, quando Raabe mentiu para salvar a vida dos espias de Israel. Js 2: 4-6. Também podem ser citados os casos de Abraão e de Isaque, que mentiram sobre suas esposas (Gn 12:11-20; 26:7-10), de Sansão, que tirou a própria vida (Jz 16:29-30) e de Davi, que se passou por louco para escapar de Aquis, rei de Gate (1Sm 21:12-15).
Mas há, ainda, uma outra explicação bastante viável. João pode estar se referindo a pessoas que, após terem recebido “o pleno conhecimento da Verdade”, voltaram atrás, e se colocaram “deliberadamente em pecado” (Hb 10:26). Tais pessoas endureceram o coração contra Deus e a Verdade e já não mais podem ser convencidas da necessidade de salvação. Seus pecados, então, são cometidos “para a morte”. Assim, não há como rogar por eles! Ao contrário daqueles que, mesmo convertidos, em sua experiência inicial, cometem algum tropeço ocasional. Esses cometem “pecado não para a morte” e, assim, podemos clamar pela sua total conversão ao Senhor. Uma coisa, porém, é certa: Não há como ver, nessa passagem, uma pretensa distinção entre pecados, como querem alguns. Muitos menos, que exista algum tipo de pecado que não cause, finalmente, a morte eterna do transgressor. Aquele que, a princípio, em sua caminhada cristã, comete pecado “não para a morte”, por sua constante reincidência, poderá, afinal, estar cometendo o mesmo pecado “para a morte”! A distinção, a ser feita, não é quanto ao tipo de pecado (pecado é pecado), mas, sim, quanto às motivações e às consequências do pecado. E apenas Deus pode fazer tal distinção! Ao homem, resta somente evitar o pecado!
Fp 3:12 – “Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus”.
O Pastor George R. Knight sugere que, por este texto, Paulo está dizendo ser impossível alcançarmos a perfeição e a impecabilidade, enquanto estivermos na Terra. Sugere uma “dinâmica da perfeição” em que “somos perfeitos à medida que buscamos a perfeição”.171 No entanto, Deus não disse para Abraão: “Anda na Minha presença e TENTA ser perfeito!”. Ele disse: “Anda na Minha presença e SÊ perfeito” (Gn 17:1)! O fato é que, a partir do momento em que permitirmos, Deus Se apossará de nosso ser de tal forma, que, em pouco tempo, estaremos refletindo o Seu santo caráter. Mas, na visão de Knight, será necessária a Eternidade, para o homem ser perfeito!
As palavras iniciais de Paulo esclarecem o que ele está querendo dizer: “Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição”. Note, leitor(a): Paulo não diria essas palavras, se ele soubesse que a perfeição era algo a ser conquistado apenas no Céu! Seus companheiros, a exemplo dos defensores da “nova teologia”, diriam: “Estás louco, Paulo? Você não sabe que apenas seremos perfeitos no Céu?”. No verso 13, ele reforça a ideia do verso 12, ao dizer: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado…”. O contexto deixa claro que o apóstolo está falando da perfeição. É a perfeição que Paulo não julga haver alcançado. Agora, como pode alguém julgar poder alcançar, na Terra, alguma coisa que, de fato, não está na Terra? Se este homem de Deus cresse que a perfeição cristã somente é possível no Céu, não julgaria poder obtê-la na Terra! Ele está dizendo, de fato: “Irmãos, não penso que eu já tenha obtido a perfeição…”. Mas como ele pensaria tal coisa, se a perfeição apenas fosse possível no Céu?
Agora, pasme, leitor(a), Paulo diz, em Fp 3:15, que ele JÁ É PERFEITO! Como assim? Ele diz que ainda não alcançou a perfeição, mas se considera perfeito? Como entender esse paradoxo? A única conclusão possível é que existem três tipos de perfeição. Uma, a Perfeição Total, que somente será alcançada no Céu, na Glorificação. Será a erradicação da natureza pecaminosa, bem como a restauração e glorificação do corpo físico. E duas que podem (e devem) ser alcançadas aqui, durante a carreira cristã. Essas são a Perfeição Em Cristo (caracteriza os estágios iniciais da vida cristã) e a Plena Perfeição Em Cristo (perfeição de caráter – perfeição moral e espiritual), que exige completa vitória, por meio de Cristo, sobre todo sentimento, pensamento e ato pecaminosos. O apóstolo Paulo, obviamente, jamais poderia alcançar a glorificação, a total perfeição, enquanto na Terra! Mas, com a ajuda de Cristo, poderia alcançar (e alcançou) a perfeição de caráter necessária para ser um vencedor em sua vida ministerial. Paulo afirmou: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da Justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto Juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a Sua vinda” (2Tm 4:7-8).
Portanto, Paulo se refere, aqui em Fp 3:12 e 15, à Plena Perfeição Em Cristo, à qual ele julgava não haver, ainda, alcançado, mas que considerava o “prêmio da soberana vocação”, e pela qual perseverava em sua carreira cristã, e à Perfeição Em Cristo, por meio da qual ele se dizia perfeito. Ao se dizer perfeito, Paulo, certamente, estava apelando para a perfeição que é conferida ao crente pelos méritos de Jesus, a Perfeição Em Cristo. Mas ele sabia que existia um estágio mais alto, o qual podia ser alcançado pelo filho de Deus, qual seja a Plena Perfeição Em Cristo, a perfeição de caráter (perfeição moral e espiritual). Era esse estágio que Paulo procurava alcançar e, que, certamente, alcançou! Mas Paulo reconhecia que havia uma perfeição que somente seria obtida no Céu, a perfeição total, com a erradicação definitiva das suas amortecidas tendências pecaminosas (“o corruptível se revestir de incorruptibilidade”) e com a transformação do seu corpo (“o mortal se revestir de imortalidade”) 1Co 15:54.
1Co 15:44, 53 – “Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual” [ …] Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade”.
George R. Knight usa este texto da Palavra de Deus para provar que a impecabilidade [dos salvos] será completada na segunda vinda, quando Deus lhes transformará o corpo mortal e limitado (com debilidades intrínsecas devido ao pecado e a tendência natural para o mal desde a época de Adão) em “corpo espiritual” (sem tendências pecaminosas nem as limitações decorrentes do pecado). Os justos serão transformados “ao ressoar da última trombeta”. Cristo, em Seu retorno, “transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória” (Fp 3:20, 21; Rm 6:12; 1Co 15:44, 51-53).172
Que membros, ignorantes e desinteressados sobre a Verdade, aceitem essas suposições do mestre do erro, chega a ser admissível. Agora, é inconcebível que outros teólogos e pastores estejam não apenas aceitando esses arrazoados das trevas, mas ensinando-os nas universidades e pregando-os nas igrejas adventistas! Me pergunto se os que fazem tal coisa têm ideia do tamanho da retribuição que os aguarda? Ellen G. White diz, sobre os falsos pastores que enganaram o seu povo: “Seu sofrimento foi dez vezes maior do que o de seu povo”.173
Em meu, já várias vezes citado, estudo Em Busca Da Excelência De Caráter – Do Perfeccionismo E Do Liberalismo Para A Plena Perfeição Em Cristo, no capítulo “EXPULSANDO O PECADO DA NATUREZA HUMANA”, mostro como Deus trabalhará para erradicar o pecado da natureza do homem. Aqui, vou apenas explicar resumidamente. Ellen G. White é clara, quando diz que, após Cristo deixar o Santuário Celestial, “não haverá sangue expiatório para purificar do pecado e corrupção”.174 Ela faz uma distinção entre “pecado” (atos e pensamentos pecaminosos) e “corrupção” (depravação natural do coração com suas tendências). Outras citações suas tornam evidentes essa distinção. Portanto, o que tem de ser erradicado da natureza humana, antes de Jesus deixar o Santuário Celestial (no caso dos adventistas, antes da Chuva Serôdia), são as próprias tendências pecaminosas! Ellen G. White confirma isto, ao dizer: “Toda tendência pecaminosa, toda imperfeição que aqui os aflige, foi removida pelo sangue de Cristo”.175 Então, como pode Knight dizer que nossas tendências pecaminosas são removidas somente na ressurreição? Se elas somente podem ser removidas pelo sangue de Jesus? Mas a profetisa do Senhor diz ainda mais: “Toda IMPERFEIÇÃO que aqui os aflige” também “foi removida pelo sangue de Cristo”. Ou seja, todos os defeitos de caráter! Portanto, entendemos que, antes do fechamento da Porta da Graça, a depravação natural (“corrupção”), com suas tendências, os pecados cometidos e os defeitos de caráter, foram totalmente eliminados pelo “sangue de Jesus”. Ellen G. White reconheceu que “o pecado e a doença mantêm entre si a relação de causa e efeito”.176 “É pecado ser doente, pois toda a doença é resultado de transgressão.”177 Então, sendo que pecado e doença estão relacionados, um sendo a causa da outra, toda enfermidade precisa ser coberta pelo “sangue de Cristo”. Sendo que, após o findar a Graça, não haverá mais expiação com sangue, também não haverá enfermos, entre os salvos do “Tempo de Angústia de Jacó”! Os cento e quarenta e quatro mil serão perfeitamente saudáveis! Assim, acrescentamos as doenças à lista de males erradicados dos salvos, antes do fechamento da Porta da Graça.
O que ocorrerá durante o “Tempo de Angústia de Jacó”? Diz a profetisa do Senhor: “Os que agora exercem pouca fé, correm maior perigo de cair sob o poder dos enganos de Satanás, e do decreto que violentará a consciência. E mesmo resistindo à prova, serão imersos em uma agonia e aflição mais profundas no tempo de angústia, porque nunca adquiriram o hábito de confiar em Deus. As lições da fé as quais negligenciaram, serão obrigados a aprender sob a pressão terrível do desânimo”.178 Alguns teólogos, como Edward Hepenstall, têm usado esse texto do Espírito de Profecia para defender que os salvos ainda pecarão, após o fechamento da Porta da Graça.179 Mas Ellen G. White destrói essa falsa interpretação com outro texto. “Sua fé não desfalece por não serem suas orações de pronto atendidas. Sofrendo embora a mais profunda ansiedade, terror e angústia, não cessam as suas intercessões. Apoderam-se da força de Deus como Jacó se apoderara do Anjo; e a linguagem de sua alma é: “Não Te deixarei ir, se me não abençoares.”180 Portanto, o que acontece, durante o “Tempo de Angústia de Jacó”, é uma obra de aprimoramento. Aprimoramento da fé, do Amor, da confiança em Deus! Aprimoramento das faculdades físicas, mentais, morais e espirituais! Os salvos atingirão a mesma maturidade espiritual alcançada por Jesus! Nesse momento, a Santificação terá alcançado o seu propósito.
Virá, então, o nono passo da obra de salvação do homem – a Glorificação. Nessa ocasião, a natureza pecaminosa do homem, que havia sido totalmente anulada pelo aplicar do sangue purificador de Jesus, será erradicada da natureza humana. O “corruptível” dará lugar à “incorruptibilidade”. O homem voltará à condição de Adão, no Éden. Ao mesmo tempo, segundo Paulo, o “mortal” se revestirá de “imortalidade” (2Co 15:53). Todas as predisposições genéticas serão deixadas no túmulo. Enfermidades, rugas, mutilações e defeitos físicos serão coisas do passado! Os salvos regojizar-se-ão na eterna e saudável juventude! A glória de Deus cobrirá seus corpos restaurados e, de posse da imortalidade, se tornarão absolutamente iguais a Cristo, em Sua humanidade! Finalmente, ocorrerá a quarta e última etapa de restauração! Alimentando-se das folhas da Árvore da Vida (Ap 22:2), crescerão até atingirem a estatura original de Adão. Será a finalização da Glorificação! Os bem-aventurados filhos de Deus, então, exultarão na plenitude da glória de Deus comunicada a eles! Terão se tornado totalmente perfeitos e poderão deleitar-se eternamente, ao lado do Pai, do Filho, do Espírito Santo, de Seus anjos e de todos os mundos não caídos! Estará completada a grande obra de Deus para a regeneração e restauração do ser humano. Jamais o pecado terá outra chance de se manifestar nos domínios de Deus! “Não se levantará por duas vezes a angústia” (Na 1:9)!
À luz dessas considerações, o que ocorrerá, de fato, na ressurreição? Diz Ellen G. White: “É o caráter espiritual e moral que é de valor à vista do Céu, e que sobreviverá à sepultura e possuirá a glória da imortalidade, através dos séculos intérminos da eternidade. […] Unicamente os que apreciaram aGraça de Cristo, que os tornou herdeiros de Deus e co-herdeiros de Jesus, ressurgirão da sepultura trazendo a imagem de seu Redentor.”181 Da sepultura sairão apenas “os que apreciaram a Graça de Cristo” e formaram o “caráter espiritual e moral” que reflete “a imagem do seu Redentor”! Ou seja, apenas os que permitiram que seu caráter fosse moral e espiritualmente transformado pelo sangue e pela Justiça de Cristo! Ao contrário do que diz Knight, eles não serão libertos das suas tendências e pecados depois de saírem dos sepulcros, na Glorificação. Eles já desceram aos sepulcros nesta condição! As únicas coisas que vão acontecer, na ressurreição dos justos, são a eliminação da natureza pecaminosa (anulada pelo sangue de Jesus) e a transformação do corpo físico, de mortal para imortal.
Já temos tido provas suficientes que, quanto aos textos bíblicos, o livro Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, de George R. Knight, contém um verdadeiro arsenal de distorções, preparadas para apanharem os incautos e acomodados. De agora em diante, passarei a considerar os textos de Ellen G. White que ele usa fora do seu contexto ou de forma distorcida, com o mesmo objetivo. Não vou considerar, igualmente, todos os textos citados em seu livro, mas apenas o suficiente para entendermos o perigo que se esconde por trás da “nova teologia” adventista. Em algumas situações, citarei dois ou mais textos conjuntamente, a fim de poder considerar o caráter dos ensinos de Knight com mais profundidade.
O Desejado De Todas As Nações, pág. 637: “Assim descreveu Cristo aos discípulos, no Monte das Oliveiras, as cenas do grande dia do Juízo. E apresentou sua decisão como girando em torno de um ponto. Quando as nações se reunirem diante dEle, não haverá senão duas classes, e seu destino eterno será determinado pelo que houverem feito ou negligenciado fazer por Ele na pessoa dos pobres e sofredores”.182
Knight usa este texto dos Testemunhos para reforçar a ideia de que a justificação, no Juízo, está condicionada, principalmente, à demonstração de amor e misericórdia aos nossos semelhantes. Afirma, na mesma página, que “esse processo judiciário não constitui salvação pelas obras. Ele avalia, na verdade, se a pessoa aceitou ou não o amor de Deus”. Na forma simplista como foi colocada, sem que se proceda a um exame mais profundo, em seu contexto mais amplo, tanto o texto dos Testemunhos, quanto a afirmação de Knigth, pode causar uma impressão que significará a perdição de muita gente! Em primeiro lugar, concordo em que Jesus, no “Sermão do Monte”, “apresentou Sua decisão em torno de um ponto”. Mas, seria, este, o único ponto a ser considerado no Juízo?
