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A distribuição de 20mil Grandes Conflitos em SP (20k GC) suscita dúvidas em como o livro surgiu, devido às suas revisões. Este artigo foi adaptado de um PowerPoint estudo de caso do IEST da palestra “žComo os livros de Ellen G. White foram escritos e preparados” Slides PPT Parte 1, Parte 2

Citação introdutória: “Nessas cartas que escrevo, nos testemunhos que apresento, coloco diante das pessoas exatamente aquilo que o Senhor me apresentou. Não escrevo um artigo sequer, na revista, expressando meras idéias minhas. Correspondem ao que Deus me revelou em visão – os preciosos raios de luz que brilham do trono.” (Testemunhos para a Igreja, Vol. V, p. 64-66)

Primeiro, temos que fazer a diferenciação:

žTEMA/VISÃO/SÉRIE/LIVRO: “O Grande Conflito” é um título que nomeia vários substantivos. Para que haja clareza na exposição do conteúdo a seguir, faremos uma rápida definição de termos:

  • O Tema do Grande Conflito: É o assunto central da comunicação de Deus para os homens, a respeito do qual a profetiza escreveu durante toda a sua vida, sob a inspiração e orientação do Espírito Santo. Todos os demais subtemas, as orientações de Deus a respeito de questões espirituais e práticas, estão diretamente ligadas a este grande tema. É também a nota distintiva da crença Adventista do Sétimo Dia.
  • A Visão do Grande Conflito: Foi o título dado a uma visão de duas horas de duração dada a Ellen White em março de 1858, ampliação de outra visão dada em 1848. Deus deu-lhe a missão de comunicar a luz recebida a todo o mundo.
  • A Série “O Grande Conflito”: Após o recebimento da Visão do Grande Conflito e sua incumbência, a Sra. White começou a escrever, seguindo a ordem de Deus. Seus escritos a respeito do tema vieram a compor um conjunto de livros chamado a série “The Spirit of Prophecy”, que tinham como subtítulo geral “O Grande Conflito”. A série era composta de quatro volumes, tratando desde a rebelião de Lúcifer até a restauração da paz universal. Mais tarde, com algumas modificações, esta tornou-se a Série O Grande Conflito, composta de cinco livros.
  • O Livro “O Grande Conflio”: É atualmente o quinto livro que compõe a Série O Grande Conflito. Na primeira publicação, em 1884, o livro tinha como segundo subtítulo “From de Destruction of Jerusalem to the End of the Controversy” (Da Destruição de Jerusalém ao Final do Conflito), sendo este o quarto volume da série “The Spirit of Prophecy”, cujo primeiro subtítulo era “O Grande Conflito”.

žMOTIVAÇÃO/DEMANDA: Em 1848 a Sra. White teve uma visão sobre o selamento e recebeu a incumbência de comunicar ao “mundo” as “torrentes de luz” que recebera. Em março de 1858, o panorama do Grande Conflito foi-lhe revelado como repetição e ampliação da visão de 1848, cujo conteúdo ela recebera instrução de Deus para escrever integralmente.

žCONTEXTO/ATIVIDADE ESCRITORA: A visão de 1858 foi-lhe dada em Lovett’s Grove, Ohio; teve a duração de duas horas e ficou conhecida como a “Visão do Grande Conflito”, abrangendo desde a rebelião de Lúcifer até a erradicação do pecado. A primeira publicação do livro “O Grande Conflito” foi em 1884. Durante este tempo, outras visões comunicaram maior luz sobre estas grande cenas. O desenvolvimento do assunto tornou-se, mais tarde, a série Grande Conflito composta de cinco livros, depois de vários processos de expansão e revisão. Tendo recebido a incumbência (em Lovett’s Grove, Ohio), a Sra. White foi avisada de que Satanás tentaria impedir-lhe na sua missão, mas os anjos de Deus estariam com ela nesta batalha. Antes de chegar em casa (Battle Creek), ela foi acometida de paralisia no braço e perna esquerdos, não conseguia falar e ficou sem sensibilidade tátil na cabeça. Caía quando tentava andar. Foi nesse estado que ela começou a escrever a visão.

Em maio de 1858, numa reunião geral dos membros da igreja, Ellen White relatou alguns acontecimentos que vira e que estava escrevendo. O tema do “Grande Conflito” é o cerne, a base e o pano de fundo de todos os escritos da profetiza. Ele apresenta uma filosofia sem precedentes na história, e uma estrutura teológica que distingue a doutrina adventista de todos os demais pensamentos cristãos.

žMETODOLOGIA/COMPOSIÇÃO: Em 1858, ao receber a visão e o dever de comunicá-la, Ellen White começou a escrever, mas não havia em sua mente o formato definitivo do livro ou da série “O Grande Conflito”. Primeiramente, o amplo esboço da visão tornou-se “Spiritual Gifts vol.1” (esse texto foi reimpresso e pode ser lido hoje em “Primeiros Escritos” págs. 145-295).