“O que Deus prometeu, a todo tempo é capaz de cumprir, e a obra que confiou a Seu povo a pode perfeitamente realizar por seu intermédio. Se este estiver disposto a andar em conformidade com toda a palavra que Deus falou, toda boa palavra e promessa serão cumpridas. Mas se faltar à perfeita obediência, as grandes e preciosas promessas não serão obtidas e não se cumprirão.”183
“É perfeita a ordem no Céu, assim como a obediência, a paz e a harmonia. Os que não têm tido nenhum respeito pela ordem e a disciplina nesta vida, não respeitarão a ordem observada no Céu. Não poderão ser ali admitidos; pois todos quantos houverem de ter entrada no Céu amarão a ordem e respeitarão a disciplina. O caráter formado nesta vida determinará o destino futuro.”
Em seu raciocínio sutil, o Pastor Knight faz parecer que a “a perfeita obediência” que Deus exige, em relação à Lei de Deus, seja apenas amar perfeitamente aos homens e ajudá-los.184 Mas “ordem” e “disciplina” sugerem muito mais! Sugerem uma maneira de viver que envolve, mesmo, cada detalhe da nossa vida! Jesus, conforme Ellen White, foi perfeito até mesmo no manuseio das Suas ferramentas de trabalho,185 e Se preocupou em dobrar os lençóis que Lhe serviram de mortalha!186 Jo 20:7. Embora não devamos ficar contando nossas boas obras, esperando que elas nos sejam um penhor para entrarmos no Céu, também não podemos ficar de braços cruzados, pensando que Jesus vai vencer por nós! O mesmo Jesus que apresentou o Amor no “Sermão do Monte” também disse: “Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5:20). Parece que, quanto a esse aspecto, os “fariseus modernos” estão mais perto do Reino dos Céus do que os defensores da moderna teologia.
Para Conhecê-Lo – MM/1965, pág. 265: “Cristo é nosso Modelo, o perfeito e santo Exemplo que nos foi dado para que O seguíssemos. Jamais poderemos igualar o Modelo; podemos, porém, imitá-LO e assemelhar-nos a Ele de acordo com nossa capacidade”.
Baseado neste texto, George R. Knight advoga, primeiramente, que ninguém pode “vencer como Cristo venceu”187 e, depois, que ninguém pode alcançar a perfeição de Jesus.188 Ele afirma que, ao dizer que ninguém poderia “igualar o Modelo”, Ellen G. White “sugeriu” que nossa vitória não seria a mesma de Jesus! Perceba, leitor(a): Ela apenas sugeriu! Portanto, é Knight quem está usando o texto como se ela afirmasse! Vamos ver, primeiramente, alguns textos dela afirmando que podemos vencer COMO Cristo venceu e, após, passaremos a analisá-la no contexto da perfeição.
“O Salvador venceu para mostrar ao homem como ele pode vencer”.189
“Diante de nós temos o exemplo de Cristo. Ele venceu a Satanás, mostrando-nos como também podemos vencer. Cristo resistiu a Satanás com as Escrituras. Poderia ter recorrido ao Seu próprio poder divino, e usado Suas próprias palavras; mas disse: ‘Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.’ Mat. 4:4”.190
“Os pensamentos devem se concentrar em Deus. Devemos exercer diligente esforço para vencer as más tendências do coração natural. Nossos esforços, nossa abnegação e perseverança devem ser proporcionais ao infinito valor do objetivo que perseguimos. Unicamente vencendo como Cristo venceu, havemos de alcançar a coroa da vida”.191
Sim! Temos que “VENCER COMO CRISTO VENCEU”! E como Jesus venceu? Ele simplesmente esperava que Deus realizasse algum milagre na “hora H”? Não! Ele estudava a Palavra que Ele mesmo “escrevera”; passava noites em oração; Se afligia com os pecados dos homens! (Ai, ai, parece que citei apenas a parte “negativa”, “chata”, da vida cristã!). Sinceramente, leitor(a)! A vida ao lado de Jesus é sublime e cheia de expectativas! Ao Seu lado, podemos realizar grandes coisas e experimentar momentos de indescritível alegria! Porém, muitas vezes, teremos a impressão de estarmos nas geleiras do Polo Norte! Sentindo-nos envolvidos pelo “frio” da indiferença religiosa e solitários por causa da nossa quase particular esperança! Mesmo assim, “unicamente vencendo como Cristo venceu, havemos de alcançar a coroa da vida”! É preciso lembrar que Cristo não venceu como Deus e, sim, como Homem! Não teve nenhuma vantagem, em Suas batalhas contra o Mal, que nós não possamos ter! Em termos de luta cristã, nós podemos, sim, “igualar o Modelo”!
No que diz respeito à perfeição, pergunto: Se jamais poderemos igualar o Modelo, se seremos apenas semelhantes a Ele, por que, então, nos esforçarmos para sermos perfeitos? Para deixarmos de pecar? Será por racionalizarem desta forma, que muitos cristãos sinceros estão deixando de crescer em sua experiência cristã? Afinal, era isso mesmo que a profetisa do Senhor estava dizendo, quando afirmou que não poderíamos “igualar o Modelo”? Há dezenas de outros textos do Espírito de Profecia dizendo justamente o contrário! Como o que citarei a seguir, que afirma: “Nossa obra é esforçar-nos para atingir, em nossa esfera, a perfeição que Cristo atingiu em todos os aspectos do caráter. Ele é nosso Exemplo”.192 Independentemente do que a profetisa do Senhor queira dizer com “esfera”, é evidente que devemos alcançar a MESMA perfeição que Cristo alcançou, “em todos os aspectos do caráter”. Então, pelo menos na perfeição do caráter, nós devemos ser IGUAIS a Cristo! Ela diz, ainda: “A ética inculcada pelo Evangelho não reconhece outra norma que não a perfeição da mente e da vontade de Deus. Todos os justos atributos do caráter residem em Deus como um todo harmonioso e perfeito. Todo aquele que recebe a Cristo como seu Salvador pessoal tem o privilégio de possuir esses atributos. Esta é uma ciência de santidade”.193 Note bem, leitor(a): Ela está dizendo que podemos possuir os “justos atributos do caráter” de Deus! Isso, em relação à perfeição de caráter, não é semelhança, mas IGUALDADE! Mas ela vai além, ao dizer que “devíamos mesmo ser santos como Deus é santo; e quando compreendemos o pleno significado desta declaração, e pomos o coração na obra de Deus, para sermos santos como Ele o é, aproximar-nos-emos da norma estabelecida para cada pessoa em Cristo Jesus”.194 Nesse texto, Ellen G. White não está dizendo que devemos ser MAIS ou MENOS santos que Deus! Ela está dizendo que devemos ser santos COMO Deus é Santo! Isso não é semelhança, mas IGUALDADE de santidade! É elementar: Não podem existir seres mais santos do que Deus, assim como seres, menos santos do que Ele, não poderiam subsistir em Sua presença!
O fato de a Bíblia enfatizar apenas nossa semelhança com Cristo e de Ellen G. White afirmar que “jamais poderemos igualar o Modelo” tem de ser entendido à luz da divindade de Cristo. Ou seja, “jamais poderemos igualar o Modelo” porque, mesmo no Céu, quando formos absolutamente iguais a Cristo, em nossa humanidade (livres da natureza pecaminosa e possuidores de um corpo glorificado), ainda seremos apenas semelhantes a Ele, pois não possuiremos os atributos exclusivos da Divindade. Na Terra, depois do selamento final, seremos IGUAIS a Cristo na perfeição do caráter e em nossa humanidade livre de pecado (plena perfeição em Cristo). No Céu, seremos IGUAIS a Cristo, em nossa humanidade glorificada (perfeição total). Porém, dada a divindade do Salvador, jamais poderemos ser absolutamente iguais a Ele, mas apenas semelhantes! Ademais, quanto aos demais atributos (aqueles que podemos ter), eles são comunicados a nós; ao passo que, em Cristo, eles são inerentes à Sua própria natureza divina! Cristo é o “Ente Santo” por Si mesmo. Nós, por outro lado, somos santos graças à santidade comunicada por Deus! Por assim dizer, somos “cópias” do Modelo original!
Portanto, Knight não pode usar o texto citado de Ellen G. White, para afirmar que jamais venceremos como ele venceu! Nossa vitória precisa ser exatamente a mesma de Jesus, no que se refere à luta contra o pecado! E também não a pode usar para provar que jamais seremos perfeitos (perfeição moral e espiritual), enquanto na Terra! Deus exige que busquemos e alcancemos perfeição! Como disse Ellen G. White, “é uma ciência de santidade”! Mas George R. Knight e outros importantes teólogos da Igreja estão tão envolvidos com as ciências humanas e seus arrazoados eruditos, que têm se esquecido de que, um dia, matricularam-se na “Universidade de Deus”, para aprenderem aos “pés” do Espírito Santo!
O Maior Discurso de Cristo, pág. 142: “Unicamente Deus nos pode dar a vitória. Ele deseja que tenhamos o domínio de nós mesmos, de nossa vontade e de nossos caminhos. Ele não pode, todavia, operar em nós contra o nosso consentimento e cooperação. O Espírito divino opera mediante as faculdades e poderes conferidos ao homem. Nossas energias são requeridas para cooperar com Deus”.
George R. Knight cita este texto dos Testemunhos à página 149 do seu livro. Mas, ao fazê-lo, ele omite as colocações que mostram, claramente, que a vitória, na luta cristã, nasce da cooperação do homem com Deus! Ele diz que “unicamente Deus” “nos pode dar a vitória” e que “Deus efetuará a obra por vós”! Mas, o que o texto diz (parte sublinhada, omitida por Knight) sugere algo bem diferente! A vitória é sempre um dom de Deus, tanto na perspectiva da Justificação Forense quanto na da Santificação (jamais poderemos vencer o que quer que seja!). Mas, enquanto, na primeira, a vitória é automaticamente creditada a nós, na segunda, como o texto deixa bem claro, o homem precisa “cooperar com Deus”. Ou seja, na Santificação, Deus não concede a vitória ao homem, mas o Poder que garantirá a vitória, em seu esforço pessoal por santidade. Portanto, a vitória sempre será uma dádiva divina; embora, durante a vida cristã, essa dádiva não nos seja outorgada senão por “nosso consentimento e cooperação”. Deus não fará nenhuma obra por nós, se não estivermos dispostos a lutar para conquistar a “nossa” vitória!
Testemunhos Para A Igreja, Vol. II, pág. 549: “Ele [Cristo] é um perfeito e santo Exemplo, dado a nós para imitação. Não podemos nos igualar ao Modelo; mas não seremos aprovados por Deus se não O imitarmos e nos assemelharmos a Ele, de acordo com a capacidade que o Senhor nos dá”.
E Recebereis Poder – MM/1999, pág.369: “Cristo é nosso Modelo, o perfeito e santo Exemplo que nos foi dado para que seguíssemos. Jamais poderemos igualar o Modelo; podemos, porém imitá-Lo e assemelhar-nos a Ele de acordo com nossa capacidade“.
Após citar estes dois textos do Espírito de Profecia, Knight faz o seguinte comentário: “Depois de ler as últimas páginas, você deve estar se sentindo um pouco confuso. Afinal, Ellen White diz que devemos reproduzir o caráter de Cristo, mas ao mesmo tempo afirma que nunca nos igualaremos perfeitamente ao Modelo”.195 Se o(a) leitor(a) voltar à página anterior, vai ver que eu já expliquei sobre a questão de podermos ou não “igualar o Modelo”. Mas existe algo mais que eu gostaria de partilhar com o(a) leitor(a). Vemos, através dos textos de Ellen G. White, que somente “quando o caráter de Cristo se reproduzir perfeitamente em Seu povo, então virá para reclamá-los como Seus”.196 Porém, nos dois textos citados acima, ela diz que ninguém poderá “igualar o Modelo”. Parece haver, aqui, uma contradição, de fato. Mas tudo se esclarece, quando analisamos o contexto mais amplo dos Testemunhos, tudo o que a profetisa do Senhor escreveu sobre o assunto. Mas parece que Knight se esqueceu deste detalhe! Ou o ignorou, com o objetivo de apresentar a “sua” explicação para a contradição, mais à frente, em seu livro, usando, distorcidamente, outros textos de Ellen G. White! Mas devemos deixar que os Testemunhos, assim como a Palavra de Deus, se esclareçam por si mesmos, por meio da interpretação do Espírito Santo! Por isso, creio que outro texto dos Testemunhos nos ajudará a entender o que ela está dizendo. Aqui está:
É impossível, para qualquer de nós, realizar essa mudança por nosso próprio poder ou nossos esforços. É o Espírito Santo, o Consolador, que Jesus disse enviaria ao mundo, que transforma nosso caráter segundo a semelhança de Cristo; e quando isso se consuma, refletimos, como espelho, a glória do Senhor. Isto é, o caráter daquele que assim contempla a Cristo é tão semelhante ao dEle, que alguém o observando vê o próprio caráter de Cristo resplandecendo dessa pessoa, como de um espelho.197
Portanto, “reproduzir perfeitamente o caráter de Cristo”, por parte do crente, não é possuir o caráter de Cristo! Mas é, simplesmente, agir, na “esfera humana de ação”, com a mesma perfeição com que Cristo age na esfera divina (mais à frente, tratarei da questão das “esferas” humana e divina)! E, assim, ao nos observarem, os homens verão o nosso caráter como se fosse o caráter de Jesus! Portanto, podemos, sim, “igualar o Modelo”, quanto à perfeição de caráter! Agora, por que, por outro lado, não podemos “igualar o Modelo”, mas apenas sermos semelhantes a Ele? Por causa dos ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS do caráter de Cristo e da Sua Divindade! Os dois textos (sobre não podermos “igualar o Modelo”), citados acima, esclarecem essa questão. No primeiro texto, Ellen G. White diz que, pela capacidade que o Senhor nos dá, não pela nossa (em que se refere à mudança do nosso caráter, não temos capacidade nenhuma), podemos ter a mesma PERFEIÇÃO DO CARÁTER de Cristo. No segundo texto, ela afirma que, embora possamos reproduzir perfeitamente o caráter do Modelo (possuir a mesma perfeição de caráter), graças à capacitação divina, esse caráter está limitado pela nossa capacidade de seres criados, finitos. Os dois textos afirmam a mesma coisa, embora o primeiro enfatize a CAPACIDADE DIVINA, infinita, onipotente, capaz de elevar o homem da sua degradação, e o segundo destaque a CAPACIDADE HUMANA, finita, como limitadora das ações do homem. Cristo possui atributos divinos, em Seu caráter e em Sua Personalidade divina, que são incomunicáveis ao homem. Por isso, não poderemos, jamais, “igualar o Modelo”! Por outro lado, quanto aos ATRIBUTOS COMUNICÁVEIS, eles serão, de tal forma, aperfeiçoados, que os homens chegarão a pensar estarem vendo o próprio caráter de Jesus! Outra maneira, de entendermos isso, é dizendo que o nosso caráter é apenas humano; o de Cristo, humano e divino. O que os homens refletirão, com a mesma perfeição do Céu, são os atributos humanos de Jesus.
Ellen G. White jamais poderia se contradizer! Não há nada, nestes textos, que sugira que não poderemos alcançar perfeição aqui na Terra (perfeição moral e espiritual). Devidamente compreendidos, eles apenas contrastam o caráter, onipotente, de Cristo, com o caráter, limitado, do ser humano! Seremos iguais ao Modelo, na perfeição do caráter; mas jamais poderemos igualar o Modelo quanto à capacidade infinita do Seu caráter! Para entendermos, imaginemos dois motores hidráulicos, recém-comprados e com potências diferentes. Embora ambos possuam a mesma perfeição de fábrica, certamente, um deles terá maior capacidade de realização do que o outro. Não pode haver, como já disse, nada mais perfeito que Deus. No entanto, algo menos perfeito que Deus, não subsiste na Sua santa Presença. E os salvos, após o fechamento da Porta da Graça, terão que permanecer na Presença de um Deus Santo, em Suas visitações à Terra, sem Intercessor (Mediador). Isso não seria possível, se eles ainda possuíssem pecado de qualquer natureza. O que ficará, após o fim do ministério de Cristo, no Santuário Celestial, são os RESULTADOS DO PECADO (natureza pecaminosa vencida e corpo mortal).
Testemunhos Para a Igreja, Vol. IV, pág. 591: “Como Deus é perfeito em sua esfera, assim pode o homem ser na sua”.
Coloquei o texto como citado pelo Pastor George R. Knight. Como não tenho os volumes dos Testemunhos Para a Igreja, não posso dizer se a citação, como colocada por Knight, está correta. No entanto, parece, pelo menos para mim, haver, aqui, uma supressão intencional de uma parte muito importante, para entendermos o que a profetisa do Senhor está querendo, de fato, dizer! Creio que o Pastor Knight tem a coleção dos livros de Ellen G. White, por isso, poderia ter colocado a citação em seu verdadeiro contexto. Eis uma citação correlata, de outro livro da profetisa do Senhor: “Como Deus é perfeito em Sua elevada esfera de ação, assim o homem pode ser perfeito em sua esfera humana”.198
Pode não parecer, mas podemos ter dois conceitos bem distintos (um suposto, na primeira, e outro, real, na segunda), na forma como lemos as duas citações de Ellen G. White. Isso depende da maneira como entendermos a palavra “ESFERA”! Knight vê a palavra como determinante da CONDIÇÃO DIVINA, absolutamente perfeita, em contraste com a CONDIÇÃO HUMANA, imperfeita (mas que pode ser relativamente perfeita). Então, a palavra “esfera” passa a ter o sentido de “condição” ou “estado” de perfeição! É por isso que ele cita Woodrow Whidden, para dizer que “a perfeição na esfera divina é diferente da perfeição na esfera humana”.199 Assim, embora o homem possa ser perfeito, em sua esfera (condição) humana, como Deus é perfeito, em Sua esfera (condição) divina, jamais terá a mesma perfeição de Deus! É para se perguntar: Quando Deus fez o homem, o fez menos perfeito do que Ele? Foi feito sem os atributos da Divindade de Deus, logicamente, mas com a MESMA perfeição. Ou o homem já teria sido fulminado assim que abriu os olhos! E, sendo que, quanto ao caráter, essa perfeição tem que ser alcançada antes do fechamento da Porta da Graça, ela precisa ser a MESMA perfeição de Deus? Ou não?
Porém, quando lemos o texto, dentro do verdadeiro contexto (Knight, mesmo cobrando honestidade dos outros, no que se refere ao uso dos Testemunhos, parece não ser coerente consigo mesmo!), entendemos perfeitamente o que a profetisa do Senhor nos está dizendo. As palavras “DE AÇÃO” estabelecem o significado de “ESFERA”! A palavra “esfera”, aqui, não tem a ver com condição, estado, de perfeição; mas, isto sim, com círculo, âmbito, de ação! Quer dizer, como Deus age de forma perfeita, em Seu elevado círculo de ação (as regiões celestiais), deve o homem agir com a mesma perfeição, em seu círculo de ação humano (a Terra corrompida pelo pecado)! “Ação” tem a ver com pensamentos, atitudes, hábitos; comportamento, enfim. Então, a igualdade de perfeição (ser perfeitos como Deus é perfeito) não significa que o homem tenha que manifestar todos os atributos ou, mesmo, participar, em seu estado decaído, da mesma condição santa (total santidade) de Deus. Isso seria impossível! Os homens jamais possuirão todos os atributos divinos, e tanto sua natureza pecaminosa (vencida) quanto seu corpo degenerado estarão presentes até por ocasião da Glorificação! Ela diz respeito, acima de tudo, aos pensamentos e atos dos homens, os quais devem representar perfeitamente os pensamentos e atos de Deus. Ou seja, como Deus manifesta pensamentos e atos perfeitos, “em Sua elevada esfera de ação”, também devem os homens manifestar pensamentos e atos perfeitos “em sua esfera humana” de ação. Somos, dessa forma, levados a crer que o Senhor deseja que todos os nossos pensamentos, escolhas, decisões, atitudes, hábitos e ações, sejam completamente transformados pela Sua Graça, a ponto de representarem, diante dos homens, a mesma perfeição que o Criador exprime diante do Universo. Isso é evidente pela mesma razão que falamos antes. Se o homem precisa recobrar, antes do fechamento da Porta da Graça, a mesma perfeição de Deus, quanto ao caráter moral e espiritual, seus atos, pensamentos, atitudes, enfim, revelarão a mesma perfeição! Será, no dizer de Milian Lauritz Andreasen, “a demonstração final do que o Evangelho pode operar na humanidade e em favor dela”.200
Mensagens Escolhidas, Vol. I, pág. 337: “Com nossas faculdades limitadas, devemos ser tão santos em nossa esfera, como Deus é santo na Sua. Na medida de nossa capacidade, devemos tornar manifesta a Verdade e o Amor e a excelência do caráter divino”.
A maneira como devemos entender este texto é a mesma do anterior. Primeiramente, a profetisa do Senhor deixa clara a nossa condição de seres humanos limitados, finitos. Ou seja, não poderemos jamais possuir os atributos divinos do caráter de Deus, apenas aqueles que podem ser comunicados, o que nos deixa incapazes de “igualar o Modelo” no caráter. No entanto, devemos possuir, como no caso da perfeição, a MESMA SANTIDADE do caráter de Deus. O raciocínio é o mesmo como no caso da perfeição; ou seja, não podem existir seres MAIS SANTOS que Deus. Porém, seres, MENOS SANTOS que Deus, não subsistem em Sua Presença! E, quanto ao caráter, essa santidade tem que ser alcançada antes de Jesus sair do Santuário Celestial.
O ardil do Pastor Knight, através do uso desse texto de Ellen G. White, se refere ao que ela quis dizer com “na medida de NOSSA CAPACIDADE”. Ele faz parecer que a profetisa esteja aludindo à capacidade individual do ser humano, “que aparentemente difere de indivíduo para indivíduo e no mesmo indivíduo através do tempo”.201 Como se Deus fosse deixar, com o ser humano, a importante obra de transformar o caráter, segundo a sua capacidade individual! Mas é o que Knight está dizendo! Que a obra de apresentar a Verdade, o Amor e a sublimidade do caráter de Deus, deve ser levada a efeito segundo a CAPACIDADE INDIVIDUAL de cada um! Deve ser por isso que esta Obra está com anos de atraso! Mas, quando se relaciona “na medida de nossa capacidade” a “com nossas faculdades limitadas”, entende-se o que Ellen G. White quis dizer. Devemos apresentar a excelência do caráter de Deus segundo a CAPACIDADE QUE ELE COLOCOU EM NOSSAS FACULDADES, ao nos criar! Embora limitadas pela humanidade e, depois, pelo pecado, essas faculdades (morais, mentais e espirituais) podem ser aperfeiçoadas por Deus, ao ponto de chegarem a possuir aquela capacidade original! E, então, seremos capazes de demonstrar, perante o mundo, o santo e perfeito caráter de Deus! Sendo que essa será a última demonstração de Deus ao mundo, devemos entender que todos os salvos terão chegando ao mesmo nível de perfeição e santidade exigida pela Lei de Deus (quanto à moralidade e espiritualidade)! Mas como (e quando?) será isso, se cada um for operar a sua perfeição e santidade segundo a sua capacidade individual, e não segundo a capacidade de Deus?
Educação, pág. 247: “O lugar específico que nos é designado na vida, é determinado por nossas capacidades. Nem todos atingem o mesmo desenvolvimento ou fazem com igual eficiência o mesmo trabalho. Deus não espera que o hissopo atinja as proporções do cedro, ou a oliveira a altura da majestosa palmeira. Mas cada qual deve ter o objetivo de atingir tão alto quanto a união do poder humano com o divino lhe torne possível”.
À primeira vista, este texto parece estar em oposição com o que eu acabei de falar. Mas, perceba, leitor(a): O texto anterior está falando no contexto de nos tornarmos santos e, também, apresentarmos ao mundo o santo caráter de Deus. Quanto a isso, apenas a capacidade divina pode operar em nós e, ao mesmo tempo, todos devem apresentar o mesmo nível de santidade de Deus, ainda que de acordo com os limites estabelecidos pela sua limitação de seres criados por Ele! Este último texto está sendo citado no contexto do trabalho que cada pessoa deve empreender para Deus e, então, sim, deve ser levada em conta a CAPACIDADE INDIVIDUAL de cada um! No entanto, a frase final, da citação de Ellen G. White, deixa claro o que o Senhor deseja para os que são chamados a fazer parte do Seu povo! Embora, a princípio, cada ser humano alcançado pela Graça de Deus seja solicitado a fazer de acordo com sua capacidade pessoal, ele “deve ter o objetivo de atingir tão alto quanto a união do poder humano com o divino lhe torne possível”. E qual o alvo, estabelecido por Deus para o Seu povo, a ser alcançado pela “união do poder humano com o divino”? O caráter perfeito de Jesus! E Jesus procurava ser perfeito até no manuseio das ferramentas, na carpintaria de José!202 Seremos desculpados se, ao sermos chamados para fazer a última demonstração de Deus ao mundo, não estivermos, como um povo, apresentando a mesma eficiência? É certo que muitos dormirão sem terem alcançado aquilo que o Senhor sonhou para eles. Mas haverá um grupo especial que, tendo começado com a sua CAPACIDADE INDIVIDUAL, terminará a Obra segundo a CAPACITAÇÃO DIVINA! Sendo que esta capacitação será concedida segundo a CAPACIDADE ORIGINAL do ser humano, teremos, nos cento e quarenta e quatro mil, o perfeito exemplo da uniformidade de caráter e eficiência no realizar a Obra do Senhor!
George R. Knight cita esses dois textos de Ellen G. White para provar que a perfeição é obtida de acordo com a nossa capacidade individual. Mas vimos que apenas o primeiro tem a ver, de alguma forma, com perfeição (na verdade, ela fala de santidade). O segundo está falando do trabalho individual de cada crente, na Causa do Senhor! E, devidamente entendidos, eles, defendem, de fato, a perfeição e santidade plenas (perfeição e santidade de caráter).
Testemunhos Para A Igreja, Vol. I, pág. 340: “Mesmo o mais perfeito cristão pode crescer continuamente no conhecimento e amor a Deus”.
Parábolas De Jesus, pág. 65: “Nossa vida pode ser perfeita em cada fase de desenvolvimento; contudo haverá progresso contínuo, se o propósito de Deus se cumprir em nós”.
O Pastor George Knight, de forma acintosa, afirma, com base nestes dois textos dos Testemunhos, que “Ellen White concorda, portanto, com Paulo na possibilidade de uma pessoa estar perfeita, mas ainda não ser perfeita (Fp 3:15, 12)”.203 No entanto, ela diz que “nossa vida pode SER perfeita” e não ESTAR perfeita, como sugere Knight! E, como vimos, em Fp 3:15, Paulo diz: “Todos, pois, que SOMOS perfeitos…”. Não que ESTAMOS perfeitos, mas que SOMOS perfeitos!
A verdade, leitor(a), é que existe apenas uma fase da vida cristã na qual estamos perfeitos, apesar de ainda não sermos perfeitos. Chama-se Perfeição Em Cristo. É o primeiro momento da vida cristã, quando ainda podemos cometer erros ocasionais e estamos de posse da condição depravada de nosso coração. Então, somos considerados perfeitos graças à perfeição de Cristo que nos é creditada. Porém, precisamos alcançar a fase seguinte, a Plena Perfeição Em Cristo. Neste momento da vida cristã, o pecado terá sido erradicado da nossa natureza pecaminosa e, pelo Poder de Deus, seremos mantidos a salvo de pecar (devido às tentações e perseguições externas). Teremos alcançado perfeição moral e espiritual (perfeição de caráter) e nosso corpo será mantido em um estado de santidade plena. A presença da natureza pecaminosa (vencida) e da mortalidade impedem o corpo de alcançar santidade total. Por esse motivo, Ellen G. White diz que não podemos pretender “carne santa”.204 Portanto, apesar de não podermos ser absolutamente perfeitos, pelo fato de ainda possuirmos a presença dos RESULTADOS DO PECADO (natureza pecaminosa e corpo corruptível), nós já SEREMOS PLENAMENTE PERFEITOS, graças à ausência do PECADO (depravação natural e paixões pecaminosas) e dos defeitos de caráter. No Céu, quando da Glorificação, teremos alcançado a última fase no caminho da perfeição, a Perfeição Total. Partilharemos, afinal, a mesma perfeição de Deus, em todos os aspectos da nossa constituição humana. Teremos chegado ao final do nosso crescimento? Não haverá mais nada a ser feito para o nosso engrandecimento e aperfeiçoamento? Pelo contrário! Agora, sim, começaremos a caminhada ao verdadeiro conhecimento de Deus! Aquela que deveria ter sido continuada a partir do Éden! Não uma caminhada eterna em busca de perfeição, como sugere Knight! Mas uma caminhada para aperfeiçoar a perfeição já obtida! Já mostrei que nós alcançaremos o mesmo GRAU da perfeição de Deus, mas jamais o mesmo POTENCIAL da perfeição divina. Os atributos divinos estendem esse potencial ao infinito e além!
Essa distorção em relação aos textos de Ellen G. White, além de ser algo abominável, aos olhos de Deus, é um estímulo aos que têm procurado desculpas para evitar pôr os pés na estrada da verdadeira Santificação! Se acreditarmos que sempre estaremos perfeitos, mas sem jamais sermos perfeitos, passaremos a acreditar, igualmente, que não importa a urgência com que devemos processar a nossa busca pela perfeição! Estivermos como estivermos, Deus sempre nos aceitará, porque já estamos perfeitos e jamais seremos perfeitos! Porém, a injunção é clara: devemos SER (não ESTAR) perfeitos COMO Deus é perfeito! Mt 5:48. E isso, antes da nossa morte ou do fechamento da Porta da Graça. No caso dos adventistas do sétimo dia, antes do selamento do “Remanescente Fiel Adventista do Sétimo Dia”, o qual precede a Sacudidura e o derramar da Chuva Serôdia!
Review And Herald, 27de setembro de 1906, pág. 8: “[A] todo aquele que se entrega inteiramente a Deus é dado o privilégio de viver sem pecado, em obediência à Lei do Céu”.