Em setembro do mesmo ano houve a primeira de muitas revisões, publicada sob o título “O Grande Conflito entre Cristo e Seus Anjos e Satanás e Seus Anjos”.

A primeira expansão do tema foi por volta de 1864, sob o título: “Importantes Fatos de Fé Relativos à História de Homens Santos da Antiguidade” em “Spiritual Gifts, vol. 3 e primeira parte do vol. 4.

Entre 1870 e 1880, a Sra. White esboçou uma série de quatro volumes sob o título geral de “The Spirit of Prophecy” com o subtítulo de “O Grande Conflito”. Cada volume continha outro subtítulo, de acordo com seu conteúdo específico. O quarto volume tinha como subtítulo: “Da destruição de Jerusalém ao Fim do Conflito” e tornou-se o livro “O Grande Conflito”. A série “The Spirit of Prophecy” tornou-se a série “O Grande Conflito”. Como no caso de “Caminho a Cristo”, também aqui houve a colaboração do trabalho de compiladores como Mariana Davis.

žMATERIAIS PUBLICADOS E INÉDITOS: Vimos até aqui que o livro “O Grande Conflito” foi desenvolvido a partir de várias visões recebidas de Deus, que foram relatadas oralmente e em forma de artigos, que se tornaram livros, recebendo no processo expansões e revisões. W. C. White relata que várias vezes, ao pensar que o original do quarto volume de “The Spirit of Prophecy” estivesse pronto para a impressão, Ellen White recebia uma visão de algum aspecto importante do conflito e voltava a escrever, tornando a descrição mais completa e clara. Isso adiava a publicação, e fez com que o livro aumentasse de tamanho.

Nesse processo não só capítulos inteiros foram incluídos, como partes foram suprimidas e reimpressas de outras formas.

EDIÇÃO DE 1884: O quarto volume de “The Spirit of Prophecy” foi publicado em outubro de 1884, com o subtítulo: “Da destruição de Jerusalém ao Fim do Conflito”. Como o restante da série, o livro tinha em vista os adventistas do sétimo dia, mas os membros da igreja logo começaram a emprestá-los para vizinhos e vendê-los para o público em geral e antes do final do ano a primeira tiragem de 10 mil exemplares foi toda vendida. Em 1885 essa edição tornou-se o primeiro livro de colportagem de Ellen White e cinquenta mil exemplares foram distribuídos dentro de três anos.

EDIÇÃO DE 1888: Em 1887, depois de muitas impressões, as chapas estavam gastas. A renovação das chapas era oportunidade para uma revisão no livro, incluindo os não adventistas no público alvo. A edição de 84 continha termos e conteúdos que apenas os adventistas norte-americanos conseguiriam entender completamente. Surgia também a preocupação com a tradução para outras línguas e a utilização de termos e palavras mais facilmente “traduzíveis”. Além disso, a experiência de aprendizado de Ellen White havia sido ampliada sobre a história da Reforma em suas viagens pela Europa entre 1885 e 1887.

žForam desenvolvidos capítulos inteiros sobre os acontecimentos da Reforma. No processo de tradução para outras línguas, tradutores chamaram a atenção de Ellen White para acontecimentos importantes que não estavam sendo contemplados no livro. Willie relata que ao serem lidas as narrativas desses acontecimentos para ela, sua lembrança foi avivada e ela fez outra descrição do acontecimento que já havia contemplado em visões de Deus.

W. C. White, em uma carta para C. H. Jones, gerente da Pacific Press, escreveu: Mamãe tem dado atenção a todos esses pontos, e acha que o livro deve ser corrigido e ampliado, tanto quanto seja benéfico ao maior número possível de… leitores a quem ele agora se destina.” (Biography, vol.3, p. 437).

Outras partes foram suprimidas, sob orientação direta de Ellen White: para a edição de 1888, foram omitidas cerca de vinte páginas de material, dentre os quais, descrições sobre os ardis de Satanás, que foram inseridas posteriormente em “Testemunhos para Ministros”.

Sobre isso, seu filho declara: “Ela disse muitas vezes: ‘Essas declarações [omitidas] são corretas, e são úteis para nosso povo; mas para o público em geral, para quem agora está sendo preparado este livro, são inoportunas.’” (3ME, 443-444).

žAlgumas referências a outras igrejas foram omitidas, pois Ellen White pensou em evitar a ira de pastores que se insurgissem contra a circulação do livro. Frequentes referências “eu vi”, “foi-me mostrado”, etc. Foram omitidas para que o público, alheio ao seu chamado divino, não tivessem sua atenção desviada da mensagem do livro.