Signs Of The Times, 23 de julho de 1902, pág. 3: “Todo aquele que pela fé obedece aos Mandamentos de Deus, alcançará a condição de impecabilidade em que viveu Adão antes de sua transgressão”.
Mensagens Escolhidas, Vol. III, pág. 356 (conforme Signs Of The Times, 16 de maio de 1895, pág. 4): “Quando terminar o conflito da vida, quando a armadura for deposta aos pés de Jesus, quando forem glorificados os santos de Deus, então, e só então, será seguro afirmar que estamos salvos e sem pecado”.
Idem, pág. 355 (conforme Signs Of The Times, 23 de março de 1888, pág. 178): “Não podemos dizer: ‘Sou sem pecado’, até que seja transformado este corpo abatido, para ser igual ao corpo da Sua glória. Se, porém, procuramos constantemente seguir a Jesus, pertence-nos a bendita esperança de ficar em pé diante do trono de Deus, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante; completos em Cristo, envoltos em Sua justiça e perfeição”.
Perceba, leitor(a): Por um lado, Ellen G. White está dizendo que, ao nos entregarmos a Deus e guardarmos os Seus Mandamentos, podemos alcançar a mesma impecabilidade de Adão, antes da queda. Curiosidade: Esta impecabilidade permitia a prática de pecados inconscientes, involuntários (“erros”, no dizer de Knight)? Por outro, a profetisa do Senhor afirma que somente poderemos pretender impecabilidade quando estivermos glorificados. Como o Pastor Knight explica essa “contradição”? Ele diz, com toda a convicção, que os que alcançam a condição de impecabilidade de Adão, antes da queda, são os que não cometem pecados de rebelião (pecados abertos, voluntários, consciente, deliberados). Porém, “eles ainda cometem erros. Ainda cometem pecados involuntários e inconscientes. Logo, não são impecáveis”!205 Entendeu a razão da minha curiosidade, leitor(a)? Pelo raciocínio de Knight, Adão pecava inconscientemente, involuntariamente, antes da sua queda! É dessa forma distorcida, desleal, que ele interpreta os Testemunhos!
Mas, vamos entender o que Ellen G. White, de fato, está dizendo! Já mostrei que, antes do fechar da Porta da Graça, os salvos terão que estar completamente isentos de pecado. Depois que isso ocorrer, não haverá mais como seu pecado (sua depravação natural, a corrupção inerente, com suas paixões pecaminosas) ser purificado, pois já vimos que não haverá mais sangue expiatório. Por conseguinte, eles também deixarão de cometer pecados de origem interna e, assim, obterão a impecabilidade de Adão, antes da queda. Porém, eles ainda poderão pecar, por causa das tentações externas e das perseguições que sofrerão, assim como Adão pecou e Cristo poderia ter pecado, apesar de não possuírem a corrupção inerente do pecado. Por esta razão, eles podem se dizer pecadores, ainda que, pelo Poder de Deus, sejam guardados de pecar (eles já estão selados para a salvação). Ademais, os salvos ainda terão, consigo, os RESULTADOS DO PECADO (a natureza pecaminosa, subjugada pelo sangue de Cristo, e o corpo corruptível), que apenas serão erradicados na Glorificação. Por isso mesmo, não podem dizer que estão “sem pecado”! Ellen G. White concorda com esse raciocínio, ao dizer que somente quando for “transformado” o “corpo abatido” (liberto da natureza pecaminosa e da mortalidade), é que o santo poderá dizer: “Sou sem pecado”. E, pelo fato de ainda possuírem a natureza pecaminosa e o corpo mortal, que impede a sua total perfeição e santidade, eles precisam estar “envoltos” pela “Justiça e perfeição de Jesus”, durante o tempo que precede à Sua vinda. Não obstante, graças ao fato de terem sido completamente libertos da malignidade e da prática do pecado, ao fim do Juízo Investigativo, os justos podem permanecer, “sem mácula, sem ruga, nem coisa semelhante”, “diante do Trono de Deus”, durante o “Tempo de Angústia de Jacó”. Bendito e incompreensível privilégio!
Creio que o(a) leitor(a) entendeu que não há como acreditar que continuaremos a pecar, inconsciente ou involuntariamente, após o fechamento da Porta da Graça! Apenas o Pastor Knight e sua perigosa “teologia do sermão do monte” podem supor e ensinar tal coisa! De fato, o que Deus espera de nós é algo bem diferente! Espero que o(a) leitor(a) tenha entendido essa questão corretamente! Ou não terá a oportunidade de perguntar, a Adão, se ele pecava involuntariamente, inconscientemente, antes de cair em pecado!
Mensagens Escolhidas, Vol. II, págs. 32-33: “Todos podem obter agora corações puros, mas não é correto pretender nesta vida possuir carne santa. […] Se aqueles que falam tão francamente de perfeição na carne, pudessem ver as coisas sob seu verdadeiro aspecto, recolher-se-iam com horror de suas ideias presunçosas. […] E se bem que não possamos pretender a perfeição da carne, podemos possuir perfeição cristã da alma. Mediante o sacrifício feito em nosso favor, os pecados podem ser perfeitamente perdoados. Nossa confiança não está no que o homem pode fazer; sim, naquilo que Deus pode fazer pelo homem por meio de Cristo. […] Pela fé em Seu sangue, todos podem ser aperfeiçoados em Cristo Jesus. Graças a Deus por não estarmos lidando com impossibilidades. Podemos pretender santificação. […] Se bem que o pecado seja perdoado nesta vida, seus resultados não são agora inteiramente removidos”.
Como George R. Knight aplica essas afirmações dos Testemunhos? No mesmo sentido em que ele aplica todos os demais textos dos Testemunhos, distorcendo-os, de forma abominável ou retirando-os do seu contexto geral! Trata-se, na verdade, de uma “dinâmica de pecado e salvação” muito confusa, a de Knight! É ESTAR ou SER perfeito, mas NÃO SER perfeito! É ESTAR impecável ou SER impecável, mas NÃO SER impecável! E, segundo ele, em seus escritos, Ellen G. White aprova toda essa confusão! De acordo com Knight, a profetisa do Senhor, com essa citação, está dizendo que nós podemos ser perfeitos, mas nunca seremos, de fato, perfeitos! Que alcançaremos a impecabilidade de Adão, antes da queda, mas, afinal, pode ser que, mesmo no Céu, ainda poderemos pecar! No entanto, como tenho feito até aqui, com a suprema ajuda do Espírito Santo, pretendo mostrar o que o texto, realmente, pretende expor.
Em primeiro lugar, quero dizer que eu coloquei o texto como ele, de fato, foi escrito, no segundo volume de Mensagens Escolhidas. O Pastor Knight suprime algo essencial do texto, o qual desmascararia sua sutil intenção de enganar os incautos. O texto diz que “pela fé em Seu sangue” (a parte suprimida por Knight, em seu livro206), “todos podem ser aperfeiçoados por Jesus”. O motivo é facilmente perceptível. Somente enquanto o pecador está vivo, para poder apelar pelo “sangue expiatório” de Jesus, e enquanto Jesus está no Santuário Celestial, pode o pecado ser purificado! Depois que Seu ministério acabar, “não haverá sangue expiatório para purificar do pecado”.207 Portanto, no que se refere à depravação do pecado, com suas inclinações (paixões) pecaminosas, e à prática pecaminosa, o crente precisa ser totalmente aperfeiçoado (perfeição moral e espiritual/ perfeição de caráter), no máximo, antes do fechar da Porta da Graça! Isto é o que Ellen G. White chamou de “perfeição da alma”! Mas, é evidente que, além dos salvos terem alcançado a impecabilidade moral e espiritual, eles alcançaram, ainda, a impecaminosidade carnal (quanto à essência maligna do pecado)! Então, por que a profetisa do Senhor afirma que os salvos não podem pretender “perfeição da carne” ou “carne santa”?
Respondo: Mesmo depois de termos a depravação natural, com suas paixões pecaminosas, erradicadas da nossa natureza, ainda permanecerão os RESULTADOS DO PECADO (natureza pecaminosa e corpo degenerado e mortal). Apenas quando tais resultados do pecado forem eliminados, na Glorificação, então, poderemos dizer que temos “carne santa”. O pecado alterou a constituição carnal do homem, fazendo-a perder a santidade que tinha, a princípio; o que, além de permitir-nos habitar na presença santa de Deus, possibilitava-nos a condição de imortalidade, de incorrupção física. Para voltar à sua condição de santidade original, o homem precisa ter, além da depravação (corrupção) do pecado eliminada da sua natureza (agora, enquanto há “sangue expiatório”), a natureza pecaminosa eliminada e o corpo transformado (na Glorificação). Somente então, poderemos dizer que temos “carne santa”! Ellen G. White, de forma inequívoca, se refere a esses dois momentos de restauração carnal. Eis os textos: “Quando os seres humanos receberem carne santa, não permanecerão na Terra, mas serão levados ao Céu. Se bem que o pecado seja perdoado nesta vida, seus resultados não são agora inteiramente removidos. É por ocasião de Sua vinda que Cristo deve transformar ‘nosso corpo abatido, para ser conforme o Seu corpo glorioso’”.208
Achamo-nos agora na oficina de Deus. Muitos de nós somos pedras rústicas da pedreira. Ao apoderar-nos, porém, da verdade de Deus, sua influência nos afeta. Eleva-nos, e tira de nós toda imperfeição e pecado, seja de que natureza for. Assim estamos preparados para ver o Rei em Sua beleza, e unir-nos afinal com os puros anjos celestes no reino da glória. É aqui que esta obra tem de ser efetuada por nós; aqui que nosso corpo e espírito devem ser habilitados para a imortalidade.209
Como harmonizar essas duas afirmações da profetisa do Senhor? Como ela pode dizer, em um momento, que nosso corpo apenas será transformado por ocasião da vinda de Jesus e, em outro, que isso deve ocorrer aqui, para que possamos estar preparados para ver Jesus e para participar da imortalidade? Isso apenas deve significar que existem dois momentos de restauração corporal! Um, que deve ocorrer hoje, enquanto há “sangue expiatório”, trata-se da erradicação da depravação do pecado, com suas paixões pecaminosas, e das enfermidades físicas. Outro, que deve ocorrer por ocasião da segunda vida de Jesus, refere-se à eliminação da natureza pecaminosa (anulada) e da condição corruptível, mortal, do corpo humano. Lembremos, para evitarmos um perigoso equívoco, o que Ellen G. White fala, de fato, acerca da questão da santidade. Escreveu ela:
Depois de minha primeira visão da glória, eu não pude discernir a luz mais brilhante. Pensaram que minha vista estava perdida; mas, quando tornei a acostumar-me com as coisas deste mundo, pude ver outra vez. É por isso que eu vos digo que nunca deveis gabar-vos, afirmando: “Sou santo, estou santificado”, pois isso constitui a mais se-gura evidência de que não conheceis as Escrituras nem o poder de Deus. Deixai que Deus o escreva em Seus livros, se quiser fazê-lo, mas vós nunca o deveis dizer.210
Ela, em primeiro lugar, alerta para o perigo de nos atribuirmos santidade. Ninguém, que esteja se aproximando cada dia mais da semelhança com Jesus, pode pensar que tenha qualquer coisa que o recomende diante de Deus, a não ser o Amor maravilhoso do Senhor! Ninguém possui, neste mundo, santidade suficiente para estar diante do Deus Todo-Poderoso! Apenas depois que passar pela Glorificação, o salvo poderá dizer: “Estou totalmente santificado! E, pela Graça e pelo Amor de Deus, assim permanecerei para sempre!”. No entanto, isso não significa que não existe um elevado grau de santidade que deva ser alcançado aqui! Pelo contrário! Temos visto o que o Senhor exige do Seu povo! Caso contrário, como Deus poderia escrever “em Seus livros”, acerca disso? O homem jamais poderá dizer que é santo, mas nunca deverá se atrever a deixar de buscar a vida de santidade! Ou Deus não teria o que escrever acerca dele, em Seus livros! De fato, antes do fechamento da Porta da Graça, o homem terá alcançado santidade espiritual (total ausência de pecado em sua natureza humana) (“perfeição da alma”). Porém, pela presença da natureza pecaminosa e do corpo degenerado e mortal, não terá alcançado a total santidade carnal (física) (“perfeição da carne”). Por isso, e pelo fato de sua santidade ser derivada da Justiça imputada e comunicada por Cristo, ele jamais poderá dizer: “Sou santo”! O máximo que ele poderá dizer, após a Glorificação, será: “Estou santo! E, graças ao incompreensível Amor do meu Salvador, assim permanecerei por toda a Eternidade!”.
Parábolas De Jesus, pág. 315: “O homem que foi à ceia sem a veste de bodas representa a condição de muitos hoje em dia. Professam ser cristãos e reclamam as bênçãos e privilégios do Evangelho; contudo não sentem a necessidade de transformação de caráter. NUNCA SENTIRAM VERDADEIRO ARREPENDIMENTO DOS PECADOS. Não reconhecem a necessidade de Cristo, nem exercem fé nEle. Não venceram suas inclinações para a injustiça, HERDADAS E CULTIVADAS. Contudo pensam ser bastante bons em si mesmos, e confiam em seus próprios méritos em vez de nos de Cristo. Como ouvintes da Palavra, vão ao banquete, mas não tomaram a veste da Justiça de Cristo.
Muitos que se chamam cristãos são meros moralistas humanos.”
Mais uma vez, estou citando o texto como está, de fato, no livro de Ellen G. White. As partes destacadas por sublinhado não estão na citação do livro do Pastor George R. Knight, à página 187. As partes em MAIÚSCULAS estão escritas dessa forma porque acredito, de fato, que elas foram intencionalmente suprimidas por Knight! Perceba, leitor(a): Em que consiste o “verdadeiro arrependimento dos pecados”? Em apenas abandonar os pecados grosseiros, deliberados? Quando vamos à Palavra de Deus, notamos que as “ofertas pelos pecados” (não pelo PECADO!) cobriam apenas pecados cometidos involuntariamente ou por ignorância! Lv 4:2, 13, 22, 27. E somente eram perdoados depois de confessados e abandonados! Portanto, apenas podemos entender que, no seu antítipo celestial, também o verdadeiro arrependimento exige o fim da prática de pecados inconscientes, involuntários! De fato, esses serão os únicos tipos de pecado que o pecador verdadeiramente convertido cometerá, no início da sua caminhada com Cristo. E somente até chegar à Plena Perfeição Em Cristo! Ainda, no texto citado, Knight suprime as palavras “HERDADAS E CULTIVADAS”, ao se referir às inclinações. O motivo é que ele define “inclinações” como “o direcionamento geral do coração e da mente”.211 Onde está o perigo dessa conceitualização forçada? É que nós podemos ver nossas inclinações pecaminosas apenas como uma indisposição de nossas faculdades emocionais e mentais em seguir as orientações de Deus. Então, bastaria apenas eu, usando um termo de Knight, “reorientar” a direção dos meus sentimentos e pensamentos para Deus! Não é o que estão fazendo as igrejas e movimentos espiritualistas de nossos dias, com suas filosofias humanistas e positivistas? “Apenas pense em Deus! Contemple o Seu Amor! Imagine-O como o Seu Ideal de perfeição!”, gritam tais movimentos místicos! Por aí, podemos perceber porque, em muitas igrejas adventistas, já é possível a prática da oração contemplativa. Deve ser resultado dessa visão de Knight de que “inclinações” é “o direcionamento geral do coração e da mente”!
Ellen G. White define muito bem o que seja “inclinações”, ao defini-las como podendo ser “herdadas e cultivadas”. Somente as inclinações naturais, com predisposição para o Mal, podem ser “herdadas ou cultivadas”! As inclinações para o Bem, como vimos, são implantadas em nós, por meio da “disposição santa” colocada em nossa mente, por ocasião do Novo Nascimento.212 Mas Knight parece querer que esqueçamos a verdadeira natureza de nossa luta contra o pecado! As tentações que nos sobreveem, dia a dia, não são para deixarmos de elevar nossos pensamentos ao Céu! São para cometermos transgressões específicas contra a Lei de Deus! Ellen G. White deixa muito claro que devemos vencer o pecado no âmbito de nossas próprias inclinações. O que somente é possível, ao contrário do que Knight sugere, pelo exame do nosso coração e da nossa mente à luz da “letra da Lei”!
Parábolas De Jesus, pág. 316: “A Justiça de Cristo não encobrirá pecado algum acariciado. O homem pode ser intimamente transgressor da Lei; todavia, se não comete um ato visível de transgressão, pode ser considerado, pelo mundo, possuidor de grande integridade. A Lei de Deus, porém, lê os segredos do coração. Todo ato é julgado pelos motivos que o sugeriram. Somente quem estiver de acordo com os princípios da Lei de Deus, permanecerá em pé no Juízo”.
Em primeiro lugar, pelo fato de a Justiça de Cristo não encobrir “pecado algum acariciado”, o Pastor Knight sugere que ela “cobre pecados não rebeldes”,213 (involuntários, inconscientes)! Ele segue insistindo na Justiça Imputada (Justificação Forense), esquecendo (ou omitindo) a Justiça Comunicada e a aplicação do sangue de Jesus, na Santificação, que elevam o crente à mesma condição impecável de Jesus! Temos que entender, leitor(a), que o Pastor Knight compreende a Justificação Forense como sendo Cristo aceitando o pecador em sua condição transgressora (cometendo pecados inconscientes e involuntários)! Isto é, à luz da história de homens como Moisés e Uzá, que foram condenados por um único pecado inconsequente, inominável!
Em segundo lugar, George R. Knight usa o texto para dizer que não são as “minudências”, as “minúcias” da Lei que importam, de fato. São os “princípios” da Lei que devem ser sumamente considerados! Porém, devidamente compreendido, o texto mostra que o Pastor Knight comete dois tremendos equívocos! Quanto ao primeiro, a profetisa do Senhor está dizendo que tanto os pecados de natureza íntima, quanto os de visível transgressão, são atentados diretos contra a Lei de Deus. O que Deus leva em conta, são as motivações do ofensor, bem como as circunstâncias em que o pecado é cometido. Visto por este prisma, por um lado, um pecado, ainda que cometido uma única vez e involuntariamente, pode ser punido com a morte, como ocorreu com Uzá. E, por outro lado, uma pessoa pode passar anos pecando voluntariamente contra Deus e, ainda assim, pelo sincero arrependimento, voltar a ter paz no Senhor, como se deu com Manassés! O outro equívoco do Pastor Knight é que ele se vale do termo “PRINCÍPIOS”, no texto de Ellen G. White, para afirmar que ela esteja se referindo aos dois grandes princípios da Lei de Deus (Amor a Deus e Amor aos semelhantes). Quando, de fato, ela está fazendo alusão aos “princípios”, às “normas” da Lei (os seus Dez Mandamentos)! O contexto da citação deixa isso bem claro. “Todo ato é julgado pelos motivos que o sugeriram”, diz a serva do Senhor. Como esses motivos podem ser demonstráveis? Pelo escrutínio feito através de cada um dos “DEZ PRINCÍPIOS” da Lei de Deus! “Não teria eu conhecido a cobiça”, disse Paulo, “se a Lei não dissera: Não cobiçarás” (Rm 7:7)! A profetisa ainda diz: “Todo ato é julgado…”. O Juízo Comprovativo de Deus, durante o Milênio, não será feito com base no PECADO, como sugere Knight, mas NOS PECADOS cometidos, de forma específica, pelos perdidos. Os atos são julgados individualmente, à luz de cada um dos preceitos da Lei de Deus!
O Desejado De Todas As Nações, pág. 519: “Cristo leu no coração do príncipe. Uma só coisa lhe faltava, mas essa era um princípio vital. Carecia do Amor de Deus na alma. Essa falta, a menos que fosse suprida, demonstrar-se-ia fatal para ele; toda a sua natureza se corromperia. […] Para que recebesse o Amor de Deus, deveria ser subjugado seu supremo amor do próprio eu”.
Quero, sinceramente, dizer que citei este texto como ele está no O Desejado. A palavra sublinhada indica uma alteração feita por Knight, no momento em que a citou em seu livro. A implicação disto, veremos em breve. Em seu comentário de inclusão do texto, ele diz que “embora ele [o jovem rico] cuidasse das MINÚCIAS DA LEI [ele escreve “lei”], falhara em atingir o ideal de Cristo”.214 Ou seja, o Pastor Knight não apenas continua minorizando a importância da Lei de Deus, em seu livro, como passa-nos, sutilmente, a impressão de que é desimportante obedecer as “minúcias da Lei” para alcançarmos “o ideal de Cristo”! Embora ele, vez ou outra, sugira que é importante ter uma certa apreciação da Lei de Deus, a impressão geral é que isso, de fato, não tem a menor importância! A seguir, ele cita esse texto, para provar que é o princípio maior da Lei que conta.
No modo como cita o texto dos Testemunhos, Knight faz Ellen G. White dizer que “Cristo leu O coração do príncipe”, quando, de fato, Ele leu NO coração do príncipe! Bem, qual a diferença? Pode não parecer, mas tem muita diferença! E diferença vital! Se Cristo leu NO coração do príncipe, é porque havia alguma coisa a ser lida NO coração dele! E o que Deus colocou NO coração dos homens? Claro, a Sua Lei! Então, Cristo, antes de mais nada, pesou as palavras e os sentimentos do príncipe de acordo com a Sua Lei, que estava no coração dele! E viu onde estava o problema! Tudo estava aparentemente bem, exceto por uma coisa: ele amava mais ao dinheiro do que a Deus e às pessoas! E Jesus fez questão de corrigir o equívoco, embora o jovem rico não tenha feito a entrega que faltava! Se Jesus tivesse apenas lido O coração do príncipe, nada mais encontraria do que uma história de egoísmo e hipocrisia! Talvez tivesse dito: “Olha! Sua história é muito triste! Procure mudar! Ajude mais seus semelhantes! Ame-os mais! Pratique mais misericórdia! Pense mais em Deus!”. Mas, assim que o jovem perguntou sobre como herdar a vida eterna, Jesus leu a Sua Lei, NO coração dele. E, antes de pensar no princípio, Cristo lhe mostrou as “minúcias”: “Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho…” (Mt 19:18). E foi taxativo: “Se queres, porém, entrar na vida, guarda os Mandamentos” (verso 17)! Dali para a frente, se o jovem rico falhara em obter “justiça pela Lei”, também falharia, se desprezasse a “justiça da Lei”, como fazem os atuais liberalistas, caso tivesse entregue seu coração a Jesus!
Parábolas De Jesus, págs. 67-68: “Cristo procura reproduzir-Se no coração dos homens […] Na vida que se centraliza no eu não pode haver crescimento nem frutificação. Se aceitastes a Cristo como Salvador pessoal, deveis esquecer-vos e procurar auxiliar a outros. […] Recebendo o Espírito de Cristo – o espírito do Amor abnegado e do sacrifício por outrem – crescereis e produzireis fruto. As graças do Espírito amadurecerão em vosso caráter. Vossa fé aumentará; […] vosso Amor será mais perfeito. Mais e mais refletireis a semelhança de Cristo em tudo que é puro, nobre e amável”.
O Pastor Knight comenta, logo após ter citado este texto de Ellen G. White:
Reproduzir perfeitamente o caráter de Cristo significa abandonar os métodos perfeccionistas farisaicos que enfocam o interior de minha própria superação pessoal e seguir no rumo do abandono do “eu” a serviço dos outros.
Reproduzir perfeitamente o caráter de Cristo significa ainda ter um relacionamento compassivo. Não está ligado, conforme percebemos pela parábola das ovelhas e dos cabritos em Mateus 25:31-46, com comer (ou não) nem mesmo com guardar o Sábado.
Essas questões de estilo de vida são importantes, mas somente dentro do contexto de uma vida cristã verdadeiramente caridosa.215
Realmente, um belo discurso! Capaz de sensibilizar os mais “caridosos” católicos e os adeptos da LBV (Legião da Boa Vontade)! Mas que não soa, em nada, semelhante com o discurso de Jesus, no “Sermão do Monte”! Na verdade, é uma afronta direta ao que Jesus pretendia com aquele que é considerado o “suprassumo” de todo o ensino bíblico de Jesus! Como sempre, Knight não pode deixar de mencionar, de alguma forma, os “fariseus”. Estes precisam estar em evidência! Precisam ser colocados em sacos fechados, amarrados a uma pedra e lançados no fundo mar! Continuam sendo a “peste religiosa” dos dias atuais! Qualquer coisa, que sugira a mínima tentativa de ganhar a salvação por esforço pessoal, deve ser vista como parte dos “métodos perfeccionistas farisaicos”! E seus proponentes precisam ser vistos como os únicos inimigos que não merecem compaixão ou “amor”! Com os “fariseus modernos”, não há como ter um “relacionamento compassivo”! Será que a “teologia do amor”, de Knight, justifica a atitude de certas pessoas, defensoras da teologia de salvação NO pecado? Tenho conhecido, pessoalmente, a arrogância, o orgulho e o individualismo de tais pessoas! Podem ser qualquer coisa, menos santificadas pelo Amor de Deus! E saiba, leitor(a), que eu não sou adepto do Perfeccionismo herético, mas da doutrina bíblica da Plena Perfeição Em Cristo!
Em sua retórica enganosa, o Pastor Knight chega ao absurdo de estimular os seus leitores à desobediência do Quarto Mandamento da Lei de Deus, que ordena a observância do santo dia do Senhor! Afirma que guardar o Sábado é questão de “estilo de vida”! Como conciliar esta assertiva com a declaração de Ellen G. White de que “Deus colocou o Sábado no centro do Decálogo, tornando-o o critério de obediência”?216 Mas ela vai muito além, ao afirmar que “Satanás estava procurando exaltar-se e afastar os homens de Cristo, e trabalhou para perverter o Sábado, pois é o sinal do Poder de Cristo”.217 Fico me perguntando se Knight tem noção da existência de textos como estes, ou se ele, simplesmente, os despreza, em favor da sua teologia enganosa. Como se trata de uma pessoa abalizada como um dos grandes (se não o maior) “sábios” do Adventismo moderno, tenho que pensar que ele, de fato, afrontosa e perigosamente, joga a Lei de Deus, com o Seu precioso memorial, por terra! O Sábado não apenas está no centro da nossa obediência pessoal, ele lembra o Poder de Cristo para nos santificar e transformar! Ellen G. White pergunta (e, ao mesmo tempo, responde): “Qual é a condição para aqueles que guardam os Mandamentos de Deus e têm a fé em Jesus? Se dentro das famílias houver aqueles que recusam obediência ao Senhor na guarda do Seu Sábado, então o Selo não poderá ser colocado sobre eles”.218 Apenas a Sacudidura e, depois, o Juízo Executivo, mostrarão os verdadeiros frutos deste pernicioso ensino de George R. Knight!
Parábolas De Jesus, pág. 384: “Quando o eu está imerso em Cristo, o amor brota espontaneamente. A perfeição de caráter do cristão é alcançada quando o impulso de auxiliar e abençoar a outros brotar constantemente do íntimo – quando a luz do Céu encher o coração e for revelada no semblante”.
Existe um aspecto verdadeiro, neste texto de Ellen G. White, que George R. Knight usa de forma distorcida, enganosa. É o fato de, realmente, “o impulso de auxiliar e abençoar a outros brotar constantemente do íntimo” ser a prova de que “a perfeição do caráter é alcançada”. Knight o usa no sentido de provar que perfeição nada tem a ver com deixar de pecar ou ser, de fato, perfeito, mas, simplesmente, praticar o amor e a misericórdia. No entanto, qual é a raiz do pecado? “O egoísmo está entretecido em nosso próprio ser. Ele chegou até nós como herança, e tem sido acalentado por muitos como tesouro precioso. Não pode ser realizada alguma obra especial para Deus enquanto não forem vencidos o próprio eu e o egoísmo.”219 Portanto, ANTES de qualquer amor ou misericórdia serem praticados, é preciso que a própria raiz do pecado seja eliminada. E quanto à perfeição do caráter, é exatamente dessa forma que Deus age (individualmente) e vai agir (com a Igreja)!
O caráter humano é formado por DEFEITOS (Pecado) E VIRTUDES (Amor). Por ocasião do Selamento do “Remanescente Fiel Adventista do Sétimo Dia”, o salvo terá chegado à Plena Perfeição Em Cristo. Seu caráter estará totalmente isento de pecado. Os defeitos terão sido totalmente eliminados pela aplicação do sangue de Jesus. Embora as virtudes tenham, igualmente, chegado à perfeição (pela ausência de pecado), essa perfeição precisa ser aperfeiçoada pela prática. Isso ocorrerá durante o “Tempo de Angústia Prévio”, antes do fechamento da Porta da Graça (Remanescente Fiel) e do “Tempo de Angústia de Jacó” (cento e quarenta e quatro mil). No “Tempo de Angústia de Jacó”, não apenas as virtudes positivas são aperfeiçoadas como as paixões normais negativas (medo, insegurança, etc…), que não são pecaminosas em si mesmas, serão expulsas da natureza humana! Portanto, quando, em um futuro muito próximo, os filhos de Deus começarem a agir, como Igreja Triunfante, em favor dos outros, preocupadas em anunciar a última mensagem, podemos saber que, quanto a eles, a perfeição de caráter foi alcançada!
O Grande Conflito, pág. 621: “O Amor de Deus para com os Seus filhos durante o período de sua mais intensa prova, é tão forte e terno como nos dias de sua mais radiante prosperidade; mas é necessário passarem pela fornalha de fogo; sua natureza terrena deve ser consumida para que a imagem de Cristo possa refletir-se perfeitamente”.
George R. Knight coloca esse texto dos Testemunhos no contexto de que os santos, no “Tempo de Angústia de Jacó”, não “terão alcançado um estado definitivo de perfeição absoluta (impecabilidade)”.220 O contexto do texto, claramente, mostra que esse intenso sofrimento dos justos ocorre durante o “Tempo de Angústia de Jacó”. E já temos visto o suficiente para entendermos que, nesse importante período, os santos terão alcançado impecaminosidade (quanto à malignidade do pecado) e impecabilidade moral e espiritual. Eles serão “irrepreensíveis”, sem “mácula” (Ap 14:5).