žEDIÇÃO DE 1911: Novamente as chapas estavam gastas. A experiência na venda para o público em geral sugeriu a necessidade de uma nova ilustração, uma revisão das citações históricas e um apêndice das referências utilizadas. W. C White (traduzido por Guilherme) numa carta aos gerentes das editoras e líderes de colportagem descreve as mudanças feitas na edição de 1911. Entre as alterações estavam: melhorar o registro de referências históricas; adicionar fontes históricas mais modernas (para dar maior confiabilidade); uniformizar ortografia, pontuação, etc.; ajustar referências de tempo; modificar algumas expressões para evitar ofensa; modificar algumas frases para torná-las mais precisas, mudar ligeiramente algumas passagens controversas (polemizadas pelos católicos romanos), citando referências facilmente acessíveis.

Ellen White registra em uma carta a Wilcox, editor da revista da igreja: “Li ontem o que G. C. White escreveu ultimamente para os agentes de colportagem e para os homens responsáveis em nossas casas editoras à última edição de O Grande Conflito, e penso que ele apresentou bem e corretamente o assunto.”(…) “Em resultado do exame cabal feito por nossos obreiros mais experientes, foi proposto fazerem-se algumas mudanças na fraseologia. Estas mudanças, examinei com cuidado, e aprovei. Sinto-me grata por minha vida haver sido poupada, e por eu ter forças e clareza de mente para esta e outras obras literárias.” (3ME, 123-124)

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APRECIAÇÃO/AVALIAÇÃO: Em setembro de 1884 a Sra. White submeteu as provas de página do volume 4 da série “The Spirit of Prophecy” a Uriah Smith, com quem havia estado em desacordo sobre assuntos relativos à Battle Creek College um ano antes. Agora Uriah Smith ficou profundamente impressionado.

Em novembro de 1884, a Associação Geral manifestou que o volume 4 de “The Spirit of Prophecy” havia superado as expectativas e que recomendaria a leitura e distribuição desse livro para todo o mundo.

Durante anos, desde a visão de 1848 até a edição de “O Grande Conflito” em 1911, muitos leitores, a partir dos primeiros artigos sobre o tema, tiveram oportunidade de contribuir com críticas e sugestões que fizeram com que as revisões, expansões e supressões melhorassem a compreensão da mensagem de Deus para os homens crentes e descrentes.

žDEPÊNDENCIA LITERÁRIA: Ellen White usou material de vários autores historiadores. Alguns citados à risca, outros parafraseados e alguns resumidos em suas próprias palavras. Na Introdução da edição de 1888, a Sra. White explica algo acerca dessa “apropriação”. Cerca de 40% do livro é histórico, no entanto o objetivo de White não é tornar-se uma autoridade em história, mas sim colocar o Grande Conflito em sua perspectiva apropriada.

É importante destacar como W. C White testifica de que sua mãe conciliava inspiração divina com fontes históricas. Na maioria dos casos, as visões sobre as quais discorria revelavam cenas instantâneas e muito vivas, conversações e discussões, mas sem clareza quanto à localização geográfica ou cronológica, o que fez com que a escritora tivesse que recorrer ao estudo da Bíblia e de vários historiadores.

žCRÍTICAS/ACUSAÇÕES: O uso abundante de empréstimos literários foi pretexto para alguns críticos acusarem Ellen White de plágio, ou seja, de roubo da criação intelectual de outrem. No caso de “O Grande Conflito”, mais de 20% do seu conteúdo é constituído de trechos verbalmente dependentes em citações com ou sem crédito de autor. O caso chegou a tais proporções que foi levado à apreciação do Jurista Vincent L. Ramik, o qual declarou em seu relatório de 14/08/1981, que Ellen White não foi plagiadora, nem infringiu nenhum direito autoral, pelo contrário, ela “modificou, exaltou e melhorou os escritos de outros de um modo ético e legal.” (Adventist Review, 17/09/1981)

Ramik registrou também o fato de que Ellen White publicamente recomendava que seus leitores adquirissem e lessem os livros que era acusada de plagiar. Isso evidencia a falta de fundamento da acusação..

O pesquisador Donald McAdams escreveu, ao concluir sua pesquisa sobre “O Grande Conflito”: “Um ponto permanece. O reconhecimento desses empréstimos nega a originalidade de Ellen White? De maneira nenhuma. (…) Mas, na qualidade de alguém que estudou cuidadosamente O Grande Conflito, posso testificar da originalidade do livro.” (McAdams. E. G. White and the Protestant Historians, p. 231-234).

Outro problema enfrentado entre os adventistas leigos e pastores foi quanto à ideia de revisar a obra de um profeta. Isto deveu-se à má compreensão sobre como Deus Se comunica com os homens por meio de Seus profetas. O fato de Ellen White acompanhar as revisões ajudou a esclarecer o assunto.

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