Review And Herald, 9 de julho de 1908, pág. 8 (conforme Filhos E Filhas De Deus – MM/1956, pág. 368): “Unicamente os que se acham revestidos de Sua Justiça poderão suportar a glória de Sua presença, quando Ele aparecer com ‘poder e grande glória’. Luc. 21:27”.
Com base nesse texto, o Pastor Knight afirma categoricamente: “Os seres humanos nunca serão como Cristo nesta vida terrena, no sentido de poderem subsistir por sua própria justiça. Eles nunca estarão isentos do pecado como Ele é”.221 Note, leitor(a), estes dois textos do Espírito de Profecia, extraídos do próprio livro de Knight: “[A] todo aquele que se entrega inteiramente a Deus é dado o privilégio de viver sem pecado, em obediência à Lei do Céu”.222 “Todo aquele que pela fé obedece aos Mandamentos de Deus, alcançará a condição de impecabilidade em que viveu Adão antes de sua transgressão”.223 A própria economia do Plano da Salvação (em seus aspectos terrestres e celestiais) nos impedem de pensar da maneira como pensa Knight!
No Dia da Expiação típico, depois que o santuário terrestre estava purificado, estava também purificado e completamente vindicado o povo de Israel. Aqueles que persistissem em sua conduta pecaminosa, durante essa cerimônia solene e impressionante, eram eliminados de entre o povo de Deus. Em relação ao Dia da Expiação, nada mais havia a fazer, após o sumo sacerdote sair do santuário e colocar os pecados sobre o “bode por Azazel”, símbolo de Satanás. Os pecados que eram cometidos, já no dia seguinte, somente poderiam ser purificados, definitivamente, no próximo ritual do Dia da Expiação. Mas, no que se refere ao Dia da Expiação antítipico, não haverá um próximo ritual! Este é o primeiro e último! E, como acontecia em seu aspecto terrestre, quando finalizar, todo caso estará decidido para sempre! Sairá um decreto, dizendo que a condição humana já não mais poderá ser mudada! Ap 22:11. Jesus terá deixado o Santuário Celestial e não haverá sangue ou Mediador, a fim de haver purificação e intercessão diante do Pai. E, sem estes dois importantes elementos, não pode haver salvação para os que continuarem pecado, depois de fechada a Porta da Graça, independentemente do tipo de pecado que cometerem!
Por outro lado, não há como ser comunicada alguma Justiça, ao pecador, se não existe mediação em seu favor! Só na mente de homens inflados contra a Verdade, tal coisa é possível! Portanto, a única conclusão é que toda a Justiça necessária, para a justificação do pecador, foi comunicada ANTES de terminar a obra de Jesus, no Céu! Sim, concordo com Knight! Os homens jamais poderão subsistir, em algum momento, por sua própria justiça, diante de Deus! No entanto, eles receberão toda a Justiça necessária para estarem de pé no momento mais crucial da história do mundo! Completamente isentos de pecado! Ou não seria possível serem completamente cheios da Justiça de Deus!
O Desejado De Todas As Nações, pág. 72: “Foi Cristo o único Ser livre de pecado, que já existiu na Terra; todavia, viveu por quase trinta anos entre os ímpios habitantes de Nazaré. ESTE FATO É UMA REPREENSÃO AOS QUE FAZEM DEPENDER DE LUGAR, FORTUNA OU PROSPERIDADE O VIVER UMA VIDA IRREPREENSÍVEL. Tentação, pobreza, adversidade, eis justamente a disciplina necessária para o desenvolvimento da pureza e firmeza”.
OBS.: A parte sublinhada não consta na citação, de Knight, do texto de O Desejado. A parte destacada em MAIÚSCULA mostra o caráter do engano do teólogo, conforme demonstrarei, com o auxílio do Espírito Santo.
O Pastor Knight cita esse texto após falar da experiência de Enoque e Elias, como uma prova de que “a vida desses homens não atingiu nenhum tipo de impecabilidade absoluta”,224 visto que Jesus foi “o único Ser livre de pecado, que já existiu na Terra”! É evidente que, em seu texto, Ellen G. White está defendendo a absoluta impecabilidade de Jesus em seus dois aspectos; ou seja, Ele não possuía a natural inclinação para o pecado e também não cometeu atos ou teve qualquer sentimento ou atitude pecaminosos. Porém, como bem pode ser entendido pelo texto, não foi o fato de Jesus não possuir tendências pecaminosas que evitou que Ele pecasse. Foi o de Ele ter escolhido, decididamente, não pecar, mesmo estando assediado pelas tentações e pelos pecados de uma das cidades mais ímpias dos Seus dias. E, de acordo com a profetisa do Senhor, “este fato é uma repreensão aos que fazem depender de lugar, fortuna ou prosperidade o viver uma vida irrepreensível”! Ou seja, ninguém tem desculpas para não alcançar absoluta impecabilidade moral e espiritual! Portanto, o texto que Knight usa para contestar que se possa alcançar absoluta impecabilidade, lido na íntegra, prova justamente o contrário! O que temos de entender é o caráter dessa absoluta impecabilidade. Ela diz respeito à erradicação de nossas inclinações pecaminosas malignas e ao nosso esforço pessoal para evitar pecar, o que conseguiremos, com o Poder de Deus. Porém, assim como Adão, no Éden, e Cristo, não possuiremos absoluta impecabilidade quanto à possibilidade de pecar. Até que sejamos postos fora do alcance do poder do pecado (que jaz no mundo, mas não em nós), na Glorificação, poderemos cair em tentação. Então, apesar de sermos absolutamente impecáveis, quanto à presença de pecado em nós, não seremos absolutamente impecáveis, quanto a podermos, ainda, incorrer em pecado! Mas, por termos sido selados para a salvação, seremos mantidos, pela nossa fé em Deus, em absoluta impecabilidade!
Creio que considerei muitos dos textos do Espírito de Profecia citados por George R. Knight, em seu livro Pecado E Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus. Além disso, considerei a forma como Knight usa os textos da Palavra de Deus, suas colocações que, embora verdadeiras, foram feitas de forma a minimizar aspectos importantes da Verdade, bem como suas afirmações claramente contraditórias e em oposição a Verdade bíblica. Em seu livro, o Pastor Knight afirma o seguinte:
Eu gostaria de sugerir que o verdadeiro problema não são as citações de Ellen White, […] mas a forma como elas são interpretadas. Um dos exercícios mais difíceis para os adventistas é ler declarações sobre perfeição humana sem se envolver emocionalmente. Em geral, cometemos dois erros […]. Primeiramente, projetamos significados para as passagens. Em segundo lugar, não conseguimos, muitas vezes, dar atenção a seus contextos.
Essa forma de proceder apenas gera reações emocionadas sobre o tema da perfeição para o tempo do fim, o que tende a polarizar as pessoas entre dois tipos de fanatismo. Um, que procura provar a possibilidade de alcançarmos justiça suficiente para viver sem Cristo; outro, que nega haver qualquer esperança ou possibilidade de perfeição (em oposição à vicária) deste lado da eternidade. Eu “vivi” ambas as interpretações.
Agora entendo que somente um exame cuidadoso dessas passagens leva a uma posição moderada e equilibrada sobre a perfeição do caráter cristão.
Uma interpretação como essa deve envolver quatro coisas: (1) leitura cuidadosa das palavras realmente escritas (e não as que acrescentamos baseados em nossos medos, em nosso passado ou em imaginações), (2) busca cuidadosa na compreensão do que Ellen White quis dizer com aquelas palavras (e não agregar ao tema nossas próprias definições nem as de extremistas ou até mesmo as de moderados), (3) estudo de todo o contexto das declarações, conforme originalmente escritas (não se limitando aos trechos citados tanto em compilações oficiais como não oficiais) e (4) inserção das declarações dentro de toda moldura fornecida pela Bíblia e Ellen G. White sobre o pecado e salvação.
Se seguíssemos sistematicamente esses quatro passos, veríamos menos frustração e contradição decorrentes da justiça própria e mais equilíbrio cristão. Só existe uma maneira de ler uma declaração: é avaliar o que o autor realmente escreveu e não o que alguém pensa (ou imagina) que foi escrito.225
Depois de toda a extensa consideração feita, em torno do livro de George R. Knight, apenas se pode chegar a duas conclusões: (1) Ele não estava sendo sincero, quando escreveu essas palavras. (2) Ele não foi coerente com suas próprias convicções, acerca da honestidade e imparcialidade no tratar com os temas bíblicos e do Espírito de Profecia. De resto, temos provas abundantes da maneira como a “nova teologia” se vale, para provar seus conceitos acerca do pecado e da salvação! Não será possível continuarmos aceitando tais ensinos, a não ser com risco de sofrermos eterna perda! Que o Senhor nos ajude a tomarmos a decisão correta. Afinal, ainda podemos mudar o cursor do nosso destino para a direção certa e caminhar rumo à Plena Perfeição Em Cristo! Esse é o desejo deste humilde escritor!
A TEOLOGIA DO AMOR… SEM AMOR!
George R. Knight rebate, àqueles que se opõem aos ensinos da “nova teologia” adventista, dizendo que ela é a “teologia do sermão do monte”. Diz ele que, naquele que Ellen G. White chamou de O Maior Discurso de Cristo, Jesus mudou a forma de entendermos a Sua Lei. Diz que os Dez Mandamentos não mais devem ser vistos como a “verdadeira Lei de Deus”, mas, isto sim, como a expressão escrita dos dois verdadeiros preceitos da “Lei”, que devem ser obedecidos em nossos dias: Amar a Deus sobre a todas as coisas e aos nossos semelhantes, mesmo os nossos inimigos. Durante esta resenha, vimos o suficiente para compreendermos que as coisas não são bem desse jeito! Em Seu “Sermão da Montanha”, Cristo ampliou as exigências de cada um dos Dez Mandamentos e, durante Seu ministério, várias vezes, apresentou a conquista da vida eterna condicionada à obediência a cada um dos preceitos da santa Lei de Deus. Ellen G. White afirma que esses santos preceitos jamais serão anulados ou modificados.226 No entanto, pretende George R. Knight que Jesus modificou os preceitos da Lei para os dois grandes princípios do Amor de Deus”; quando, de fato, Jesus estava apenas exprimindo a essência da Lei! Ele jamais colocou os Dez Mandamentos em um nível abaixo dos dois grandes princípios, transformando-os em “leis”, como pretende Knight! Ele apenas os condensou em sua essência; sem, contudo, minimizar sua importância ou a forma como devem ser enunciados! Esta é a verdade, a qual não admite contestação!
Essas considerações, no entanto, não visam desconsiderar a grande verdade afirmada por Jesus, ao intérprete da Lei, em Mt 22:17-20: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”. É digno de nota que o intérprete perguntou qual era o “grande mandamento NA Lei”. Por “Lei”, os fariseus não consideravam apenas a Lei de Deus, mas todos os cinco livros de Moisés, o Pentateuco ou Torah, para os judeus. Então, se entende que o intérprete queria saber o que, de fato, era importante, dentro do conjunto de leis dadas a Israel. Mas Jesus encaminhou a mente dele para a Lei maior, a Lei de Deus, que estava acima de todas as demais leis; sintetizando os princípios, contidos em seus Dez Mandamentos, nos dois grandes mandamentos do Amor. Paulo diz que “o cumprimento da Lei é o Amor” (Rm 13:10). Não diz que o Amor de Deus menospreza a Lei, rebaixando-a em seu conceito, como se fosse uma “lista de itens negativos”, mas cumpre-a em seus Dez Preceitos! No entanto, a “nova teologia” torna o “amor da LEI” um substituto para a obediência à Lei de Deus e, dessa forma, um substituto para a obtenção de Sua Justiça; assim como a “obediência” dos fariseus tornava a “justiça” da Lei de Deus um substituto para o Amor salvador de Jesus! A verdade é que os fariseus, no passado, procurando obter salvação por meio da “justiça da Lei”, se esqueceram do “amor da Lei”, o qual apontava para o Amor de Deus; de onde, realmente, havia partido a iniciativa e onde estava a única forma de obter salvação. No outro extremo, os liberalistas, do presente, procurando obter salvação por meio do “amor da Lei”, estão se esquecendo da “justiça da Lei”, que aponta para a Justiça de Deus, a qual impedirá que o transgressor dos Dez Mandamentos seja salvo! É preciso buscar o equilíbrio!
Portanto, assim como a “teologia da justiça da Lei”, dos fariseus, os impedia de alcançarem a verdadeira Justiça salvadora de Deus, a moderna “teologia do amor da Lei”, dos liberalistas, os está impedindo de alcançarem o verdadeiro Amor salvador de Deus! Portanto, trata-se de uma “teologia do amor sem Amor”! Como assim? Leiamos o que escreveu Ellen G. White:
Há os que professam possuir santidade, que se declaram santos do Senhor, que reclamam como um direito a promessa de Deus, ao mesmo tempo que recusam obediência aos Mandamentos de Deus. Esses transgressores da Lei reclamam tudo quanto é prometido aos filhos de Deus; mas isto é presunção da parte deles, pois João nos diz que o verdadeiro Amor a Deus se revelará na obediência a todos os Seus Mandamentos.227
No entanto, qual o fruto principal dos ensinos que estão grassando nas fileiras do Adventismo? Desobediência aos Mandamentos da Lei de Deus! Desconsideração para com a Carta Magna do Universo! Estimulados pela teologia adventista moderna, homens, mulheres, adolescentes e crianças estão agindo na contramão do Caminho da Salvação! Isso constitui evidência de que não têm verdadeiro Amor a Deus! Por outro lado, de acordo com Jesus, a maneira de permanecer no Amor de Deus é guardar os Seus Mandamentos. Jo 15:10. Isso estabelece, de fato, que a moderna teologia do evangelicalismo progressista liberalista se trata de uma “teologia do amor sem Amor”! Aqueles que, incentivados pelos ensinos de homens como George R. Knight, estão crendo que podem ser salvos pecando, estão tão destituídos do Amor Salvador de Deus, quanto os fariseus estiveram, em relação à Sua Justiça!
Creio que o amor é, sim, o elemento-chave na busca da perfeição de caráter; que ele é a motivação fundamental para o cumprimento da Lei de Deus. Creio que o amor está na própria base de nosso relacionamento com Deus e com nossos semelhantes. Creio que o mundo necessita, urgentemente, de uma demonstração maior de amor, por parte daqueles que se dizem seguidores de Cristo. Mas, que tipo de amor será esse? Certamente, não é o “amor” da “nova teologia”! Seus frutos, de modo geral, não refletem o que seria de se esperar, fosse, esse “amor”, o Amor de Deus! Transgressão aos Mandamentos de Deus; práticas místicas tomando conta dos eventos adventistas; quebra dos princípios nas escolas, nas universidades, nos hospitais e demais instituições adventistas; profanação dos dois principais rituais (Santa Ceia e Batismo) da Igreja Adventista; pastores incapazes de lidar com os problemas dos membros adventistas; desrespeito para com a hierarquia da Igreja Adventista, por parte de Divisões e Uniões. Isso parece ser apenas o que conseguimos ver na superfície! O que está oculto aos olhos humanos (mas não aos olhos de Deus) apenas o Juízo poderá revelar!
A moderna teologia está resumindo todos os deveres espirituais do cristão ao “amor a Deus e aos semelhantes”. “Tudo se resume no amor!”, gritam os teólogos em suas cátedras, no que são imitados pelos pregadores, nos púlpitos. “Amem, amem, amem!” Mas não parecem dispostos a se pronunciarem sobre com qual tipo de amor os cristãos devem amar a Deus e a seus semelhantes! Muito menos a declararem quais seriam as exigências desse amor! Estão deixando que seus pupilos espirituais decidam até onde devem ir, em suas demonstrações de amor a Deus e aos semelhantes! E o resultado, como seria de se esperar, é o egoísmo generalizado, o descaso para com as necessidades dos irmãos e dos semelhantes sofredores! A desobediência em larga escala aos Mandamentos da Lei de Deus, aos princípios e normas da Igreja! O amor vivenciado entre os cristãos modernos parece uma espécie de “promoter” da desobediência, da mornidão, da sensualidade, da idolatria! É um amor que não motiva, que não provoca o entusiasmo capaz de provocar um reavivamento e reforma entre os que se dizem seguidores de Jesus! Trata-se de um amor que pretende acalentar o crente em uma falsa sensação de segurança, enquanto ele permanece na prática dos mesmos pecados! É um amor incapaz de operar a fé que salva, a fé que leva à ação testemunhadora! É um amor que se satisfaz com a comodidade, com o conforto dos bancos das igrejas! É um amor irreverente, profano, que não respeita sequer a santidade da Casa do Senhor! Sim! Tal é o amor que perambula entre as fileiras dos filhos de Israel! É, na verdade, um simulacro do verdadeiro Amor; uma imitação “barata” e zombeteira do incomparável Amor de Deus! O Senhor olha para esse “clone”, grosseiro e sem vida, que os teólogos modernos formaram, a partir do Amor infinito e eterno, e ao qual ousam chamar de amor! Nada vê, senão uma tentativa insípida e infrutífera, por parte dos cristãos, de agir segundo a caridade celestial. São pessoas que, na verdade, estão “brincando de amar”! Esse “amor”, como a cera que era colocada sobre as rachaduras das antigas estátuas romanas, com o objetivo de esconder as suas imperfeições, é praticado pelos cristãos modernos apenas para desviar a atenção de seus terríveis defeitos de caráter!
Quando Jesus falou que, “por se multiplicar a iniquidade, o Amor se esfriará de quase todos” (Mt 24:12), nos últimos dias, Ele estava falando do Amor genuíno, do Amor divino. Ele sabia que o pecado, por fim, impediria a manifestação do Amor de Deus entre os homens. Sabia, também, que esse Amor seria substituído por um sentimentalismo enganoso, o qual afetaria até mesmo o relacionamento entre aqueles que professariam ser Seus seguidores, na Terra! Por meio de Paulo, alertou os cristãos a que praticassem o “Amor não fingido” (2Co 6:6), o que deixa claro que muitos, entre os professos seguidores de Jesus, fingiriam amar! Sim! Cristo sabia, mesmo, que haveria pessoas, na Sua Igreja, que, enquanto ensinariam ser o Amor a base da Santificação e da perfeição de caráter, estimulariam os homens à desobediência à Sua Lei, o que seria a maior evidência da falta deste Amor no coração! “Se Me amais, guardareis os Meus Mandamentos” (Jo 14:15), disse Ele. E João, antevendo os dias em que os homens quebrariam os Mandamentos de Deus, professando amá-LO, escreveu: “Porque este é o Amor de Deus: que guardemos os Seus Mandamentos” (1Jo 5:3). Eis a realidade que se vive na Igreja: os homens ensinam que o cumprimento da Lei se resume no amor a Deus e ao semelhante, mas tal é o amor que demonstram, que o mesmo nada mais é que uma contínua desculpa para a desobediência aos Mandamentos! O que tem acontecido no mundo, ocorre na Igreja: o Amor de Deus tem esfriado de praticamente todos e, em seu lugar, há um sentimentalismo que corrói, como um câncer, todo e qualquer verdadeiro sentimento de apreço pela Verdade e pela Lei de Deus. Por isso, Jesus disse: “Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim” (Mt 15:8). De fato! Nunca, nunca estivemos tão longe de Deus, como agora! Nunca um povo falou tanto do Amor de Deus e, ao mesmo tempo, desprezou tanto os Seus princípios, como nos dias atuais! Canta-se, solenemente: “Amor, Amor! Amor, Amor! É o Evangelho em uma palavra!”. Mas, os frutos desse “amor” estão muito aquém de serem os sublimes resultados do Evangelho de Jesus!
Sim! A “nova teologia”, pode-se dizer, é a “teologia do amor sem Amor”! Apenas isso explica a situação atual da Igreja Adventista do Sétimo Dia! O Senhor olha para a condição da Sua Igreja e diz: “Tenho, porém, contra ti, que abandonaste o teu primeiro Amor” (Ap 2:4). E continua: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras” (Ap 2:5). Ou seja, volta ao teu “primeiro Amor”! Volta a considerar, na Sua devida importância, a Lei de Deus! Volta a olhar para o sacrifício de Cristo não como algo barato, mas como a sublime condescendência do Amor em pagar o alto preço cobrado pelo pecado! É preciso considerar a situação tanto dos membros, individualmente, quanto da Igreja como um todo. Não está longe o dia em que o “Dono da Terra” virá para verificar os frutos da Sua “Vinha”! Ele saberá distinguir perfeitamente entre os sazonados e os deteriorados internamente, pelas diversas “pragas” da pecaminosidade humana. Jesus, no passado, olhando para a multidão que O ouvia atentamente, após mirar os que se apegavam à “justiça da Lei”, falou: “Se a vossa Justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5:20). Hoje, ao perceber àqueles que se agarram ao “amor da Lei”, Ele Se volta aos que se dizem Seus professos seguidores e adverte: “Se o vosso Amor não exceder em muito a dos liberalistas, jamais podereis entrar na vida eterna!”. Pense nisso, leitor(a)!
CONCLUSÃO
A Igreja Adventista do Sétimo Dia avança, inexoravelmente, para o cumprimento final da missão que lhe foi confiada. Ela foi comparada a uma “nau” que singra, imponente, o “mar” das revoluções humanas dos últimos dias. Sobre esta “nau”, escreveu a profetisa do Senhor: “Não há necessidade de duvidar, de temer que a obra não terá êxito. Deus está à frente da obra, e Ele porá tudo em ordem. Se, na administração da obra, houver coisas que careçam de ajustamentos, Deus disso cuidará, e operará para corrigir todo erro. Tenhamos fé em que Deus há de pilotar seguramente ao porto a nobre nau que conduz o povo de Deus”.228 A garantia de vitória, porém, não exclui a possibilidade dos severos conflitos. Pelo contrário! A grande crise do Adventismo ainda está à frente! Ellen G. White se referiu a ela como a “crise ômega”. Disse ela: “Não vos enganeis; muitos se afastarão da fé, dando ouvidos a espíritos sedutores e doutrinas de demônios. Temos agora perante nós o alfa desse perigo. O ômega será de natureza mais assustadora”.229 O epicentro da crise seria o mesmo: a introdução de falsas doutrinas dentro do Adventismo, que resultariam na apostasia de milhares de pessoas! Em seus dias, diz a profetisa, estava acontecendo o “alfa desse perigo”. Ela, claramente, se referiu às heresias, referentes a essa crise, como sendo de natureza espiritualista, difundidas, principalmente, pelo livro The Living Temple, de John Harvey Kellogg. Os conceitos de Kellogg feriam diretamente a personalidade de Deus.230 Nos últimos dias, quando ocorrerá o “ômega”, esses enganos espiritualistas assumirão tal proporção, que mesmo os apóstolos serão personificados e, aparentemente, falarão contra os ensinos e a Pessoa de Deus!
O que tornará a “crise ômega” “de natureza mais assustadora” será o fato de que, além do engano espiritista assumir a sua máxima capacidade, estará ocorrendo, também, a negação da Lei de Deus! Por meio da “nova teologia”, ao contrário do que ocorreu nos dias dos fariseus e durante a crise pré-1888, quando a Lei era o centro (como meio de salvação) da fé adventista, nos dias finais, o “amor da Lei” será a pedra de toque. Ou seja, a “letra da Lei” será considerada obsoleta, inútil e desnecessária! No “alfa” da crise, o Amor de Deus era negado; no “ômega”, a Justiça de Deus será desconsiderada! O importante será o Amor de Deus! No entanto, desconsiderando-se a Lei de Deus, nega-se, também, o Seu caráter pessoal, soberano; a realidade de um Deus transcendente, acima das coisas criadas, é praticamente perdida de vista. Junte-se, a isso, os enganos do espiritismo, e as heresias do “ômega” serão praticamente invencíveis! Apenas os que estiverem firmados na Verdade, serão capazes de resistir a essas terríveis tramas do pecado! Ellen G. White comenta, a respeito da última grande crise da Igreja de Deus:
Pouco tempo depois de enviar os testemunhos acerca dos esforços do inimigo para solapar os alicerces de nossa fé mediante a disseminação de teorias sedutoras, lera eu um incidente acerca de um navio envolto em cerração, tendo à frente um iceberg. Por várias noites pouco dormi. Tinha a impressão de estar arcando sob um fardo, como um carro carregado de molhos. Uma noite foi-me apresentada claramente uma cena. Achava-se sobre as águas um navio, envolto em densa cerração. Súbito o vigia bradou: “Iceberg à frente!” Ali, elevando-se muito mais alto que o navio, estava um gigantesco iceberg. Uma voz autorizada exclamou: “Enfrentai-o!” Não houve um momento de hesitação. Urgia ação rápida. O maquinista pôs todo o vapor, e o timoneiro dirigiu o navio diretamente para cima do iceberg. Com um estrondo o navio deu contra o gelo. Houve tremendo choque e o iceberg se desfez em muitos pedaços, despencando sobre o convés, com um ruído de trovão. Os passageiros foram sacudidos violentamente pela força da colisão, nenhuma vida se perdeu. O navio sofreu avaria, mas não irreparável. Refez-se da colisão, tremendo de proa a popa, qual criatura viva. E seguiu então seu caminho.231
A colocação da profetisa do Senhor, de que não houve perda de vidas, coloca o auge dessa crise (o “choque” do “navio” contra o “iceberg”) no tempo que sucede o Selamento do “Remanescente Fiel Adventista do Sétimo Dia”; pois, somente a partir de então, nenhum dos selados se afastará do povo de Deus. O fato é que, em nossos dias, os termos que apontarão os dois lados dessa crise, já estão sendo definidos. Vemos, de um lado, o estabelecimento de heresias místicas dentro da Igreja Adventista, bem como a introdução de ensinos que estão solapando a validade da Lei de Deus. E, do outro, aqueles que estão preocupados em defender, imbuídos do verdadeiro Amor de Deus, a Verdade, estão buscando o conhecimento que lhes permitirá arrostar o “iceberg” da perseguição e da apostasia. O tempo apenas se encarregará de evidenciar os frutos desses dois polos antagônicos e de aumentar a intensidade da crise.
Como disse, na introdução dessa resenha, as mudanças que levarão a esse momento terrível começaram nos últimos anos. Tiveram início nos Estados Unidos, espalharam-se pelos países da Europa e, agora, chegam ao Brasil. Trata-se de uma nova visão teológica, acerca das principais crenças adventistas. Embora essa “nova teologia” não provoque alteração na “Plataforma da Verdade Presente”, ela afeta tremendamente a forma como os adventistas do sétimo dia entendem as “28 Crenças Fundamentais”! O principal expoente dessa teologia moderna é George R. Knight, que tem influenciado muitos outros pastores e teólogos. Porém, um estudo das ideias desse teólogo, como feito aqui, mostra, sem sombra de dúvida, que há muito mais “joio” que “trigo”, semeado no campo da “teologia do sermão do monte”! Pouco, de fato, pode ser considerado como de real valor, dentro do livro Pecado E Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos de Deus! As considerações de Knight, em torno do Amor de Deus, são completamente anuladas pelas suas sutis tentativas de menosprezar a Lei de Deus e, também, por suas distorções dos textos inspirados! Tem-se a impressão que George R. Knight o escreveu apenas para combater os “fariseus modernos”, exemplificados por Milian L. Andreasen! E, aqui, está a ironia deste embate teológico entre o morto e o vivo: Aqueles que lerem o livro de Knight, tendo a iluminação do Espírito Santo, verão os seus tremendos enganos e inverdades. E serão levados, de verdade, a reconsiderarem a obra teológica daquele grande teólogo!
É com esse respeito que cito um texto de O Ritual Do Santuário:
A demonstração final do que o Evangelho pode operar na humanidade e em favor dela, está ainda no futuro. Cristo apontou o caminho. Revestiu-Se do corpo humano e, nesse corpo, demonstrou o poder de Deus. Os homens devem seguir-Lhe o exemplo e provar que o que Deus fez em Cristo, pode efetuar em todo ser humano que a Ele se submete. O mundo está à espera dessa demonstração. Rom. 8:19. Quando isso se realizar, virá o fim. Deus terá cumprido Seu plano. Ter-se-á mostrado verdadeiro, e Satanás, mentiroso. Será reivindicado Seu governo.232
A despeito das inverdades da “nova teologia”, a Lei de Deus, os Dez Mandamentos, estarão no centro da crise final! E, perto do seu fim, a própria mão de Deus surgirá entre as nuvens dos céus, segurando os Régios Preceitos.
Aparece então de encontro ao céu uma mão segurando duas tábuas de pedra dobradas uma sobre a outra. Diz o profeta: “Os céus anunciarão a Sua justiça; pois Deus mesmo é o Juiz.” Salmo 50:6. Aquela santa Lei, a Justiça de Deus, que por entre trovões e chamas foi do Sinai proclamada como guia da vida, revela-se agora aos homens como a regra do Juízo. A mão abre as tábuas, e veem-se os preceitos do Decálogo, como que traçados com pena de fogo. As palavras são tão claras que todos as podem ler. Desperta-se a memória, varrem-se de todas as mentes as trevas da superstição e heresia, e os dez preceitos divinos, breves, compreensivos e autorizados, apresentam-se à vista de todos os habitantes da Terra.233
Meu desejo, ao terminar esta resenha, é que todos, perfeccionistas, liberalistas e crentes na plena perfeição e impecabilidade, possam, com humildade, se colocarem aos pés de Jesus e aprenderem, por meio do Espírito Santo, a Verdade simples da Palavra de Deus. Afinal, nem o orgulho dos fariseus, nem a presunção dos liberalistas ou a conformidade dos crentes com a perfeição e impecabilidade bíblicas, os salvarão, no último dia. Apenas o fato de terem aceito o Amor e a Justiça de Deus, conjuntamente, por meio do sacrifício e da mediação de Jesus, garantirá que estejam na “Ceia das Bodas do Cordeiro” (Ap 19:9). Pense nisso, leitor(a)!
“Em alto grau, a teologia, segundo é estudada e ensinada, não passa de um registro de especulações humanas, servindo apenas para escurecer “o conselho com palavras sem conhecimento”. Jó 38:2. Com demasiada frequência o motivo de acumular esses muitos livros não é tanto o desejo de obter alimento para a mente e a alma, como a ambição de se relacionar com os filósofos e teólogos, o desejo de apresentar ao povo o cristianismo em termos e frases eruditos.” Ellen G. White, A Ciência Do Bom Viver, pág. 442.
“As muitas invenções humanas para explicar a Palavra, fazendo com que os alunos a compreendam através dos argumentos de homens eruditos, constituem um erro. Deus não fez com que a aceitação do Evangelho dependesse de argumentos.” Ellen G. White, Este Dia Com Deus – Meditações Matinais de 1980, pág. 125.
“Não há razão para confiar nas opiniões dos eruditos, quando eles tendem a avaliar as coisas divinas pelos seus próprios conceitos deturpados. Aqueles que servem a Deus são os únicos cuja opinião e exemplo se pode seguir com segurança.” Ellen G. White, Exaltai-O – Meditações Matinais de 1992, pág. 61.
“Sempre que os homens não estejam buscando, na palavra e nos atos, estar em harmonia com Deus, então, por mais eruditos que sejam, estão sujeitos a errar em sua maneira de entender a Escritura, e não é seguro confiar em suas explanações.” Ellen G. White, E Recebereis Poder – Meditações Matinais de 1999, pág. 103.
BIBLIOGRAFIA
1George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 44.
2__________________, Idem, pág. 17.
3__________________, Idem.
4__________________, Idem, pág. 226.
5__________________, Idem, pág. 42. Itálico da fonte original.
6__________________, Idem, pág. 163.
7__________________, Idem, pág. 207.
8Ellen G. White, Conselhos Sobre Saúde, pág. 568.
9________________, Eventos Finais, pág. 253.
10George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 64.
11Ellen G. White, Cristo Em Seu Santuário, pág. 12.
12George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 19.
13__________________, Idem, pág. 87.
14Ellen G. White, O Desejado De Todas As Nações, pág. 311.
15________________, Cuidado De Deus – MM/1995, pág. 288.
16________________, Cristo Triunfante – MM/2002, pág. 363.
17________________, Testemunhos Seletos, Vol. I, pág. 115.
18George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 94.
19Ellen G. White, Patriarcas E Profetas, pág. 719.
20________________, Idem, pág. 723.
21_________________, Carta 265, 1903, p.p. 1, 2 (enviada para John Harvey Kellogg em 26 de novembro de 1903); Manuscript Releases, Vol. XI, pág. 316, par. 1 (em inglês).
22George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 94.
23Ellen G. White, Caminho A Cristo, pág. 62.
24George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 109.
25Ellen G. White, O Grande Conflito, pág. 620.
26________________, O Colportor-Evangelista, pág. 76.
27George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 114.
28Ellen G. White, Conselhos Sobre Mordomia, pág. 210.
29________________, Testemunhos Seletos, Vol. I, pág. 115.
30George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 114.
31Ellen G. White, Cuidado De Deus – MM/1995, pág. 285.
32George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 115.
33__________________, Idem.
34Ellen G. White, Minha Consagração Hoje – MM/1953-1989, pág. 248.
35George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 116.
36Ellen G. White, Orientação Da Criança, pág. 427.
37George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 117.
38Ellen G. White, Este Dia Com Deus – MM/1980, pág. 289.
39________________, Cristo Triunfante – MM/2002, pág. 363.
40________________, Olhando Para O Alto – MM/1983, pág. 43.
41________________, Conselhos Sobre O Regime Alimentar, pág. 33.
42George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 144.
43__________________, Idem, pág. 156.
44Ellen G. White, Este Dia Com Deus – MM/1980, pág. 64.
45George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, págs. 158-159.
46Ellen G. White, Este Dia Com Deus – MM/1980, pág. 125.
47________________, E Recebereis Poder – MM/1999, pág. 101.
48George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 159. Itálicos da fonte original.
49__________________, Idem.
50Ellen G. White, Cuidado De Deus – MM/1995, pág. 367.
51________________, Mensagens Escolhidas, Vol. I, pág. 234.
52George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 129.
53Ellen G. White, Cristo Em Seu Santuário, pág. 110.
54George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 129.
55Ellen G. White, Eventos Finais, pág. 180.
56George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 64.
57__________________, Idem, pág. 66.
58__________________, Idem, pág. 64.
59Alberto R. Timm,
60Ellen G. White, O Desejado De Todas As Nações, pág. 288.
61George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 64; Ellen G. White, História Da Redenção, pág. 145. Itálicos da fonte original.
62Ellen G. White, O Desejado De Todas As Nações, pág. 308.
63George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 130.
64__________________, Idem, pág. 137.
65__________________, Idem, pág. 143.
66Ellen G. Whte, Mensagens Escolhidas, Vol. III, pág. 137.
67George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 158.
68__________________, Idem, pág. 159. Itálicos da fonte original.
69__________________, Idem, pág. 161.
70Ellen G. White, Vidas Que Falam – MM/1971, pág. 120.
71________________, Patriarcas E Profetas, pág. 719.
72________________, Idem, pág. 723.
73________________, Refletindo a Cristo – MM, 1986, pág. 355.
74George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 164.
75Ellen G. White, Carta 265, 1903, p.p. 1, 2 (enviada para John Harvey Kellogg em 26 de novembro de 1903); Manuscript Releases, Vol. XI, pág. 316, par. 1 (em inglês).
76George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 165.
77__________________, Idem, pág. 166.
78Ellen G. White, Atos Dos Apóstolos, pág. 557.
79________________, Idem, pág. 559.
80________________, Filhos E Filhas De Deus – MM/1956, pág. 246.
81________________, A Ciência Do Bom Viver, pág. 452.
82George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 166.
83Ellen G. White, Signs Of The Times, 23 de julho de 1902, pág. 3.
84George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, págs. 171-172.
85WESLEY, Explicação clara da perfeição cristã, pág. 16. Disponível em http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_XIII__2008__1/O_Perfeccionismo_
como_um_Obstaculo_a_Santidade_Cristã_Valdeci_da_Silva_Santos.pdf Último acesso em 22/09/2014.
86WESLEY, Explicação clara da perfeição cristã, pág. 21. Disponível em http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_XIII__2008__1/O_Perfeccionismo_
como_um_Obstaculo_a_Santidade_Cristã_Valdeci_da_Silva_Santos.pdf Último acesso em 22/09/2014.
87Disponível em http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_ XIII__2008__1/OPerfeccionismo_como_um_Obstaculo_a_Santidade_Cristã_Valdeci_da_Silva_Santos.pdf Último acesso em 22/09/2014.
88George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 193.
89__________________, Idem, pág. 194.
90__________________, Idem, pág. 204.
91__________________, Idem, págs. 206-207.
92Ellen G. White, O Grande Conflito, pág. 620.
93________________, Idem.
94George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 206.
95__________________, Idem, pág. 158. Itálicos da fonte original.
96Ellen G. White, Eventos Finais, pág. 201.
97________________, O Grande Conflito, pág. 619.
98George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 209.
99Ellen G. White, Conselhos Sobre Saúde, pág. 160.
100_______________, Conselhos Aos Pais, Professores E Estudantes, pág. 368.
101_______________, Fundamentos Da Educação Cristã, pág. 226.
102_______________, Mensagens Escolhidas, Vol. II, pág. 462.
103_______________, O Desejado De Todas As Nações, pág. 288.
104George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 209.
105__________________, Idem, pág. 210.
106Ellen G. White, Nossa Alta Vocação – MM/1962, pág. 139.
107________________, Conselhos Sobre O Regime Alimentar, pág. 151.
108________________, Fundamentos Da Educação Cristã, pág. 280.
109________________, Cuidado de Deus – MM/1995, pág. 184.
110________________, Fundamentos Da Educação Cristã, pág. 194.
111George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 210.
112__________________, Idem.
113Ellen G. White, Conselhos Sobre O Regime Alimentar, pág. 151.
114________________, Cristo Triunfante – MM/2002, pág. 88.
115________________, Idem, pág. 215.
116George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 210.
117__________________, Idem, pág. 211.
118__________________, Idem, págs. 212-213.
119Ellen G. White, Fé E Obras, pág. 116.
120George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 213.
121__________________, Idem, pág. 19.
122__________________, Idem, pág. 214.
123Ellen G. White, Orientação Da Criança, pág. 383.
124George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 214.
125Milian L. Andreasen, O Ritual Do Santuário, pág. 214 (versão PDF disponível em http://www.iasdsapiranga.com.br/assets/o-ritual-do-santuario.pdf Último acesso em 03/05/2017).
126Ellen G. White, E Recebereis Poder – MM/1999, pág. 343.
127________________, Eventos Finais, pág. 80.
128Milian L. Andreasen, O Ritual Do Santuário, pág. 211 (versão PDF disponível em http://www.iasdsapiranga.com.br/assets/o-ritual-do-santuario.pdf Último acesso em 03/05/2017).
129George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 215. Itálicos da fonte original.
130__________________, Idem.
131Ellen G. White, O Lar Adventista, pág. 16.
132George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 176. Itálicos da fonte original.
133Ellen G. White, Atos Dos Apóstolos, pág. 531.
134________________, Este Dia Com Deus – MM/1980, pág. 316.
135________________, Conselhos Aos Pais, Professores E Estudantes, pág. 399.
136________________, Cuidado De Deus – MM/1995, pág. 246.
137________________, Mensagens Escolhidas, Vol. I, pág. 259.
138________________, A Ciência Do Bom Viver, pág. 180.
139________________, Cuidado de Deus – MM/1995, pág. 47.
140________________, Idem, pág. 110.
141________________, Mensagens Escolhidas, Vol. III, pág. 360.
142________________, Conselhos Sobre O Regime Alimentar, pág. 33.
143________________, E Recebereis Poder – MM/1999, pág. 343.
144________________, Conselhos Sobre Saúde, pág. 44.
145________________, Mensagens Escolhidas, Vol. I, pág. 401.
146________________, O Grande Conflito, pág. 164.
147________________, Evangelismo, págs. 296-297.
148________________, Conselhos Sobre Saúde, pág. 339.
149________________, Mensagens Escolhidas, Vol. III, pág. 29.
150________________, Testemunhos Seletos, Vol. II, pág. 276.
151________________, Mensagens Escolhidas, Vol. III, pág. 30.
152________________, Idem, Vol. I, pág. 46.
153________________, Conselhos Sobre O Regime Alimentar, pág. 425.
154________________, Mensagens Escolhidas, Vol. III, págs. 76-77.
155George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 177.
156Ellen G. White, A Ciência Do Bom Viver, pág. 442.
157George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 177.
158Ellen G. White, Cuidado de Deus – MM/1995, pág. 47.
159George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 177.
160__________________, Idem.
161Ellen G. White, Conselhos Aos Pais, Professores E Estudantes, pág. 365.
162George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, págs. 49-50.
163Ellen G. White, Conselhos Sobre Educação, pág. 243.
164George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 50.
165__________________, Idem.
166Ellen G. White, Maravilhosa Graça – MM/1974, pág. 241. Itálico da fonte original.
167George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, págs. 158-159.
168__________________, Idem, pág. 163.
169Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. III, pág. 199.
170George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 163.
171__________________, Idem, pág. 165.
172__________________, Idem, pág. 207.
173Ellen G. White, Primeiros Escritos, pág. 282.
174________________, E Recebereis Poder – MM/1999, pág. 343.
175________________, Nossa Alta Vocação – MM/1962, pág. 37.
176________________, Conselhos Sobre Saúde, pág. 325.
177________________, Idem, pág. 37.
178________________, O Grande Conflito, pág. 622.
179“Análise dos posicionamentos dos principais teólogos adventistas que versam sobre justificação pela fé e suas influências nos alunos de uma faculdade adventista”. Disponível em file:///C:/Users/Italy%20Info/Downloads/160-623-1-PB%20(2).pdf Último acesso em 22/09/2014.
180Ellen G. White, O Grande Conflito, pág. 619.
181________________, Mensagens Escolhidas, Vol. I, pág. 259.
182George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 130.
183Ellen G. White, Conselhos Sobre Saúde, pág. 378.
184________________, Conselhos Sobre Educação, pág. 43.
185________________, Fundamentos Da Educação Cristã, pág. 418.
186________________, Parábolas De Jesus, pág. 358.
187George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 143.
188__________________, Idem, pág. 181.
189Ellen G. White, A Ciência Do Bom Viver, pág. 181.
190________________, Conselhos Sobre Mordomia, pág. 210.
191________________, A Ciência Do Bom Viver, pág. 455.
192________________, Cuidado de Deus – MM/1995, pág. 246.
193________________, Conselhos Sobre Educação, pág. 228.
194________________, A Fé Pela Qual Eu Vivo – MM/1959, pág. 140.
195George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 181.
196Ellen G. White, Eventos Finais, pág. 39.
197________________, Nos Lugares Celestiais – MM/1968, pág. 337.
198________________, Conselhos Aos Pais, Professores E Estudantes, pág. 365.
199George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 182.
200Milian L. Andreasen, O Ritual Do Santuário, pág. 199 (versão PDF disponível em http://www.iasdsapiranga.com.br/assets/o-ritual-do-santuario.pdf Último acesso em 03/05/2017).
201George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 182.
202Ellen G. White, Fundamentos Da Educação Cristã, pág. 418.
203George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 183.
204Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. II, pág. 32.
205George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 185.
206George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, págs. 185-186.
207Ellen G. White, Eventos Finais, pág. 253.
208________________, Mensagens Escolhidas, Vol. II, pág. 33.
209________________, Cuidado de Deus – MM/1995, pág. 365.
210________________, Mensagens Escolhidas, Vol. III, pág. 354.
211George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 187.
212Ellen G. White, O Desejado De Todas As Nações, pág. 311.
213George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 188.
214__________________, Idem.
215__________________, Idem, págs. 199-200.
216Ellen G. White, Maranata, O Senhor Logo Vem – MM/1977, pág. 236.
217________________, O Desejado De Todas As Nações, págs. 283-284.
218________________, Cristo Triunfante – MM/2002, pág. 101.
219________________, Exaltai-O – MM/1992, pág. 327.
220George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 205.
221__________________, Idem, pág. 207.
222Ellen G. White, Review And Herald, 27de setembro de 1906, pág. 8.
223________________, Signs Of The Times, 23 de julho de 1902, pág. 3.
224George R. Knight, Pecado e Salvação: O Que É Ser Perfeito Aos Olhos De Deus, pág. 209.
225__________________, Idem, págs. 203-204. Itálico da fonte original.
226Ellen G. White, O Desejado De Todas As Nações, pág. 308.
227________________, Atos Dos Apóstolos, págs. 562-563.
228________________, Testemunhos Seletos, Vol. II, pág. 363.
229________________, Mensagens Escolhidas, Vol. I, pág. 197.
230________________, Idem, pág. 203.
231________________, Mensagens Escolhidas, Vol. I, pág. 206.
232Milian L. Andreasen, O Ritual Do Santuário, pág. 199 (versão PDF disponível em http://www.iasdsapiranga.com.br/assets/o-ritual-do-santuario.pdf Último acesso em 03/05/2017).
233Ellen G. White, O Grande Conflito, pág. 639.